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“Cringe”: o conflito de gerações pelas redes sociais

Postagens com críticas e piadas sobre costumes das gerações Y e Z realça as diferenças de ideias e costumes entre pessoas nascidas em épocas diferentes

às 20h26
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Um meme que começou a circular na internet há dias atrás reeditou o velho conflito entre “quadrados” e “prafrentex”, também chamados respectivamente de “caretas” e “modernos”, ou “velhos” e “jovens”. Agora, ele aparece na forma do “cringe”, uma gíria da língua inglesa que pode ser associada à expressão “vergonha alheia”. Uma postagem no Twitter pediu aos usuários da chamada Geração Z, nascidos a partir de 1999, que citassem referências e hábitos que eles não gostam nos chamados Millennials (Geração Y), que nasceram de 1985 até lá. 

Foi o bastante para mais uma “treta” virtual, com troca de mensagens, animações, piadas e alfinetadas tão divertidas quanto acaloradas. E aí se descobriu que uma série de músicas, filmes, roupas, tipos de comida, lugares e até os costumes de pagar boletos e tomar café da manhã eram vistos pelos mais jovens como vergonhosos, ou seja, um “mico”. Para os que estudam o assunto, trata-se de um conflito entre gerações, que sempre aconteceu ao longo da história, na medida da convivência entre os mais velhos e os mais novos. 

“Nós estamos vivenciando essa demarcação de gerações e isso vem acontecendo muito também nas redes sociais, pela produção de memes, marcando as diferenças de padrões de comportamento e do que influenciou nas épocas dos Millennials e da Geração Z. Esse encontro de gerações não é algo recente, porque também os pais eram de outras gerações, que são as chamadas Baby Boomers. Essa é uma demarcação interessante”, define a professora Renata Laureano da Silva, preceptora do curso de Psicologia do Centro Universitário Tiradentes (Unit Alagoas), referindo-se às gerações anteriores, chamadas Baby Boomers (1945-1964) e Geração X (1965-1984). 

Renata, que se considera uma Millennial, explica que as gerações são definidas e demarcadas por padrões de moda, cultura e comportamento em comum, por meio de referências com as quais os nascidos nas mesmas épocas se identificam. “Eu até brinco às vezes com os alunos, dizendo assim: ‘Enquanto você estava nascendo, eu estava no cinema assistindo o filme Titanic’. Aí, eu tenho alunos que nunca assistiram Titanic. Se eu falar com alguém que nasceu na mesma época que a minha, ele sabe como é o filme, a influência que ele teve na época. Então, isso tem um certo laço. Quem é da mesma geração cria um laço entre os pares”, define ela.

O estranhamento entre as modas e os costumes das gerações traz valores divergentes e também conflitos, que fazem cada pessoa considerar os costumes e modismos de determinada época são “certos” ou “errados”. A professora da Unit avalia que esse binarismo não é adequado na comparação entre uma geração e outra. “A questão é entender que até na época dos nossos pais, por exemplo, eles não tinham acesso a determinadas informações que nos fazem pensar de determinada forma. A mesma coisa da Geração Z. A gente tem que ter uma certa calma e cautela, quando a Geração Z critica a Millennial de pensar que hoje eles têm um outro acesso a informação para mudança de pensamentos, de ideais e de valores”, pontua Renata. 

Conversa de gerações

Um exemplo de diálogo entre gerações é a chamada “solidariedade geracional”, na qual pessoas nascidas em uma determinada época ensinam suas causas e valores no sentido de melhorar o mundo e as relações humanas. A psicóloga cita a preocupação com o meio ambiente, mais arraigada na Geração Z, e o conhecimento sobre o mercado de trabalho, mais presente na Y. Para ela, o papel dos educadores é muito importante para a formação das gerações futuras. 

A gente está vivendo num ambiente em que o futuro é muito incerto. Temos que pensar enquanto educador, em ter um compromisso de formar profissionais comprometidos com a realidade social. Um perfil crítico, reflexivo, sobre a realidade em que ele atua. Isso pra qualquer profissão ou graduação. E a Geração Z vai precisar muito desse comprometimento com a realidade social. Se a gente pensar nisso que eu chamei de solidariedade geracional, a gente pode criar realidades menos desiguais. Podemos pensar em construção de políticas públicas, em construção de direitos, cobrar uma sociedade mais igualitária”, afirma Renata, referindo-se ao ponto de comunicação existente entre os Millennials e a Geração Z. 

Asscom | Grupo Tiradentes

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