Alunos do curso de Direito dos campi Estância e Propriá da Universidade Tiradentes aproveitaram a 16ª Semana de Pesquisa – Sempesq – para deixar o juridiquês de lado e aprender por meio da sétima arte. No primeiro “Direito em Tela”, festival organizado pela professora Renata Cristina Macedônio, titular da disciplina Direito Administrativo, os acadêmicos se transformaram em diretores, roteiristas, produtores, atores, e produziram curtas-metragens sobre a violação de princípios nos processos de licitação.
Os filmes foram exibidos, nos dias 29 e 30 de outubro, para uma plateia numerosa e a programação também incluiu apresentações musicais e declamação de poemas como “Epílogo”, do barroco Gregório de Matos, reconhecido por suas críticas aos desmandos na Bahia colonial. Em Estância, cada curta-metragem abordou um princípio específico, como o da vinculação ao instrumento convocatório – todo processo licitatório precisa cumprir normas constantes em um edital – e o da impessoalidade, que garante o sigilo das propostas por meio da entrega de envelopes lacrados. Em Propriá, os filmes tiveram como foco os princípios da Administração Pública, constantes no Artigo 37, da Constituição Federal.
De acordo com a professora Msc. Renata Macedônio, o projeto chega para romper paradigmas. “O Direito tem que ser visto sob o viés da arte. É preciso retirar a gravata do Direito, fazer com que ele se torne uma ciência aberta aos ensinamentos das demais. O Direito visa harmonizar os conflitos da sociedade, que é composta por seres humanos que não são exatos, mudam o tempo todo. A vida é dinâmica, complexa, e precisa de um ar interdisciplinar”, argumenta Macedônio.
O projeto também visa aguçar o olhar crítico sobre a corrupção, um dos grandes problemas que entravam a construção da cidadania no País. O curta vencedor, por exemplo, teve como roteiro a história de um prefeito que fraudou a licitação para beneficiar um empresário que investia em suas campanhas eleitorais. “No final do filme, nós vimos o prefeito corrupto sendo preso. Infelizmente isso não acontece na realidade. Esses corruptos encontram meios de sair impunes, formando fortunas com o dinheiro público e quem paga por isso somos todos nós”, analisa o aluno Carlos José Andrade Santos, porta-voz da equipe ganhadora.
JÚRI
Professores e gestores da Unit integraram o júri do festival de cinema “Direito em Tela”. A professora Gabriela Maia Rebouças, do Programa de Pós-Graduação em Direito, elogiou a qualidade dos vídeos e a atuação dos alunos. Gostei de ver outros temas sendo trabalhados paralelamente, como saúde e educação. Isso mostra que o Direito implica nessa interdisciplinaridade, apresentada aqui na forma de cinema”, observa.
O coordenador do curso de Direito em Estância, professor Manoel Caldas, já vislumbra novas edições do festival nas próximas Semanas de Pesquisa da Universidade Tiradentes. “A Sempesq se traduz na construção do conhecimento por parte de alunos e professores. Quando essa parceria foge ao formato tradicional, daquela pesquisa, muitas vezes feita em cima de livros mais doutrinários ou casos jurídicos práticos, conseguimos envolver o estudante de forma mais lúdica, em um trabalho que transcende área de formação acadêmica dele e agrega para o curso, para o estudante e para os professores”, avalia.