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Como a pandemia fez impactos na educação infantil

Pesquisa do Unicef mostra que 41% das crianças de até seis anos ficaram fora das aulas com a pandemia; protocolos de segurança limitaram a interação entre elas

às 14h20
Com a chegada da pandemia de Covid-19, o primeiro contato das crianças com o mundo exterior foi alterado de forma drástica (Neto Talmeli/Prefeitura de Uberaba/via Agência Câmara)
Com a chegada da pandemia de Covid-19, o primeiro contato das crianças com o mundo exterior foi alterado de forma drástica (Neto Talmeli/Prefeitura de Uberaba/via Agência Câmara)
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Um estudo recente realizado pelo Fundo de Emergência das Nações Unidas para a Infância (Unicef), em parceria com o Cenpec Educação, mostrou que as crianças com idade entre seis e dez anos foram as mais prejudicadas com a exclusão escolar durante a pandemia do novo coronavírus. Cerca de 41% dos 5,1 milhões de estudantes sem acesso à educação em novembro de 2020 tinham essa faixa etária.

A situação é considerada muito preocupante pelos especialistas em educação e pelo próprio Unicef, que teme por impactos significativos do problema em toda uma geração. “São crianças dos anos iniciais do ensino fundamental, fase de alfabetização e outras aprendizagens essenciais às demais etapas escolares. Ciclos de alfabetização incompletos podem acarretar reprovações e abandono escolar. O país corre o risco de regredir duas décadas no acesso de meninas e meninos à educação, voltado aos números dos anos 2000”, diz a representante da instituição no Brasil, Florence Bauer. 

A chegada do novo coronavírus transformou o processo educacional, o tornando desafiador e precisou ser reformulado. É durante o ensino infantil que crianças de zero a cinco anos têm contato com o mundo ao seu redor, desenvolvendo habilidades sociais e expressivas. Para facilitar esse processo, o Ministério da Educação (MEC) sugeriu que as instituições buscassem uma aproximação online com os familiares e responsáveis das crianças e os professores. Mesmo com todos esses esforços, a pandemia causou grandes impactos à educação das crianças. 

De acordo com a professora Jéssica Santana, tutora do curso de Pedagogia EaD da Universidade Tiradentes (Unit EaD), o acesso à creche e à pré-escola acontece de forma diferente nas redes pública e privada. “Com a pandemia, os chamados berçários ou hoteizinhos na rede particular ou as creches, na rede pública, sofreram uma queda financeira muito grande, porque essas unidades fecharam devido ao agravamento da pandemia e tiveram dificuldade para se manter”, comentou. 

A Lei de Diretrizes e Bases da Educação Nacional (LDB), em seu artigo 29, conceitua a Educação Infantil como a “primeira etapa da Educação Básica, e tem como finalidade o desenvolvimento integral da criança de até cinco anos, em seus aspectos físico, psicológico, intelectual e social, complementando a ação da família e da comunidade”.

A garantia de que isso ocorra de fato é um dever do educador, e o processo de aprendizado das crianças acontece por meio da interação proporcionada por ele. “Todo aprendizado dessas crianças se dá através da troca com outro, então essas trocas foram organizadas por conta do momento que vivemos. Por exemplo, se a hora da leitura era feita em uma sala fechada, ela passou a ser feita em local aberto com distanciamento, através da supervisão de professores e dos cuidadores. Então essa foi e é a realidade da educação infantil na rede privada”, relata Jéssica.

Limitações

A professora aponta que, mesmo antes da pandemia, a rede pública de educação infantil apresentava problemas na infraestrutura de suas unidades. “A rede pública, mesmo no nosso contexto normal, sempre teve problema no sentido de infraestrutura e de contexto adequado de interação material, o que foi agravado durante a pandemia. O município é responsável pela educação básica infantil, mas teve dificuldade em oferecer um ensino de qualidade durante os meses que durou a pandemia, devido a tantas lacunas que têm na estrutura. E para o retorno ainda precisa se preocupar que sejam tomadas todas as medidas protocolares de biossegurança, mas esbarra no problema da falta de estrutura”, afirma ela.

As crianças têm uma necessidade inata em pegar, sentir, ver e observar. Com o momento que estamos vivendo, todas essas interações se tornam mais difíceis de serem realizadas com os protocolos de segurança. Sem contar o fato de que os alunos com até cinco anos não usam máscara, conforme orientação da Organização Mundial da Saúde.

“É preciso que o ambiente esteja totalmente limpo, é preciso que esse aluno interaja mais que ele não troque materiais. Então é essencial que haja uma equipe coesa e um ambiente que possua toda estrutura e esse foi o maior desafio e ainda é o maior desafio da rede pública, para que os alunos consigam voltar à normalidade. Por isso, a rede privada já conseguiu voltar sem o sistema de rodízio”, conclui Jéssica.

Asscom | Grupo Tiradentes
com informações do Unicef Brasil

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