As novas variantes do coronavírus trouxeram uma nova onda de contaminações e de mortes. Em boa parte dos estados, os leitos hospitalares destinados a pacientes com a doença estão esgotados e os sistemas de saúde começaram a entrar em colapso. Isso motivou os governos estaduais a adotarem novas medidas restritivas de circulação de pessoas e de funcionamento das atividades econômicas.
Em Pernambuco, o governador Paulo Câmara anunciou nesta sexta-feira, 26, um toque de recolher noturno em todos os municípios, incluindo a capital, Recife. Até o dia 10 de março, os serviços considerados não-essenciais estarão proibidos de funcionar entre 20h e 5h, de segunda a sexta, e de 17h às 5h, aos fins de semana. A circulação das pessoas nas ruas também será controlada e elas só poderão sair de casa para serviços essenciais ou em deslocamento para casa ou trabalho.
Em Sergipe e Alagoas, os governos ainda avaliam decretar toques de recolher, o que pode ser decidido na próxima semana. Bahia, São Paulo e Rio Grande do Sul são outros estados que adotaram essas medidas, para evitar as aglomerações de pessoas e a disseminação do vírus. Em todos, a preocupação maior é com a lotação dos hospitais, que varia entre 90% e 100%. E também existem protocolos de segurança, como a proibição das aglomerações, o uso de máscara e o fornecimento de álcool-gel em todo o comércio.
Os Estados apertam essas medidas enquanto correm para acelerar seus planos de vacinação em massa, mesmo com a falta de disponibilidade dos imunizantes e a lentidão na produção das doses. Para a infectologista Sarah Dominique Dellabianca, professora de Medicina do Grupo Tiradentes, na unidade Unit Alagoas, a restrição dos serviços não-essenciais e o toque de recolher são necessárias, enquanto a maior parte da população ainda não é vacinada e mesmo com a fiscalização rigorosa do cumprimento das medidas, com forças-tarefas que envolvem até as polícias militares.
Novas cepas
A professora explica que um dos motivos está na circulação de três mutações do coronavírus: a surgida no Amazonas, a da Inglaterra e a da África do Sul, que já estão em fase de transmissão comunitária em parte dos estados brasileiros. “As três são muito semelhantes quanto às mutações e até agora são semelhantes na forma de adoecimento”, diz Sarah, referindo-se à alta capacidade de infecção e de causar até a morte em pessoas que não tinham comorbidades.
Os cientistas investigam ainda o impacto das novas variantes no comportamento dos casos de coronavírus, que ainda não é totalmente conhecido. “Por ora, não há impacto calculado, pois se precisa estudar, ampliar a pesquisa das cepas variantes. Enquanto mantiverem o critério de só investigar quem tiver procedência ou viagem para o Amazonas, infelizmente não teremos a medida exata da disseminação”, pontua a médica. Segundo ela, o impacto que precisa ser avaliado é o das pessoas que já tiveram a Covid previamente e estão se infectando com a nova variante, apontada como a causa da forma grave em jovens.
A infectologista alerta que há um risco “real e iminente” de haver piora na situação caso não haja controle na circulação do vírus, “uma vez que o aumento progressivo da casuística e a ocupação dos leitos causarão colapso da assistência à saúde, como ocorrido em Manaus, agora em Porto Velho, e em cidades do Acre, dentre outras.
Ainda de acordo com Sarah, o comportamento consciente da população pode ajudar a reverter esse quadro. “É evitando realmente as aglomerações desnecessárias, como as diversões e encontros desnecessários, embora isso impacte no prejuízo emocional da vida social; o uso da máscara corretamente e sua troca à medida que seja necessário; distanciamento no trabalho e nas áreas comuns e onde o cidadão estiver; evitar sair do domicílio sem necessidade; e adesão à vacinação quando o governo federal disponibilizar à população”, concluiu.
Assessoria de Imprensa | Grupo Tiradentes