A Universidade Tiradentes (Unit) recebeu nesta quarta-feira, 26, a visita do jurista e professor espanhol Felipe Gómez Isa, da Faculdade de Direito da Universidad de Deusto, em Bilbao (Espanha). Ele está em Aracaju para uma agenda de três dias de atividades acadêmicas e institucionais, com o objetivo de estreitar ainda mais as colaborações já existentes entre as duas instituições de ensino, que têm uma parceria firmada desde 2019.
Uma das atividades previstas, no Campus Farolândia, foi uma reunião institucional com o pró-reitor de Pós-Graduação, Pesquisa e Extensão, professor Ronaldo Linhares, e com a gerente de Relações Internacionais, Selen Ive Carneiro. Ambos fizeram uma avaliação bastante positiva sobre as atuais iniciativas conjuntas, como o programa Laboratório Social, que permite o envio da participação de alunos e professores da Unit em pesquisas e trabalhos conjuntos com docentes de Deusto.
“Esta visita representa um aprofundamento da colaboração entre Tiradentes e Deusto, que já existe há vários anos e vem dando frutos. A avaliação é muito positiva porque permitiu o intercâmbio tanto de professores quanto de alunos. Nós recebemos vários alunos em Deusto, tanto do doutorado quanto do mestrado, e também da graduação em Direito, através do Laboratório Social, aprofundando e apresentando seus resultados de pesquisa em diferentes áreas”, disse Isa.
De acordo com Selen, há a intenção de discutir novas frentes de trabalho nas quais as universidades podem atuar em conjunto, tanto na graduação quanto na pós. “A Deusto é bastante renomada dentro da Espanha e entendemos que existem muitas possibilidades de parceria, principalmente dentro do Direito, que podem convergir para uma aproximação tanto no âmbito da cotutela quanto da dupla titulação. Eu acredito que o primeiro ponto é o aprofundamento com a Pós-Graduação em Direitos Humanos [PPGD] e nos diálogos envolvendo o Laboratório Social”, destaca Selen Ive.
Ronaldo, por sua vez, acredita que a colaboração entre Unit e Deusto poderá se estender também para outras áreas do conhecimento, como Saúde e Educação, nas quais ambas possuem cursos e programas de pós-graduação, e também pensar em propostas que envolvam os alunos da universidade como um todo. “A universidade tem parcerias já fechadas em relação a vários países aqui da América Latina. Isso fortalece o nosso princípio e concepção de qualidade na oferta da educação como uma experiência positiva de formação contínua. E também abre as possibilidades de o aluno ver o mundo, ter uma formação um pouco mais ampliada, com experiência de convivência social e cultural, de desenvolvimento de competências socioemocionais e das próprias competências técnicas e das competências cognitivas”, diz o pró-reitor.
O professor espanhol destaca justamente esta abertura internacional como um dos principais diferenciais de excelência e qualidade acadêmica da Unit. “A Tiradentes é uma universidade fantástica no contexto brasileiro e latino-americano, principalmente pelo seu compromisso com a internacionalização. Um dos elementos que consideramos mais positivos é justamente essa abertura a parcerias e colaborações com universidades da Europa, da Espanha, dos Estados Unidos e outros países. Acreditamos que este é um dos elementos mais importantes de qualquer universidade hoje no século XXI”, elogia Felipe.
Livros e teses
Um dos resultados desta parceria entre Unit e Deusto foi a dissertação de mestrado Políticas públicas de primeira infância em Sergipe, realizada pela pesquisadora Josefa Lívia Silva Santos com orientação do professor Fran Espinoza. A defesa da dissertação também aconteceu nesta quarta-feira, 26, e teve o professor Gómez Isa como um dos avaliadores.
De acordo com Lívia, o estudo fez uma análise crítica sobre as políticas públicas de assistência à primeira infância (crianças entre 0 e 6 anos) desenvolvidas em Sergipe entre 2013 e 2023. “A gente não pode falar sobre o direito da criança sem fazer uma retrospectiva de todos os direitos que foram concretizados ao longo das últimas décadas, e fizemos uma linha do tempo dessas políticas, trazendo tratados e legislações. Essa fase da primeira infância é onde sempre houve relegação dos direitos por parte da construção das políticas públicas, e é uma pauta que está na agenda internacional, nacional e local. Então, é muito importante que tenha um professor atuante no contexto internacional, participando dessa dissertação e isso enriquece muito, tanto o trabalho quanto o PPGD”, destacou Lívia.
Também na quarta, 26, Felipe também participou de dois livros organizados em conjunto com Fran Espinoza e Lívia Silva: Povos e comunidades tradicionais na América Latina: análise e desafios atuais e Povos e comunidades tradicionais na América Latina: estudo de caso. São duas coletâneas de estudos científicos que trazem reflexões e análises sobre a situação atual dos povos e comunidades tradicionais nos países da região. “Nós organizamos essa pesquisa, identificamos as problemáticas atuais dos indígenas, porque sempre estão mudando essas problemáticas, e a partir disso fizemos um chamado internacional e recebemos capítulos de livros de diferentes países. Esses livros têm a participação de 17 instituições públicas e privadas de ensino da América Latina, da Itália e da Espanha”, detalha Fran.
Gómez Isa fez ainda uma palestra para estudantes e professores no Campus Farolândia, abordando os Desafios da democracia inclusiva na América Latina. Na tarde desta sexta-feira, 28, às 15h, no Tiradentes Innovation Center, ele dará a aula inaugural do PPGD em 2025, sobre o tema Populismo global, novos autoritarismos e direitos humanos.
Com os Xocós
Outra atividade programada na agenda do professor Felipe Gómez Isa em Sergipe foi uma visita de campo à comunidade indígena Xocó, em Porto da Folha, interior do estado. Ela acontece ao longo de toda esta quinta-feira, 27, com a participação do professor Fran Espinosa e de alunos que participam das pesquisas de graduação e pós-graduação realizadas atualmente na região, através do programa Laboratório Social.
“Essa visita faz parte do programa. O professor também vai conhecer de perto a problemática e também os avanços conquistados pela comunidade Xocó. Eu acho que a Unit quanto Deusto têm políticas institucionais bastante parecidas, com visão de excelência acadêmica, de aprofundar na pesquisa e de estar envolvido com as comunidades”, destaca o professor Fran Espinoza, do Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos da Unit (PPGD).
O jurista espanhol aponta que as pesquisas envolvendo comunidades indígenas e quilombolas do Brasil, que são o foco do programa, vêm obtendo um impacto acadêmico muito grande, especialmente na Universidad de Deusto, cujo Instituto de Direitos Humanos Pedro Arrupe prioriza pesquisas específicas sobre os direitos dos povos indígenas.
“Isso significou a materialização e visualização de uma comunidade específica do nordeste brasileiro, sob a proteção e à luz dos padrões de direitos humanos”, diz Felipe, estabelecendo ainda uma comparação de realidades com as comunidades ciganas existentes na Espanha e em Portugal. “É uma das minorias mais importantes, que também se encontra em uma situação de marginalização e exclusão histórica, mas está progredindo e melhorando. Em termos de direito à saúde, direito à educação, moradia e serviços sociais, ela ainda é inferior à do restante da população”, relata.
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