Com mais de 2 milhões de casos confirmados em 2024, e mais de 680 mortes, o maior número desde o início da série histórica em 2000, segundo os dados do Ministério da Saúde, a dengue, doença transmitida pelo mosquito Aedes aegypti, voltou a ser alvo de preocupação no país, atingindo números alarmantes e levantando inquietações sobre a capacidade de controle dessa epidemia.
Desde o seu primeiro registro no país, nos anos 80, a dengue tem sido um desafio constante para as autoridades de saúde pública, mas o recente ressurgimento da doença levanta questões sobre os principais fatores por trás desse aumento e as estratégias necessárias para contê-lo. O médico infectologista e professor da Universidade Tiradentes (Unit), Matheus Todt, destaca os principais.
“O principal fator para o ressurgimento da dengue é o aumento da reprodução do mosquito Aedes aegypti. O mosquito se prolifera em água parada, presente em diversos locais como calhas, pneus velhos, vasos de plantas e até mesmo tampas de garrafas. Junto a esse fator tem também as mudanças climáticas, como o aumento da temperatura e a redução da pluviosidade. Temperaturas mais elevadas aceleram o ciclo de vida do mosquito, enquanto a redução da chuva diminui a quantidade de água disponível, levando o mosquito a buscar água parada em ambientes artificiais”, elenca.
Medidas preventivas e controle
Embora a vacina contra a dengue seja uma ferramenta importante, Todt ressalta que o combate aos criadouros do mosquito continua sendo a principal medida de controle da doença. “Campanhas de conscientização quanto ao combate ao mosquito vetor tem sido veiculadas. Agentes de endemias têm feito busca ativa de casos e de reservatórios do mosquito. Mais recentemente foi disponibilizada a vacina contra a Dengue pelo Sistema Único de Saúde (SUS). Porém, enquanto não houver uma mobilização expressiva da população, a Dengue continuará sendo um grave problema de saúde pública”, pontua Todt.
Outras medidas importantes para prevenir a dengue:
- Usar repelente contra mosquitos;
- Usar roupas que protejam o corpo, como calças e camisas compridas, especialmente ao amanhecer e ao anoitecer;
- Manter as telas de proteção das janelas e portas em bom estado;
- Eliminar a água parada de vasos de plantas e outros recipientes;
- Manter calhas e lajes limpas;
- Cobrir caixas d’água e tonéis;
- Descartar pneus velhos de forma adequada.
Sintomas, grupos vulneráveis e perspectivas futuras
A dengue pode apresentar sintomas leves a moderados, como:
- Febre alta: A febre é o principal sintoma da dengue e pode durar até 7 dias.
- Dor no corpo: Dor no corpo, dor de cabeça e dor atrás dos olhos também são sintomas comuns da dengue.
- Sangramento: Sangramento nasal, gengival e manchas vermelhas na pele podem ser sinais de alerta da dengue.
- Queda de pressão e sonolência excessiva: Queda de pressão e sonolência excessiva também são sinais de alerta da dengue.
“Todos estão vulneráveis a contrair Dengue, no entanto, idosos, crianças pequenas, pessoas vivendo com doenças graves ou com problemas de imunidade e pessoas que já tiveram Dengue tem risco mais elevado de manifestar formas mais graves da doença”, alerta o médico infectologista.
O retorno da dengue como epidemia no Brasil requer uma abordagem que envolva medidas de controle do vetor, conscientização da população e investimento em pesquisa e desenvolvimento de novas estratégias de combate à doença. “A colaboração entre as autoridades de saúde, a comunidade e os profissionais de saúde é essencial para enfrentar esse desafio e proteger a população. Infelizmente as perspectivas não são muito animadoras. 2024 muito provavelmente será o ano com maior número de casos da doença. As medidas de controle têm sido adotadas, porém leva algum tempo para que surtam efeito”, prevê Todt.
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