ESTUDE NA UNIT
MENU

Aula inaugural do PPGD da Unit discute populismo global e direitos humanos

Evento contou com palestra do jurista espanhol Felipe Gómez Isa, que abordou desafios contemporâneos e o impacto dos novos autoritarismos na pesquisa acadêmica

às 21h04
Compartilhe:

O populismo global tem sido um dos temas mais discutidos no cenário político contemporâneo, representando um desafio significativo para a defesa dos direitos humanos. Caracterizado por líderes carismáticos, o populismo global promete representar diretamente o “povo” contra elites políticas, midiáticas e econômicas, desconsiderando as instituições democráticas. Essa abordagem pode assumir tanto formas de extrema direita quanto de esquerda, e se manifesta em países como Brasil, Estados Unidos, Hungria, Filipinas e Venezuela.

Muitos desses governos promovem políticas que restringem liberdades individuais, marginalizam grupos vulneráveis e dificultam o trabalho de pesquisadores e ativistas. Com o objetivo de promover um debate aprofundado sobre o tema e trazer um olhar acadêmico e crítico sobre essas tendências, o Programa de Pós-Graduação em Direitos Humanos (PPGD) da Universidade Tiradentes (Unit) realizou sua aula inaugural, com a palestra do renomado jurista espanhol Felipe Gómez Isa, professor da Faculdade de Direito da Universidad de Deusto, em Bilbao (Espanha). 

Durante a palestra, o professor destacou como a ascensão de governos autoritários tem afetado diretamente a cooperação acadêmica e os estudos sobre direitos humanos. “Atualmente, vivemos tempos desafiadores e para a construção de redes internacionais de pesquisa. O avanço de governos populistas e autoritários tem restringido o debate e dificultado iniciativas de colaboração acadêmica. No entanto, nossa responsabilidade como pesquisadores e universidades é continuar avançando. Precisamos seguir com nossos estudos, fortalecer o ensino e apoiar ações que deem visibilidade às comunidades vulneráveis”, afirmou Felipe Gómez Isa.

O palestrante também mencionou a relevância da parceria entre a Unit e a Universidad de Deusto, que resultou na publicação de um livro. “O livro que acabamos de apresentar em Aracaju é um exemplo disso. Ele é fruto da parceria entre a Unit e a Universidade de Deusto, abordando uma das questões mais relevantes em matéria de direitos humanos na América Latina: o reconhecimento dos povos indígenas e a garantia de seus direitos fundamentais, especialmente no que diz respeito ao acesso à terra, território e recursos naturais”, pontua.

Fortalecendo as linhas de pesquisa

O PPGD realiza uma aula inaugural por semestre e iniciar a Quadrienal 2025-2028 com um tema tão atual e pertinente fortalece uma das linhas de pesquisa: Direitos Humanos na Sociedade, conforme explica a coordenadora do PPGD, Grasielle Vieira. “Discutir democracia sob uma perspectiva crítica e aprofundada tem total relação com as pesquisas e temas que trabalhamos ao longo dos 12 anos de existência do PPGD. Temos aqui alunos de mestrado e doutorado que participam justamente para absorver esse conhecimento. Além disso, a Universidade de Deusto é uma parceira da Quadrienal, e a Unit tem firmado diversas parcerias internacionais por meio de termos de cooperação. O objetivo é fortalecer cada vez mais essa colaboração”, ressalta Grasielle.

O programa também conta com professores que se dedicam ao estudo dessa temática. Um exemplo é o professor e coordenador do Laboratório Social, Fran Espinoza, da Linha 1 – Direitos Humanos na Sociedade, que pesquisa democracia, políticas públicas e autoritarismos. Ele também promove eventos, como o Ciclo de Debates na América Latina, que aprofundam essas discussões. Ele destacou a importância da internacionalização para a produção acadêmica no Nordeste.

“Quando participamos de eventos nacionais e internacionais sobre produção científica com parcerias estrangeiras, percebemos que o Nordeste, em comparação com outras regiões do país, tem a menor produção acadêmica internacional, ou seja, com colaboração de parceiros estrangeiros. Obviamente, há fatores que explicam essa realidade. Por exemplo, estamos geograficamente isolados de outros países da América Latina e da Europa. Considero fundamental essa internacionalização e as parcerias que estamos estabelecendo, não apenas para o programa de pós-graduação em Direitos Humanos, mas para toda a universidade”, enfatiza.

O impacto para os alunos

Para Bruno Teixeira, estudante de doutorado do PPGD, o debate sobre populismo global é fundamental para sua formação acadêmica e profissional.  “Ao analisarmos o cenário da América Latina percebemos a necessidade de documentar e categorizar essas dinâmicas, compreendendo essa ambiguidade. Esse debate é essencial para entendermos como analisar diferentes cenários e identificar as particularidades de cada conjuntura política. Por exemplo, se quero entender como um novo modelo constitucional surge na Colômbia, preciso utilizar categorias específicas para esse contexto, que serão diferentes das que se aplicam ao populismo no Equador ou na Bolívia. Não é possível universalizar essas categorias para todos os países, pois cada realidade exige uma abordagem individualizada”, conta Bruno.

Já Nicoly Mangueira, estudante de mestrado, destacou como essa internacionalização é essencial para pesquisas em direitos humanos. “Quando falamos em direitos humanos, sabemos que houve todo um percurso histórico para compreendermos sua importância e o papel fundamental que desempenham na garantia da existência de pessoas como eu – uma mulher negra, uma mulher de candomblé, uma mãe que está inserida nesse contexto acadêmico. Atualmente, percebemos que o mundo tem adotado novas perspectivas em relação aos Estados Unidos. Como o professor destacou, sua contextualização histórica, que também se aplica ao momento atual, trouxe reflexões muito enriquecedoras para minha pesquisa, tanto no que diz respeito à fundamentação teórica quanto à análise política e cultural”, infere.

Leia também: Professor em visita à Unit cumpre agenda com vice-governador de Sergipe

Compartilhe: