Empatia, sensibilidade e a vontade de lutar pelos direitos daqueles que mais precisam são qualidades notáveis do egresso da Universidade Tiradentes (Unit) e diretor administrativo do Núcleo de Atenção aos Deficientes de Penedo (Nudepe), Diogo Rafael Costa, que desde os 12 anos de idade já sabia exatamente onde queria atuar: na área de serviço social.
Como em Penedo (AL), cidade onde reside, não havia o curso de Serviço Social, Diogo passou a estudar no polo de Educação a Distância (EAD) da Unit em Neópolis (SE) no ano de 2010, quando abriram turmas na modalidade semipresencial. O egresso se deslocava de barco uma vez por semana para ter as aulas presenciais.
Durante a graduação, Diogo teve a oportunidade de estagiar no Nudepe, local em que foi efetivado. “A partir da graduação, todo o meu olhar de vivência foi sendo ampliado de uma forma mais fundamentada de acordo com os estudos que ia se aprofundando no serviço social. Foi muito gratificante ter vivenciado essa prática e ter concretizado no meu curso”, relembra.
Mas, conseguir o estágio não foi tão fácil, uma vez que o ensino a distância ainda não era tão bem recebido naquela época. “Foi através da forma de ensino da Unit que pudemos mostrar o diferencial que o EAD possui, isso porque quem estuda a distância acaba desenvolvendo uma responsabilidade maior do que aqueles que estudam presencialmente”, conta Diogo.
Hoje, Diogo atua como assistente social e é diretor administrativo do Núcleo. “Após alguns anos atuando como assistente social, a Unit de Neópolis me procurou para receber os alunos e ser o supervisor de campo. Para mim, foi um enorme privilégio, principalmente porque foi na minha turma que surgiram as primeiras oportunidades de estágio para o curso. Essa parceria perdura até hoje, mas dessa vez com o polo de Arapiraca (AL)”, relata.
A relação com o Nudepe
O interesse pela profissão surgiu quando Diogo ainda era voluntário do núcleo, onde observava o trabalho do seu pai Jorge Maestro, um dos fundadores do Nudepe que lutou incansavelmente em prol dos direitos das pessoas com deficiência durante muitos anos, até que, em decorrência da doença diabetes, Jorge precisou se submeter a uma cirurgia, se tornando uma pessoa com deficiência. O que fez da luta ainda mais significativa.
“Mesmo com esse acontecimento meu pai não parou os trabalhos. Assim que recebeu alta passou a andar na cadeira de rodas e se candidatou na eleição de 2020 em busca de ampliar os direitos das pessoas com deficiência, período em que eu passei a ser diretor do Nudepe para substituí-lo, enquanto ele se dedicava às outras funções”, conta.
Diogo assumiu o cargo de diretor administrativo em meio a pandemia do novo coronavírus, um momento muito desafiador. “A atuação no serviço social durante a pandemia foi crucial para que conseguíssemos fazer a triagem dos pacientes, analisar quem poderia continuar fazendo o tratamento de reabilitação, entre outros. Foi um período muito difícil em todo o processo da minha vida bem como no Nudepe”, relembra Diogo.
Em meio a esse processo, Jorge faleceu e foi nesse momento que Diogo enxergou a necessidade de dar continuidade ao legado do seu pai, lutando pelo que sempre acreditou. “Continuarei na busca da ampliação dos serviços ofertados pelo Nudepe conseguindo assim aumentar nossas prestações de serviço à população de forma acessível e justa. Também irei continuar investindo no meu desenvolvimento pessoal e profissional. Sempre em busca de conhecimento”, enfatiza.
Sobre o Nudepe
O Núcleo de Atenção aos Deficientes de Penedo é uma entidade que a mais de 25 anos tem como objetivo a defesa dos interesses das pessoas com deficiência, através de medidas que visem obter melhoria na qualidade de vida mediante atuação junto à comunidade e aos poderes públicos para ampliação da assistência à saúde, amparo, capacitação profissional, promoção do aproveitamento de mão de obra, a fim de promover sua plena inclusão social.
O núcleo atende pessoas da região do Baixo São Francisco e cidades circunvizinhas, prestando serviços na área de reabilitação, educação inclusiva, encaminhamento ao mercado de trabalho, assistência jurídica e social, além de atividades culturais e palestras motivacionais.
“Como bem visto no histórico do Nudepe, é uma instituição muito antiga na região. Ela começou com o início da expansão da Associação dos Deficientes Físicos de Alagoas (ADEFAL), localizada em Maceió (AL), uma das instituições mais referenciadas no que se trata da luta pelos direitos da pessoa com deficiência e reabilitação e o Nudep veio caminhando junto com a evolução do serviço voltada a esse”, explica.
Ainda na época do assistencialismo a instituição caminhava com serviços sócio assistenciais, onde tinha um centro de convivência, alguns cursos profissionalizantes e culturais, sempre tentando levar a inclusão social e prestar o máximo de assistência para pessoas com deficiência da região em parceria com a secretaria de assistência social da época.
“Foi muito gratificante poder vivenciar todo esse processo, por saber que eu estava ali presente na instituição, vivenciando uma ruptura do assistencialismo. Tanto que vivenciamos uma época em que na assistência social não existia a Lei Orgânica da Assistência Social (LOAS) e precisamos nos adequar e melhorar os serviços com a implantação dessa lei, que hoje faz 20 anos”, reitera.
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