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Desigualdade de gênero no mercado de trabalho: desafios e soluções

Uma análise profunda das barreiras enfrentadas pelas mulheres e as estratégias para a promoção da igualdade de oportunidades

às 19h25
Janaína Machado- Gerente do Unit Carreiras
Janaína Machado- Gerente do Unit Carreiras
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A desigualdade de gênero no mercado de trabalho é um tema premente e complexo que demanda uma análise minuciosa. Dados recentes revelam que, no Brasil, as mulheres ganham, em média, 77,7% do salário dos homens, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

Apesar dos avanços significativos, ainda existem disparidades notáveis entre homens e mulheres em diversos aspectos profissionais. De acordo com a gerente do Unit Carreiras e especialista em gestão de pessoas, Janaína Machado, essa discrepância se deve aos grandes obstáculos que as mulheres enfrentam no mercado de trabalho.

“Entre uma mulher branca e um homem branco é de 30%, entre uma mulher negra é de 40% a 50%. Essa disparidade salarial é uma clara desvalorização do trabalho feminino, que afeta não apenas as mulheres, mas também suas famílias. Quando as mulheres recebem salários mais baixos, isso impacta o acesso à educação e oportunidades de atualização, criando dificuldades financeiras”, diz Janaína.

Diferença salarial e jornada dupla

Essa desigualdade se origina, em parte, na sobrecarga de responsabilidades enfrentadas pelas mulheres. Além das atividades profissionais, elas frequentemente assumem a maior parte dos afazeres domésticos e cuidados com os filhos. Esse fenômeno, muitas vezes chamado de “jornada dupla”, impede que as mulheres dediquem tempo e energia suficientes para o desenvolvimento de suas carreiras.

“As mulheres têm uma jornada de trabalho muito maior do que os homens, pois lidam com todos os afazeres domésticos e maternos, isso é bastante evidente. Além disso, enfrentam os estereótipos que persistem nas áreas de engenharia e ciências, onde, infelizmente, a presença feminina ainda é limitada em nossa sociedade”, elenca a gerente do Unit Carreiras.

Estereótipos de gênero

Os estereótipos de gênero continuam sendo uma barreira significativa. “Essas ideias preconcebidas sugerem que as mulheres não têm a firmeza necessária, ao contrário dos homens, que são considerados melhores líderes devido à sua suposta capacidade de lidar com situações adversas. Esses estereótipos prejudicam a progressão das mulheres no mercado de trabalho, perpetuando a visão de que elas são emocionais demais para o ambiente profissional”, pontua.

No entanto, a realidade é que muitas mulheres têm demonstrado liderança excepcional ao lidar eficazmente com as emoções, uma qualidade valorizada no mercado atual. Assim, é fundamental desconstruir esses estereótipos prejudiciais para promover um ambiente de trabalho mais equitativo.

Licença-Maternidade e Licença-Paternidade

As políticas de licença-maternidade e licença-paternidade desempenham um papel importante na promoção da igualdade de oportunidades no mercado de trabalho.

“Infelizmente, muitas empresas não contratam mulheres jovens que estejam em um momento propício à maternidade, o que é um absurdo e constitui uma discriminação clara. Essas mulheres enfrentam uma pressão adicional, pois muitas vezes são preteridas sob o argumento de que podem tirar licença maternidade em breve”, observa Janaína.

Enquanto as mulheres muitas vezes enfrentam pressões para adiar a maternidade devido ao medo de perderem oportunidades de carreira, a situação é diferente para os homens. Suas carreiras raramente sofrem interrupções significativas devido à paternidade.

“Torna-se imperativo criar políticas públicas que contemplem tanto a licença maternidade quanto a licença paternidade, bem como oportunidades de carreira para mulheres que são mães. Isso contribuirá para a evolução das empresas, eliminando a discriminação muitas vezes enfrentada por mulheres que saem de licença maternidade e têm receio de perder seus empregos ao retornar ao trabalho”, enfatiza.

Além disso, as empresas devem adotar abordagens mais compreensivas para apoiar as necessidades emocionais das mães. “Isso é fundamental, uma vez que as mulheres muitas vezes necessitam de apoio e auxílio nesse período de transição. Não é à toa que a depressão pós-parto é uma realidade para muitas delas, uma vez que enfrentam esse momento com receios e incertezas em relação ao futuro. Portanto, é um período que demanda sensibilidade e compreensão”, sugere.

Promoção da representatividade feminina em cargos de liderança

A busca por cargos de liderança é frequentemente marcada por desafios para as mulheres. “Elas precisam equilibrar o ambiente de trabalho e a vida familiar, e muitas vezes acabam priorizando o trabalho e precisam abrir mão um pouco da vida em família, pois têm o dobro de responsabilidades femininas. É por isso que acredito muito na importância da representatividade feminina. Eu sei que a questão das cotas é um tema delicado, mas, para mudarmos a cultura, às vezes, a implementação de medidas punitivas, como as cotas, pode ser necessária”, enfatiza Janaína.

Embora as cotas sejam uma solução controversa, em muitos casos, podem ser necessárias para impulsionar a mudança cultural. “Com a conscientização e a mudança de cultura, a escolha entre um homem e uma mulher, muitas vezes, será baseada no mérito, e não no gênero. Portanto, inicialmente, é importante ter essas obrigações, cotas e necessidades para, no futuro, tornar-se realmente um padrão. Não acredito que se deva contratar uma mulher que não se encaixe no perfil da vaga apenas por ser mulher. O que defendo é que, quando uma mulher e um homem têm o perfil adequado, é crucial começar a promover a representatividade feminina em cargos de liderança”, sugere Janaína. 

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