Se você está com medo de subir na balança na quarentena ou se você já deu aquela escapada na alimentação, fique tranquilo! É bem verdade que a pandemia do novo coronavírus mudou a rotina e os hábitos de muita gente. As atividades diárias tiveram que ser adaptadas, academias estão fechadas e exercícios físicos ao ar livre ficaram mais restritos.
O momento é novo para todo mundo. O distanciamento social e as incertezas do período acabam gerando bastante ansiedade entre as pessoas, que, como fuga, acabam descontando na comida. “São muitos sentimentos, e a alimentação funciona como uma válvula de escape. Além disso, a falta de uma rotina diária com horários preestabelecidos pode acabar atrapalhando e trazendo uma falsa sensação de férias para o nosso cérebro”, declara a nutricionista e preceptora do curso de Nutrição da Universidade Tiradentes, Ticiane Munareto.
“Com essa percepção, as pessoas acabam procurando alimentos mais calóricos, como os industrializados ou alimentos prontos para ingerir. Por isso, é importante criar uma rotina e estabelecer horários para a realização das principais refeições, assim como para os lanches da manhã e da tarde. Se não estabelecer os horários, a tendência das pessoas é beliscar os alimentos”, acrescenta.
E é justamente no ato de beliscar um ou outro alimento que mora o perigo. “Ficar beliscando é um sinal típico de ansiedade e também falta de autoconhecimento sobre a diferença entre a fome emocional e a fisiológica. A emocional acaba sendo desencadeada por algum gatilho e por sentimentos. Isso é muito comum, principalmente para o momento que estamos vivenciando atualmente”, explica Ticiane.
“O ato de beliscar faz com o que as pessoas busquem por alimentos pequenos, como chocolates, biscoitos e, muitas vezes, são alimentos muito calóricos. Então, atrelado a isso, também tem o sentimento de culpa e frustração”, complementa.
Mas será que ainda é possível mudar a rotina, se adaptar à quarentena e manter o peso? Que tal colocar, literalmente, a mão na massa? Pois é! Fazer a própria comida é uma saída, segundo a nutricionista.
“Preparar a própria refeição acaba tirando um pouco da ansiedade e desfruta do prazer tanto de preparar quanto de aprender receitas novas. Colocar em prática aquela receita que estava guardada na gaveta. A ideia é preparar mais e pedir menos. Quando a gente vai buscar a refeição no aplicativo, a tendência é pedir aquela ultraprocessada, riquíssima em temperos prontos e calórica. Use seu tempo para fazer algo produtivo”, comenta.
E, para não acabar cedendo às tentações, que tal planejar as refeições e criar cardápios semanais? “Se você planeja, tende a sair menos da rotina e evita que você corra para os aplicativos de comida. Faça as refeições e já deixa tudo pronto na geladeira ou no freezer. Importante deixar tudo armazenado e higienizado da forma correta. Não esquecendo que, na hora de ir ao supermercado, evite comprar os alimentos calóricos para deixar no armário”, salienta.
Alimentação e exercício físico
Além de uma alimentação mais balanceada, manter o corpo ativo também é fundamental. Separe um horário para se movimentar. “Durante este período, as pessoas acabam diminuindo o nível de atividade física e o gasto energético acaba sendo menor. Elas passam muito tempo sentadas, por exemplo”, observa a doutoranda em Ciências Fisiológicas, Thaysa Passos. Graduada e mestre em Educação Física, Thaysa é especialista em Nutrição Esportiva, preceptora de Estágio do curso de Educação Física da Unit e desenvolve pesquisas com atletas envolvendo respostas metabólicas.
“Em contrapartida, a nossa alimentação continua a mesma ou, ainda pela ansiedade, há uma ingestão maior de alimentos com uma quantidade de calorias aumentada. Isso acaba gerando o que chamamos de balanço energético positivo que vai culminar realmente no aumento de peso”, destaca.
Para a pesquisadora, a palavra de ordem é movimento. “A ideia é gerar um balanço energético negativo, aumentando o nível de atividade física e gastando mais calorias. Se você já tinha uma rotina de treinamento, utilize os exercícios em casa mesmo que sem carga ou utilize recursos da própria residência, como vassoura ou quilos de alimentos. Caso não tenha, coloque uma música, tente acompanhar uma coreografia. Exercícios mais simples, mas que contribuem para o gasto energético”, frisa.
“É importante ressaltar que é sempre bom ter a orientação de um profissional de Educação Física. Mesmo que, de forma virtual, ele pode visualizar os exercícios e a execução dos mesmos. O acompanhamento é muito importante e evita riscos de lesões”, finaliza.
Confira outras dicas da nutricionista Ticiane Munareto para manter a forma na quarentena.
- Não pule as refeições. Inicie seu dia fazendo um bom café da manhã. É importante manter um equilíbrio durante as refeições. “Opte por fontes de proteínas, como queijos, leite e ovos. Além das raízes, como macaxeira, batata-doce e inhame, que são ricas em fibras. O conjunto de proteínas e fibras faz com que você tenha uma boa fonte de nutrientes, com vitamina e minerais, e provoca uma maior saciedade”, diz.
- Já no almoço, prefira sempre consumir proteínas, além de alimentos ricos em vitaminas e minerais. “Coma muita salada, vegetais crus e cozidos, leguminosas, como feijão e grão-de-bico, enfim, tudo isso fará com que você tenha uma alimentação mais balanceada”, garante.
- Na hora do lanche, abuse da criatividade. “Faça sorvete de frutas, geladinho de frutas e o suco. As oleaginosas também são excelentes opções. Procure sempre receitas mais saudáveis”, propõe.
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