Uma pesquisa realizada pela estudante do curso de Engenharia Mecânica da Universidade Tiradentes (Unit), Hanna Melissa Santana Silveira, contribui para o esforço mundial de redução do uso de combustíveis fósseis, como a gasolina, o carvão mineral e o gás natural. A queima desses produtos emite os chamados gases de efeito estufa, que favorecem o aumento da temperatura média do nosso planeta.
O estudo realizado no Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), desenvolve novas tecnologias de produção de biocombustíveis, compostos de matéria-prima renovável e capazes de substituir, ao menos em parte, os combustíveis fósseis, explica o professor e orientador do projeto, Cláudio Dariva.
“Hanna está desenvolvendo biocombustíveis renováveis. Esse tema é muito interessante porque estamos em uma época de transição energética bastante forte, com uma demanda muito grande da sociedade e do meio produtivo por novas fontes de energia. Entre elas, uma das energias que estão sendo estudadas para serem usadas no futuro é da bioquerosene de aviação. Ela vai estudar rotas e estratégias para produção de combustíveis a partir de biomassas encontradas no Nordeste”, esclarece.
A autora da pesquisa, Hanna Melissa, está estudando processos de baixo custo para a fabricação de dois tipos de biocombustível: o diesel verde e o bioquerosene de aviação. “Existem diferentes tecnologias para produzir bio querosenes. A gente vai investigar tecnologias e rotas para produção desses biocombustíveis a partir da biomassa. Eu escolhi esse tema porque dentre as demandas apresentadas pelo professor Cláudio Dariva o BioQAV me despertou maior curiosidade em relação aos outros biocombustíveis, pois de fato o bioquerosene é um combustível sustentável e renovável pouco discutido se comparado aos demais. Dessa forma, me senti desafiada e motivada para estudar algo novo”, afirma.
Ela conta que a sua proposta de trabalho é atuar nesta linha de pesquisa. “Estudar, pesquisar e produzir bioquerosene é relevante para a sociedade porque contribui para os objetivos de desenvolvimento sustentável propostos pela Organização das Nações Unidas (ONU), para políticas de Carbono Zero e consequentemente coloca o nosso país numa posição de destaque quando o assunto é bioenergia sustentável”, ressalta.
Hanna conta que desde o primeiro período do curso já estava envolvida em pesquisas. “Em conjunto com a minha equipe de pesquisa executei dois projetos. Na 1ª unidade desenvolvi um POP de BioQAV, nele fiz um levantamento das principais propriedades e faixas de especificações do bioquerosene. Já na 2ª unidade investiguei rotas tecnológicas para produção de bioquerosene de aviação, nesse projeto eu classifiquei matérias-primas, tecnologias de conversão e descrevi os processos produtivos de cada rota”, destaca.
A partir das primeiras pesquisas foi possível dar encaminhamento para o estudo dos biocombustíveis. “Vou trabalhar junto do grupo de pesquisa que atua no Núcleo de Estudos em Sistemas Coloidais (NUESC) e no ITP, onde alunos de mestrado e doutorado conduzem já suas dissertações e teses neste tema. Em todos eles, a ideia é partir de biomassas (óleos, gorduras, resíduos agroflorestais, resíduos de produção agrícola) e, por meio de reações termoquímicas, transformar estes materiais em biocombustíveis líquidos, tais como biodiesel, diesel verde e etanol, entre outros. No meu caso eu estou focada na busca de bioquerosenes de aviação. A proposta é investigar justamente matérias-primas regionais para tal, a exemplo do bagaço de cana de açúcar. Também queremos avaliar tecnologias que permitam o uso de resíduos sólidos urbanos, a exemplo dos resíduos de coco verde, contribuindo também para a sustentabilidade ambiental”, explica.
A estudante que está cursando o segundo período do curso por meio do Projeto Inova Tiradentes afirma ser encontrada no ensino baseado em projetos. “Desde o ensino médio sou fascinada por física, química e adorava me engajar em projetos, como olimpíadas e gincanas. A partir dessas paixões eu cheguei a conclusão que seguir o ramo das ciências exatas e engenharias era para mim. Inicialmente, eu prestei vestibular para engenharia mecatrônica, me interessei por causa da Feira do Vestibular (Feivest), mas acabei escolhendo fazer Engenharia Mecânica. No curso, conheci suas diversas aplicações, fiquei certa de que estou no caminho certo”, declara.
De acordo com a estudante, a Universidade Tiradentes ofereceu todo o suporte necessário para que ela iniciasse a carreira de pesquisadora. “Eu faço iniciação científica desde o primeiro período do curso. Fiquei muito feliz quando o Dariva me fez o convite. Meus próximos passos na Universidade são me engajar ainda mais em projetos de tecnologia e inovação e contribuir ativamente no meu trabalho de iniciação científica. Atualmente, penso em seguir a área de pesquisa após a conclusão do curso”, conclui.
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