Um evento realizado nesta sexta-feira, 28, no Auditório Padre Melo (Bloco D, Campus Farolândia), marcou a comemoração pelos 20 anos de fundação do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Processos (PEP), da Universidade Tiradentes (Unit). O evento reuniu autoridades acadêmicas e representantes de outras instituições, além de pesquisadores, professores e alunos de graduação, mestrado e doutorado do próprio PEP e dos outros programas de pós-graduação da universidade.
Todos ressaltaram os trabalhos realizados e as conquistas alcançadas pelo programa, que foi criado em março de 2005 e tem hoje a nota 6 concedida pela Coordenação de Aperfeiçoamento de Pessoal de Nível Superior (Capes), em sua avaliação periódica. O conceito qualifica o PEP como um dos melhores do país, com excelência e reconhecimento nacional e internacional. “Eu poderia dizer que é uma trajetória de sucesso, porque o PEP é um dos poucos programas de pós-graduação no Brasil que teve esse crescimento contínuo, de sair do conceito 3 e chegar ao 6 em cada uma das avaliações que a gente teve”, diz o coordenador do PEP, professor Giancarlo Richard Salazar Banda.
Este conceito se reflete na formação de quadros que passaram pelos cursos de stricto sensu: 279 alunos de mestrado e doutorado, que se destacaram tanto no mercado profissional quanto em universidades e institutos de pesquisa de Sergipe, do Brasil e do mundo. “O foco da pós-graduação é a formação de recursos humanos, e os nossos egressos estão bem colocados em vários lugares. Em questão de pesquisa e de tecnologia, nós somos um programa que produz muita pesquisa. Os nossos artigos são publicados em revistas de alto nível, de alto fator de impacto. E várias dessas pesquisas têm resultado em startups, têm resultado em pequenas empresas que estão já no mercado, o que contribui com o crescimento do Estado”, diz Giancarlo.
Um dos egressos é o professor Igor Adriano de Oliveira Reis, o primeiro a ser formado doutor pelo PEP, em 2012. “Eu tinha terminado na época o meu mestrado na Universidade Federal de Sergipe [UFS] e queria fazer Engenharia, mas ia fazer em outro estado e surgiu a oportunidade de ter o doutorado aqui na Universidade Tiradentes. Fiz a seleção, passei em segundo lugar e consegui bolsa, que também foi um fato muito importante para eu me manter aqui na minha região, na minha cidade. Foi muito gratificante, porque aprendi muito nesse período e a Unit me deu todo o apoio, os professores e toda a estrutura, que é fantástica”, elogia Igor, que hoje é professor do Instituto Federal de Sergipe (IFS).
Igor foi um dos homenageados na solenidade, juntamente com o primeiro mestre formado, Agnaldo Cardozo Filho, e os três professores remanescentes da primeira equipe do programa: Cláudio Dariva, Sílvia Maria Egues e Cleide Mara Faria Soares. “É um orgulho participar dessa história e principalmente sendo filha de nordestino e tendo a experiência de estar aqui, construindo a pós-graduação no estado de Sergipe, na área de ciências exatas e na Engenharia. E com o apoio de todos os alunos, porque sem os alunos de mestrado, doutorado e iniciação científica, a gente não teria a construção desse conhecimento”, afirma Cleide, que é de Lorena (SP) e veio para a Unit pouco tempo após a conclusão de seu doutorado em Engenharia Química pela Universidade Estadual de Maringá (UEM/PR).
Também foram homenageados professores, secretárias, ex-coordenadores, pró-reitores da Unit, consultores que participaram da criação do programa e, como mentores, o reitor da Unit, Jouberto Uchôa de Mendonça, e o vice-reitor Jouberto Uchôa de Mendonça Júnior. Cada um recebeu uma placa comemorativa em homenagem ao aniversário do PEP.
Relevância
Uchôa Júnior destacou o PEP como um dos programas de pós-graduação mais robustos que já surgiram no ensino superior sergipano. Ele relembra que o processo de implantação dele surgiu a partir da transformação das Faculdades Tiradentes em Universidade, em 1994, com a atração e integração de mestres e doutores em várias áreas de conhecimento.
“Tivemos a grande satisfação de configurar um grupo na área de engenharia de produção, que hoje é destaque no cenário nacional, e depois dele vieram os outros programas. O PEP se transformou num importante hub de pesquisa, inovação e desenvolvimento, atraindo principalmente empresas para Sergipe. Eu acho que a representação dele, principalmente na área de química de petróleo, foi fundamental para esse processo desde a época dos fundos setoriais [no fim da década de 1990] até o momento em que nós chegamos hoje, com novas empresas participando do projeto. A relevância não só para a universidade, mas para o estado, foi enorme”, ressaltou o vice-reitor.
O diretor acadêmico e de Relações Institucionais da Unit, Marcos Wandir Nery Lobão, cita que, somente no ano passado, os projetos do PEP receberam R$ 30 milhões em investimentos, incluindo em torno de R$ 6 milhões em bolsas de pesquisa para alunos de graduação e pós-graduação. Estes investimentos provêm de parcerias firmadas com agências de fomento, como Capes, Finep e CNPq; e empresas como Petrobrás, Ambev, Carmo Energy, Suape Energia, Galp Brasil e outras.
“O PEP nasce de uma consolidação de pesquisa, com atração de grandes talentos profissionais nacionais, que ajudaram a estruturar a pesquisa e o programa de pós-graduação. Nós temos um programa que é capaz de captar um volume de recursos muito grande, além de um time com extensa produção científica, incluindo pesquisadores com bolsa de produtividade no CNPq. A gente chega nesses 20 anos muito felizes, entendendo que criar esse programa foi uma decisão acertada”, acrescenta Wandir.
O futuro
As comemorações pelo aniversário do PEP também incluíram reflexões sobre o futuro do programa. Elas foram trazidas pelo professor José Carlos Pinto, do Programa de Engenharia Química da Coppe (Instituto Alberto Luiz Coimbra de Pós-Graduação e Pesquisa de Engenharia), ligada à Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ). Ele foi um dos consultores que trabalharam diretamente no projeto de criação do PEP, além de ter passado seis meses como professor visitante da Unit. Segundo o professor, os próximos 20 anos trazem grandes desafios para as universidades como um todo, que vão exigir dela uma grande reinvenção e muita conversa com a sociedade.
“A gente tem que estar preparado para viver num mundo que está se transformando muito rapidamente e que a universidade tem que estar atenta e se transformar e acompanhar, para que ela não deixe de ser importante e não fique perdida no tempo. A gente precisa se abrir para esse mundo, interagir com o nosso entorno, e o grande desafio é como desenvolver isso mantendo a excelência e levando as conquistas e os desenvolvimentos de dentro da universidade para a sociedade que está à nossa volta”, diz José Carlos, considerando que o PEP/Unit passou por uma grande e sólida evolução neste tempo.
“Eu acho que o programa está num momento muito bom e tem uma equipe muito forte e coesa. Ela sempre foi motivada, produziu muito, correu atrás e foi apoiada pela instituição. Essa trajetória coroa o esforço de todo mundo que trabalhou nesse projeto e deixa o programa pronto para voos mais altos, porque ele certamente está colocado entre os principais programas de pós-graduação na área em que a gente trabalha, que é da engenharia de processos e da engenharia química. Ele está pronto para receber a nota 7, que seria a láurea máxima que a CAPES pode dar a um programa para dizer que está na elite dos programas de pós-graduação do Brasil”, prevê Pinto.
Parceiros
O evento de aniversário do PEP/Unit contou também com a participação de representantes de instituições que vêm colaborando com o programa ao longo da sua trajetória. Uma delas foi o Governo do Estado, representado por José Alberto Barreto, subsecretário de Planejamento e Monitoramento Estratégico da Seplan (Secretaria de Estado do Planejamento). “Nos sentimos honrados pelo convite de participar desse momento histórico. A Unit é uma parceira do Estado. A Seplan tem um compromisso com a qualificação contínua e a gente percebe que hoje, sem qualificação, nós não caminhamos”, disse ele.
A parceria e atuação conjunta também foi ressaltada pela professora Yzila Liziane Farias Maia de Araújo, coordenadora de Pós-Graduação da Universidade Federal de Sergipe (UFS). “Ter 20 anos não é para todos. Parabéns a todos os docentes e discentes que fizeram esses 20 anos juntos. A importância deste programa é muito grande, não só para o estado de Sergipe, mas para a região Nordeste, o Brasil e fora do Brasil também. As parcerias estarão sempre à disposição entre a UFS e a Universidade Tiradentes”, saudou.
A solenidade também foi prestigiada pelo pesquisador Emiliano Fernandes Nassau, representante da Embrapa Tabuleiros Costeiros, e pelo assessor de planejamento da Desenvolve-SE (Agência Sergipe de Desenvolvimento), Walter Leite.
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