Você já imaginou se, de uma hora para outra, tivesse seus dados pessoais divulgados? Ou, ainda mais, o que fazer se for vítima de algum ataque cibernético? Cada vez mais comum no país e sem uma lei específica que regule, com regras claras, as formas de usar e armazenar dados digitais no Brasil, a segurança digital é um desafio.
A Lei Geral de Proteção de Dados, por exemplo, que entraria em vigor em agosto deste ano, foi adiada e passará a valer apenas no ano que vem. “Com a entrada em vigor da LGPD, teremos um impacto não só nas grandes empresas, mas, também, nas pequenas empresas, assim, independentemente do tamanho do negócio, todos deverão se adequar à nova lei”, declara o doutor em Direito e professor da graduação e mestrado em Direitos Humanos da Universidade Tiradentes Diogo Calasans.
“O importante é focar na privacidade do cliente e como a empresa cuidará de seus dados. A privacidade é um dos direitos da personalidade mais estudado na atualidade”, acrescenta.
Para o especialista, mesmo sem a lei em vigor, os usuários da internet não estão totalmente desprotegidos. “Nós temos o Código Civil, que trata da privacidade, como também da Constituição Federal que considera a privacidade como um direito da personalidade. Assim, no caso de vazamento de dados cabe para a vítima uma indenização por danos morais e materiais”, salienta.
Um dos mais recentes ataques cibernéticos vem dos chamados ‘hackers do mal’, como o Anonymous, que atuam com vazamento de dados, comprometendo a imagem dos envolvidos. “Além disso, eles derrubam sites, geralmente de governos, por meio de uma tática antiga que consiste em colocar muitas máquinas para acessar determinado site ao mesmo tempo, fazendo com que ele fique sobrecarregado e saia do ar”, comenta o docente dos cursos de Computação da Unit Adriano Lima.
Pensando nisso, empresas têm investido cada vez mais na Inteligência Artificial como forma de combate a esses ataques. “Cada dispositivo, Host, conectado à internet tem potencial para ser invadido a qualquer momento, e as empresas estão utilizando cada vez mais essa tecnologia para tentar se antecipar aos movimentos dos criminosos por meio da determinação de padrões. A Inteligência Artificial pode ajudar a parar ciberataques ao cruzar informações e encontrar comportamentos que saem do padrão de um usuário normal que acessa um serviço”, destaca o professor.
“A grande saída é ter sempre os sistemas atualizados e pessoas antenadas com as novidades criadas nesse mundo digital para cada vez mais conseguirmos fechar as portas de entrada em um tempo menor do que elas possam ser invadidas”, frisa Adriano.
Impactos psicológicos
O psicólogo José Marcos Melo, preceptor do curso de Psicologia da Unit, chama atenção também para os impactos psicológicos que podem atingir às vítimas de vazamentos de dados. “O ciberespaço, as redes sociais e todas essas extensões ganharam caráter de muito mais notoriedade em nossa vida. Assim, quanto se tem uma invasão ou o vazamento de dados, equiparamos isso a um furto e as repercussões psicológicas são parecidas com o fato de você ter um bem físico roubado”, enfatiza.
“Um exemplo claro é quando a vítima é assaltada com uma arma. As pessoas não fazem tanto julgamento para este fato, mas quando falamos de uma invasão ou vazamento de dados, isso vem carregado com um certo julgamento do porquê de ter caído em um golpe bobo. Isso torna a situação ainda pior, gerando situações de insegurança, ansiedade e medo”, finaliza.