O dióxido de carbono (CO₂), amplamente reconhecido por seu impacto nas mudanças climáticas, tem mobilizado esforços significativos da comunidade científica em busca de soluções inovadoras para sua captura e reutilização. No Brasil, pesquisadores têm se articulado em torno do Instituto Nacional de Ciência, Tecnologia e Inovação (INCT) Capicua, uma rede que reúne universidades e centros de excelência nacionais e internacionais. O foco está no desenvolvimento de tecnologias sustentáveis baseadas em bio e fotocatálise, adsorção e intensificação de processos, com o objetivo de transformar o CO₂ em oportunidade tecnológica e ambiental.
Em abril, a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC) sediou o 2º Workshop do INCT Capicua, reunindo pesquisadores de diversas instituições brasileiras e internacionais para discutir estratégias, resultados recentes e os rumos futuros dessa cooperação científica. Entre os destaques do encontro, estiveram temas como o desenvolvimento de materiais avançados para captura seletiva de CO₂, produção de biocombustíveis e novas modelagens de processos sustentáveis.
Cooperação estratégica
Com o objetivo de fortalecer a integração entre os grupos de pesquisa, o evento promoveu o planejamento estratégico do INCT, definindo metas de médio e longo prazo. Segundo a professora e pesquisadora do Programa de Pós-Graduação em Engenharia de Processos (PEP) da Universidade Tiradentes (Unit), Silvia Egues, a proposta é clara. “Ampliar a atuação conjunta entre os grupos, intensificar intercâmbios de pesquisadores, utilizar em rede os equipamentos de análise e estruturar ações voltadas aos órgãos de fomento à pesquisa”, explica.
A participação da Unit no workshop refletiu esse compromisso com a ciência de impacto. Representando o PEP, estiveram presentes as professoras Silvia Egues e Juliana Faccin de Conto, os professores Cláudio Dariva e Gustavo Borges, além do pesquisador Klebson Silva. O grupo se envolveu nas atividades de planejamento e levou para o encontro dois trabalhos apresentados em formato de pôster: Desenvolvimento e validação do equipamento para captura de CO₂ do ar e Síntese da MOF-808 para captura seletiva de CO₂.
Conhecimento compartilhado
O professor Cláudio Dariva também realizou uma flash talk sobre Processos termoquímicos para produção de biocombustíveis avançados a partir de biomassa, uma das linhas que vêm sendo exploradas com ênfase pelo PEP/Unit dentro do contexto do Capicua. “Estamos falando de pesquisas que, além de avançadas em termos técnicos, têm alto potencial de aplicação industrial e impacto ambiental positivo. Isso valoriza a ciência brasileira e posiciona a Unit em um patamar de excelência”, pontua Egues.
A aproximação entre os grupos de pesquisa já começa a render frutos concretos para o PEP. Segundo Silvia, duas pesquisadoras da Universidade Federal do Ceará (UFC) estão atualmente na Unit desenvolvendo materiais avançados em colaboração com os docentes locais. Além disso, duas mestrandas da instituição sergipana estão em preparação para intercâmbio técnico na UFC, com o objetivo de aprender novas metodologias de análise de materiais.
“Essas trocas fortalecem a formação de nossos alunos e promovem a integração científica nacional”, acrescenta a docente. Os discentes do PEP também podem participar de intercâmbios de curta duração nas instituições parceiras por meio de auxílios financeiros previstos dentro da estrutura do INCT.
Capicua e o protagonismo da ciência brasileira
O INCT Capicua é coordenado nacionalmente pela Universidade Federal do Ceará e reúne pesquisadores da UFC, UECE, UFSCar, EP-USP, UFSC e da própria Unit, além de parceiros internacionais como Universidade de Alberta (Canadá), Imperial College London (Reino Unido), Universidad de Málaga (Espanha) e Missouri University of Science and Technology (EUA).
Para a professora Silvia, a participação da Unit nesse projeto é estratégica não apenas pela oportunidade de colaboração, mas pelo tema em si. “A captura e utilização do CO₂ é uma pauta global urgente. Quando a Unit se coloca como produtora de conhecimento nesse campo, ela eleva sua relevância científica e abre portas para novas conexões internacionais”, elenca a professora.
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