A Universidade Tiradentes (Unit) por meio do Núcleo de Recursos Humanas (RH) realizou um Encontro de Letramento Racial e seus Objetivos. O evento teve como premissa apresentar para a Reitoria, Pró Reitoria, Presidência, Vice Presidência e Diretoria a importância de investir em processos formativos e reflexivos sobre pertencimentos raciais, processos de racialização e debates sobre o letramento racial no ambiente acadêmico e institucional.
A diretora de Recursos Humanos do Grupo Tiradentes, Alessandra Faria, comenta que a ideia de realizar o evento surgiu após participar de uma palestra com a professora doutora Sara Rogéria. “No ano passado vi o projeto dela chamado ‘Negras Vozes’ e pensei em como a gente poderia expandir isso para o Grupo Tiradentes. Foi então que começamos a falar sobre o tema para a diretoria porque víamos um grande potencial de sensibilizar a organização inteira porque nós como Instituição de Ensino podemos mudar o mundo para as próximas gerações. É um fio de novelo que a gente vai puxando e dando corda para que venham mudanças positivas. E não digo isso só em relação à luta contra o racismo, mas na diversidade de gênero e nas lutas femininas. Acredito que seja muito importante trazer essa discussão para o ambiente acadêmico para que seja um passo para a mudança do cenário atual para futuras gerações”, frisa.
De acordo com a professora doutora Sara Rogéria, a função do Letramento Racial é apresentar para os gestores e diretores do Grupo Tiradentes alguns elementos que são importantes para pensar a diversidade étnico racial no Brasil e as estruturas que fazem com que pessoas negras estejam em situação de vulnerabilidade ou em situação de exclusão, nos ambientes corporativos.
“É necessário a gente compreender os conceitos, os termos, a fim de ver na prática como é que eles se presentificam, como é que eles se realizam. No Letramento Racial trabalhamos com alguns temas etnicoraciais que são baseados para pensar essas questões, alguns termos, a linguagem ofensiva e racista que ainda é utilizada de forma naturalizada. Também é imprescindível falar sobre relações de poder, como é que se dá um racismo estrutural, racismo recreativo, institucional e as dicotomias entre negritude e os espaços de poder que essas pessoas ocupam”, aponta.
A doutora em literatura e cultura ressalta que trazer discussões raciais para ambientes corporativos desconstrói formas de pensar e agir naturalizadas e normalizadas socialmente. “Para que de fato exista uma mudança estrutural primeiro é necessário que haja uma um reconhecimento da necessidade de se pensar no letramento racial e de como as instituições de alguma forma reproduzem o racismo cultural e o racismo estrutural. O letramento racial possibilita esse abrir os olhos para o seu entorno e perceber o sistema etnicamente monocromático que nós vivemos. A partir dessas discussões será possível mudar o cenário e provocar as instituições e seus representantes a mudar esse cenário onde o epistemicídio ainda é tão forte”, declara.
O pró-reitor de Pós-graduação, Pesquisa e Extensão, Ronaldo Linhares, comenta a importância do letramento racial nas instituições. “É um momento ímpar ter na Unit a oportunidade de participar de um evento que aborda o Letramento Racial. A Universidade Tiradentes tem o nascedouro nas classes populares, ou seja, é uma universidade particular, mas a gente sabe que boa parte dos alunos são trabalhadores das classes C e D, e essas classes são evidentemente pardas e negras. Por isso é tão importante discutir abertamente sobre isso. Aprender as possibilidades e a viabilidade de trabalhar a questão racial de forma democrática, aberta, livre e autônoma para que o sujeito negro possa ter a certeza de que está em um ambiente em que ele também é considerado”, salienta.
Para o presidente do Grupo Tiradentes, Luciano Klima, o Encontro de Letramento Racial e seus Objetivos é uma importante ferramenta para a Instituição. “O mais importante é trazer a conscientização para dentro do ambiente acadêmico e corporativo. Nesse evento exploramos junto com uma especialista no assunto temas referentes ao enfrentamento do racismo cultural e estrutural. A doutora Sara Rogéria nos trouxe de forma clara e didática métodos de enfrentamentos e de como conscientizar as lideranças do Grupo acerca dessa temática. Acredito que essa foi uma maneira muito bacana de começar a implementar e conscientizar os integrantes da instituição”, pontua.
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