Olhos atentos, dedos frenéticos, computadores ou celulares ligados e muitas ideias tiradas da cabeça. Esse foi o ambiente do Auditório Padre Arnóbio (Campus Farolândia) nesta quarta-feira, 6, durante a primeira noite do Demoday 2023, evento que promove a inovação e o empreendedorismo entre os estudantes da área de Tecnologia da Informação (TI) da Universidade Tiradentes (Unit). Durante pouco mais de três horas, dentro do chamado Demoday Residência Software 1, 13 equipes (chamadas de squads) formadas por alunos do 2º período de cada curso apresentaram projetos de aplicativos, programas e sistemas que foram desenvolvidos ao longo deste semestre.
Em geral, as squads trabalharam em projetos apresentados por 18 empresas, entre startups e grandes companhias, que apresentaram demandas e problemas reais para serem solucionadas pelos alunos. Ao longo do semestre, os integrantes de cada equipe foram acompanhados por pelos professores e representantes das empresas, através de reuniões semanais de 30 minutos para detalhar e avaliar o andamento de cada projeto. Ao todo, foram 28 equipes formadas no começo do semestre e tiveram projetos submetidos a uma banca de jurados. Destes trabalhos, 13 foram selecionados para a apresentação no Demoday.
Segundo o professor Ricardo Porto, coordenador dos cursos de Sistemas da Informação e ADS (Análise e Desenvolvimento de Sistemas), o desenvolvimento das soluções baseia-se nas tecnologias que cada estudante aprende durante o semestre letivo. Ele frisa que, a partir do segundo período, o estudante da área de TI já começa a manter contatos mais diretos com o mercado de trabalho, a ponto de ele já atrair a atenção das empresas que encomendaram a feitura dos projetos.
“Se eu sou um bom desenvolvedor de solução, por exemplo, tenho uma empresa que está olhando e apareceu uma vaga de estágio, e ele já conhece esse público que está desenvolvendo, e quando essa empresa já sabe que um certo cara é diferenciado, fora da curva, eu já puxo automaticamente esse aluno para vir para a minha empresa trabalhar. Logo, eu insiro o meu aluno mais cedo no mercado de trabalho. O curso também aumenta a empregabilidade, que já é alta, mas agora quer dizer que eu antecipo isso mais ainda, começando a colocar a gente no mercado de períodos iniciais”, afirma Porto.
Projetos
Entre os projetos escolhidos, está o da Squad 10, que desenvolveu um sistema de dashboards em Power BI para o DeCós Day Hospital. Na prática, ele transforma informações de planilhas em Excel em indicadores para análise de estatística de gestão de qualidade, entre outras funções. “Eu diria que foi uma experiência de aprendizado muito interessante. Sinto que eu aprendi bastante, que eu cresci como um profissional e que é o tipo de ferramenta que eu gostei muito de utilizar e que eu vou, provavelmente, seguir usando”, avalia Marcelo Gomes Alves, aluno de Ciência da Computação e integrante da equipe, que pretende se especializar em bancos de dados e análise de estatísticas.
Houve ainda a presença expressiva de projetos desenvolvidos por mulheres que já atuam no mercado de TI. E o caso das alunas Juliana Melo, de Ciências da Computação, e Helena Passos Farias, de Sistemas de Informação, que fazem parte da Squad 29 e desenvolveram o Fluffy, um aplicativo de organização de agenda pessoal, desenvolvido para a startup Neurometa e voltado para a saúde mental. “Ele te ajuda a manter bons hábitos, a alcançar todas as suas metas do dia e te manter principalmente calmo, porque você não consegue alcançar nada se você não ficar calmo”, resumem as alunas, que até se apresentaram com uniformes trazendo a logomarca do aplicativo. “ Acho que a gente já conquistou muito, porque todo mundo está reconhecendo a gente. O Fluffy é um projeto além da Unit e é uma experiência que vamos levar pra vida toda. Ainda mais de gerenciar pessoas, aplicativos, de como você conseguir criar uma plataforma… É um conhecimento que vai ajudar muito, principalmente no trabalho”, acrescentam.
Entre as empresas que demandaram desafios para os alunos, está a Ada Metaverse, startup de neuroengenharia voltada à criação de soluções inovadoras para o Metaverso. Em conjunto com uma das squads, ela está desenvolvendo uma plataforma de realidade virtual para acessar laboratórios em escolas públicas. “A gente está procurando democratizar essa tecnologia através desse desenvolvimento, permitindo com que os estudantes e os professores possam desenvolver laboratórios virtuais, justamente através de uma plataforma no-code, ou seja, pessoas que não têm o conhecimento em programação podem desenvolver esses laboratórios e assim estudar. Foi importante para a nossa startup e para a nossa equipe. E também participar não só no desenvolvimento, mas na trilha de formação desses jovens empreendedores e programadores, dizem as CEOs da Ada, Tamara Nunes e Tássia Nunes.
Prática desde cedo
Para a professora Elayne Emília Santos Souza, coordenadora da área de Exatas da Unit, o Demoday é a maior demonstração de que os estudantes já começam a vivenciar a prática de cada curso desde o primeiro período, associando-o ao conteúdo teórico e com todo o suporte da instituição. “A gente tem uma infraestrutura que é realmente fenomenal. Todo o suporte com equipamentos, com os laboratórios, os nossos computadores, as nossas assistências também, com os nossos professores, mentores das empresas e do Porto Digital. Tem um alicerce muito grande para que o nosso aluno possa conseguir desenvolver o desafio e conseguir solucioná-lo”, destacou.
O Porto Digital do Recife, um dos principais polos de tecnologia e inovação da América Latina, implementou o seu Programa de Residência na Unit em Sergipe desde o primeiro semestre deste ano, a partir da experiência bem-sucedida com a Unit Pernambuco. De acordo com o coordenador do programa, Rodrigo Pereira, esse é o primeiro passo do Porto Digital fora de Recife em um programa de formação. “O semestre passado já foi um sucesso, acho que em todos os aspectos, pela chegada de alunos e pela formatação do projeto. Agora a gente está na expectativa de concluir o segundo ciclo, com alunos que no semestre passado fizeram os seus primeiros trabalhos de ideação. É uma metodologia que vai colocar os alunos diretamente ligados às demandas dos lugares onde eles podem trabalhar aqui dentro da cidade”, disse Rodrigo, que teve uma ótima impressão das squads e dos projetos apresentados.
O Unit Carreiras também atua como intermediário entre os cursos da área de TI e as empresas interessadas. Para a gerente do núcleo, Janaína Machado Tavares, o Demoday celebra a grande conexão entre o mercado e a academia. “Porque toda aquela prospecção que nós fazemos entre as empresas se resulta em demandas reais e este é o dia que a gente está celebrando essa junção através de resultados. E isso é muito importante para o nosso aluno, porque ele cresce, já se sente no mercado de trabalho, porque ele está resolvendo um problema real de uma empresa que pode contratá-lo. E para as empresas é muito bom, porque estão resolvendo realmente soluções e elas já podem ficar de olho nos talentos”, concluiu ela.
Segundo dia
O Demoday continua nesta quinta-feira, 7, a partir das 19h, com a apresentação dos 10 finalistas escolhidos no Demoday KickOff 2023/2, que reúne squads formadas por estudantes dos primeiros períodos dos cursos de TI, os quais elaboraram projetos iniciais de sistemas, programas e outras soluções, dentro da disciplina de Ideação e Prototipação de Software. As apresentações também acontecem no Auditório Padre Arnóbio e, dos finalistas, três projetos serão escolhidos pelos jurados como os melhores.
Leia mais:
2º Demoday destaca inovação e empreendedorismo em tecnologia
Egressas da Unit se destacam no Prêmio Mulheres Inovadoras 2023