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Estudo revela dificuldade de adolescentes em distinguir realidade de ficção na era da IA

Pesquisa aponta que jovens se tornam mais céticos em relação às Big Techs e alerta para a necessidade de educação digital nas escolas

às 14h32
Fábio Santos- Diretor de Tecnologia da Universidade Tiradentes (Unit) e professor dos cursos de computação
Fábio Santos- Diretor de Tecnologia da Universidade Tiradentes (Unit) e professor dos cursos de computação
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Com a ascensão das tecnologias de inteligência artificial e a popularização dos deepfakes, um problema crescente tem preocupado especialistas: a dificuldade dos adolescentes em diferenciar conteúdo real de manipulações digitais. De acordo com um estudo recente publicado pela CNN Brasil, chamado “Adolescentes, confiança e tecnologia na era da IA”, grande parte dos jovens não possui ferramental crítico suficiente para identificar informações falsas, o que os torna vulneráveis à desinformação e a possíveis golpes virtuais.

O estudo, realizado com 1.045 adolescentes de 13 a 18 anos nos Estados Unidos, revelou que 41% deles já viram imagens ou vídeos que eram reais, mas enganosos. Além disso, 35% relataram ter sido enganados por conteúdo falso divulgado online, enquanto 22% compartilharam informações que depois descobriram ser inverídicas. Outro dado alarmante é que 28% dos entrevistados já tiveram dúvidas se estavam interagindo com um chatbot ou um humano.

O diretor de Tecnologia da Universidade Tiradentes (Unit) e professor dos cursos de computação, Fábio Santos, reforça que essa dificuldade está diretamente ligada à forma como essa geração cresceu. “Os adolescentes de hoje já nasceram em um mundo digital e, muitas vezes, tendem a acreditar que tudo o que está online é real. Eles confiam no ambiente virtual porque ele sempre fez parte de suas vidas. Além disso, a falta de um sistema de curadoria eficaz dificulta ainda mais a distinção entre o que é verdadeiro e o que é manipulado”, explica.

Proteção na era digital

A pesquisa também indicou que 72% dos adolescentes mudaram a maneira como avaliam a precisão das informações online após terem tido experiências com conteúdo falso ou enganoso. Mais de um terço (35%) acredita que os sistemas de IA generativa tornarão ainda mais difícil confiar na precisão das informações encontradas na internet.

A educação digital aparece como um dos caminhos para combater esse problema. Segundo Fábio, não basta apenas oferecer informação aos alunos, é preciso desenvolver o senso crítico. “Os jovens precisam aprender a validar informações, checar fontes e comparar conteúdos em diferentes plataformas antes de acreditar em algo como verdade absoluta. Existem ferramentas para isso, mas elas ainda podem ser complexas para quem não possui uma base de segurança digital bem estruturada”, alerta.

Outro ponto de preocupação são os deepfakes, tecnologia que utiliza inteligência artificial para criar vídeos falsos altamente realistas. Esses recursos podem ser utilizados para disseminar fake news, simular influenciadores ou jornalistas e até mesmo imitar parentes de um usuário. “O perigo é que as pessoas podem ser levadas a confiar em um conteúdo falso e seguir instruções prejudiciais, como compartilhar informações pessoais ou comparecer a locais inseguros. Muitas vezes, quando se descobre que era um golpe, o dano já foi causado”, enfatiza o especialista.

No ambiente escolar, Fábio destaca a necessidade de uma abordagem mais estruturada para tratar a segurança digital. “Esse tema ainda não é tratado de forma sistemática nas escolas. Seria ideal que houvesse uma disciplina específica ou um programa de capacitação contínuo, com treinamentos regulares. O objetivo é tornar a segurança digital parte da cultura dos estudantes”, sugere.

O papel das Big Techs

Curiosamente, os próprios adolescentes já começam a perceber essas dificuldades, o que tem gerado um aumento no ceticismo em relação às Big Techs. A confiança nas grandes empresas de tecnologia está em queda devido à dificuldade dos jovens em diferenciar o que é autêntico do que é manipulado. “Com o avanço da IA e a melhoria das deepfakes, esse cenário se torna ainda mais preocupante. Precisamos de soluções urgentes para que essa geração não seja completamente refém da desinformação”, alerta Fábio.

Para se proteger, é essencial seguir boas práticas de segurança digital, como evitar clicar em links desconhecidos, não compartilhar dados pessoais em plataformas abertas e manter perfis sociais restritos. “Uma simples configuração de privacidade já pode impedir que informações pessoais sejam usadas indevidamente. Por isso, educar e conscientizar os jovens sobre segurança digital precisa ser uma prioridade”, orienta.

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