Os projetos extensionistas desenvolvidos nos cursos da Universidade Tiradentes (Unit) envolvem alunos e professores em ações sociais que contribuem para a educação e formação de crianças e adolescentes, bem como para o atendimento a demandas das comunidades locais. Um exemplo disso é o projeto Recriar é Brincar: Arquitetura e Psicologia como ferramentas na revitalização de espaços sociais, criado e executado por 11 estudantes dos cursos de Arquitetura e Urbanismo, Psicologia, Publicidade e Propaganda e Sistema de Informação. A intervenção fez parte da disciplina Experiências Extensionistas 3, sob orientação da professora Cândida Oliveira.
Ao longo do primeiro semestre deste ano, os alunos reformaram a brinquedoteca do Instituto Rahamim, uma Organização da Sociedade Civil (OSC) que atende às comunidades do bairro Santa Maria, um dos maiores bairros da periferia de Aracaju. Fundado em novembro de 2000, ele é filiado à ONG Gerando Falcões e atende hoje a mais de 300 crianças da região, oferecendo cursos e atividades como capoeira, grafite, hip hop, pintura, balé, dança contemporânea e outros. “Ao longo dos anos lutamos por saneamento básico, moradia, educação, saúde, segurança, transporte e lazer. O foco da nossa ação é o próprio território vendo cada família como sujeito de transformação social, mas nossa prioridade é a criança e o adolescente”, explica Cristiano Lima Santos, fundador e CEO do Rahamim.
A intervenção no Instituto surgiu a partir de uma sugestão da professora Cândida, que levou o grupo de alunos até a sede da ONG, no Santa Maria, e acompanhou com eles o andamento das atividades. “Eles passam um semestre inteiro trabalhando um projeto para o final do período, que a gente chama de intervenção. A gente vai no espaço, faz uma visita de diagnóstico, define o tema, leva a proposta para a instituição e, se ela aprova, a gente volta para a sala de aula para desenvolver o projeto da melhor forma”, afirma Cândida, ao lembrar que outros projetos também foram realizados no Rahamim a partir da parceria com a Unit, abordando temas como saúde, vacinação, grafite e riscos causados pelo mau uso das redes sociais da internet.
Uma das visitas resultou na proposta de reformar a brinquedoteca, cuja ideia partiu da aluna Iasmim Cristine da Silva Ribeiro, do sexto período de Arquitetura e Urbanismo. Ela atuou coordenando a produção e a execução do projeto, além de fazer o projeto de estruturação e decoração do interior do ambiente. E todas as atividades contaram com a participação direta dos voluntários da ONG e de moradores da comunidade do Santa Maria. A ideia, segundo ela, era transformar um espaço que até então funcionava como um simples depósito de brinquedos.
“A minha intenção quando sugeri o projeto foi executar algo que gerasse um impacto nas crianças que são atendidas pelo Instituto, e foi algo que funcionou. Na inauguração, elas deixaram claro como elas gostaram do espaço, que estava bem colorido, diferente, que parecia maior… Acho que o objetivo do projeto foi cumprido. Conseguimos revitalizar o espaço, gerar esse impacto e transformação no Instituto, não só para as crianças, como também para os professores que dão aula, as tias que cuidam das crianças e os voluntários. Foi algo de peso para eles, e acho que também foi para mim, como futura arquiteta, com relação a entender a perspectiva da função social do arquiteto”, diz Iasmim.
Um dos detalhes que fez a diferença foi a disposição das cores e das paredes da brinquedoteca, que se refletiu também na formatação e organização dos móveis e brinquedos ali colocados. Para a aluna Ester Leite de Alcantara, do oitavo período de Psicologia, isso levou em conta o uso de cores que estimulem o desenvolvimento cognitivo, emocional e criativo das crianças e até dos educadores que utilizam o ambiente. “Esse projeto me ensinou bastante sobre a psicologia das cores. Eu entendi que não são só cores de um ambiente, mas que essas cores têm um poder muito forte no nosso desenvolvimento e na nossa aprendizagem. Quando você faz realmente com muito, com dedicação e com carinho, dá certo. Mesmo com todas as dificuldades, no final vale a pena”, comemora.
Além de Iasmim e Ester, os alunos de Arquitetura que atuaram no projeto foram Ana Carolina Ribeiro, Anne Manuela Araújo Santos, Arielle da Cruz Silva Prata, Carollyne Ignes Silva Leonel, Hellen Klay de Farias Silva, Vivian Ribeiro Panta e Zuinglio de Sousa Lima Filho, além dos estudantes Fellipe Oliveira de Cerqueira (Publicidade e Propaganda) e Guilherme Menezes Carvalho (Sistema de Informação).
Contribuições
O sucesso na intervenção no Instituto Rahamim demonstra a relevância das disciplinas de Experiências Extensionistas, nas quais se realizam as atividades de extensão universitária correspondentes a 10% da carga horária de cada curso. Cândida cita que o principal objetivo destas atividades é levar a universidade para dentro das instituições e das comunidades, para que os estudantes trabalhem na prática o que aprenderam na sala de aula.
“O impacto no caso do Instituto Rahamim é imenso e espetacular, porque um local que não estava adequado para crianças se transformou em um lugar lindo, agradável de estar, aconchegante e principalmente acessível para que as crianças possam brincar no momento em que elas estão lá. A gente fica muito feliz de ver que os alunos estão se desenvolvendo para além da universidade, e pela instituição que recebeu essa brinquedoteca”, avalia a professora.
“Os alunos do curso de extensão trouxeram algumas contribuições muito significativas, sejam para a formação dos alunos ou dos pais. E também para nosso time de colaboradores. Alguns grupos deixaram uma marca concreta de mudança estrutural na sede. Além disso, desperta nos alunos o entendimento do que é o Terceiro Setor, o impacto que produz na sociedade e a cultura da filantropia. A mediação das professoras foi essencial para a construção do trabalho, graças ao ótimo relacionamento que elas desenvolveram com nossa direção”, complementa Cristiano.
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