A experiência da iniciação científica também pode ser a porta de entrada para o intercâmbio com universidades do exterior, que se somam como parceiras em uma determinada pesquisa e acolhem o estudante para que ele complemente seus trabalhos. Esse foi o caso da aluna Carine Serafim da Cunha Silva, do oitavo período de Biomedicina da Universidade Tiradentes (Unit), que além de atuar como bolsista de iniciação científica, participou da edição 2024-1 do Programa de Mobilidade Acadêmica Internacional (ProMAI 2024-1), fazendo cinco meses de mobilidade acadêmica na Universidad Católica de Santa Maria (UCSM), em Arequipa (Peru), entre março e julho deste ano.
Ela conta que não imaginava que seria capaz de fazer um intercâmbio pelo ProMAi, mas só decidiu tentar após receber um incentivo da professora Patrícia Severino, do Programa de Pós-Graduação em Biotecnologia Industrial (PBI), sua orientadora na pesquisa de iniciação científica com a qual vinha trabalhando no Laboratório de Nanotecnologia e Nanomedicina (LNMed), do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP).
“Eu já conhecia o ProMAI, por ser um programa bastante divulgado na universidade e ter alguns amigos que já haviam tentado. No entanto, não me via tendo uma chance real de passar. Sempre achei que seria algo muito distante para mim. Com o apoio da professora Patrícia e dos meus colegas de laboratório, me senti mais motivada e confiante para me candidatar. Sem eles eu nem sequer teria tentado”, lembra Carine, destacando que a escolha pela UCSM levou em conta dois atrativos: ser um destino financeiramente mais acessível e ter um curso de Engenharia Biotecnológica, que é equivalente à Biomedicina e mais próxima da área de Biotecnologia Industrial, na qual pretende fazer o mestrado.
“O que mais me impressionou na UCSM foi a infraestrutura de alta qualidade. Eles possuem laboratórios modernos e bem equipados, o que me proporcionou ótimas condições para o aprendizado prático”, conta ela, que também passou pelo desafio de se adaptar à metodologia de ensino da instituição, que é a segunda universidade privada mais antiga do Peru. “O foco maior em conteúdos teóricos exigiu que eu me ajustasse e encontrasse novas formas de estudar e aplicar o que estava aprendendo. Essa adaptação acabou sendo uma experiência valiosa para meu crescimento acadêmico”, avalia.
O contato com a universidade peruana permitiu ainda que a estudante avançasse em alguns pontos da sua pesquisa, que estudou o desenvolvimento de hidrogeis de gelatina metacrilatados combinados com nanomateriais (GelMA) para a construção de tecidos cardíacos destinados ao tratamento de pacientes. Em Arequipa, ela trabalhou com cultivo celular e estudou mais sobre as células incorporadas ao material para a formação do tecido. E também conheceu pesquisas totalmente diferentes das que conhecia no Brasil.
“Pude trabalhar com a análise de lactoferrina em mulheres gestantes em Cusco, com cultura de células cancerígenas e métodos de biologia molecular que só tinha visto até agora nas aulas da universidade. Essa experiência me proporcionou muito networking com pesquisadores de Arequipa que não teriam sido possível sem esse intercâmbio. Isso será crucial para avançar em aspectos mais sensíveis e importantes do projeto, permitindo que eu continue a desenvolver esse trabalho depois da graduação”, ressalta Carine.
Visitas e aprendizados
Para além das atividades e aulas no campus e no laboratório da UCSM, a aluna da Unit aproveitou o intercâmbio para mais a fundo a cidade de Arequipa e outros atrativos turísticos do Peru, a exemplo da capital, Lima, e de Machu Picchu, uma antiga cidade construída pelos incas no início do Século 15 e atacada dois séculos depois pelos colonizadores espanhois.
“Foi a primeira vez que pude viver fora do país e pude experimentar uma nova cultura de perto. Me encantei com a gastronomia e as paisagens da cidade, além de passear por todas as cafeteiras, igrejas e parques possíveis. A história do país é riquíssima, fiz questão de me inscrever em uma matéria da universidade que explicava mais sobre a história peruana”, conta ela, definindo a experiência como “transformadora” em todos os sentidos. “Cada passeio me ensinou algo novo, desde a história local até a importância de me virar sozinha em um país diferente. Foi intenso, mas extremamente gratificante, e me fez perceber o quanto cresci nesse período, tanto pessoal quanto profissionalmente”, completa.
Após a experiência da mobilidade acadêmica, Carine continuou se destacando no curso de Biomedicina da Unit, tendo sido inclusive premiada com o segundo lugar da categoria Jovem Cientista no Prêmio João Ribeiro de Divulgação Científica e Inovação Tecnológica, da Fundação de Apoio à Pesquisa e à Inovação Tecnológica do Estado de Sergipe (Fapitec). Além de continuar trabalhando na pesquisa científica e no ensino acadêmico, a futura pesquisadora também faz planos de continuar se desenvolvendo na sua área, investindo em novas experiências no exterior, sejam intercâmbios, cursos ou mesmo oportunidades de trabalho.
Para isso, ela continuar aplicando o que aprendeu, tanto no Peru quanto na Unit, instituição que considera essencial para o acontecimento de todas estas experiências. “A Unit me forneceu uma base sólida de conhecimentos e habilidades que foram fundamentais durante minha mobilidade. O apoio contínuo dos professores, amigos e membros da coordenação de relações internacionais foi o que me deu confiança para enfrentar desafios e aproveitar ao máximo essa experiência”, finaliza.
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