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Insegurança alimentar afeta 41% da população no Brasil

Estudo revela dados sobre os diferentes níveis de insegurança alimentar no país e destaca a urgência de políticas públicas eficazes para garantir o direito humano à alimentação adequada

às 17h37
Foto: Conselho Federal de Nutrição
Foto: Conselho Federal de Nutrição
Ticiane Munareto- Nutricionista e professora de Nutrição da Unit
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No Brasil, a insegurança alimentar é um problema persistente que afeta milhões de pessoas em todo o país. Segundo pesquisas do Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE), a insegurança alimentar se manifesta em diferentes níveis, desde preocupações com a duração do dinheiro para comprar alimentos até situações de fome extrema. Mais de 70 milhões de brasileiros, cerca de 41% da população, vivem em situação de insegurança alimentar, segundo o último relatório da Organização das Nações Unidas para a Alimentação e a Agricultura (FAO).

“Na insegurança moderada, adultos da família podem sacrificar sua própria alimentação para garantir que as crianças sejam alimentadas. Por outro lado, na insegurança grave, toda a família enfrenta escassez de alimentos, incluindo as crianças, levando a situações de privação alimentar, como refeições puladas ou incertezas sobre o próximo horário de alimentação. Este estágio afeta cerca de 5,6% da população em domicílios proporcionais em Sergipe, o que representa uma preocupação significativa para uma população de mais de 2 milhões de habitantes”, explica a nutricionista e professora de Nutrição da Universidade Tiradentes (Unit), Ticiane Munareto.

A insegurança alimentar não impacta apenas o estômago, mas também a saúde física e mental, o desenvolvimento educacional e as oportunidades de vida das pessoas afetadas. Crianças, por serem mais vulneráveis, são as que mais sofrem com as consequências dessa triste realidade. “Temos dados preocupantes, especialmente em nosso estado, onde quase metade da população enfrenta insegurança alimentar. Pelo menos a qualidade nutricional desses alimentos está comprometida, o que consequentemente traz prejuízos para as gerações futuras”, destaca Ticiane Munareto.

Causas predominantes

Entre os principais motivos estão a desigualdade de renda, que limita o acesso aos alimentos para uma parcela significativa da população, e a falta de políticas públicas eficazes para garantir a segurança alimentar. Além disso, a concentração de terras e recursos nas mãos de poucos, juntamente com práticas agrícolas inadequadas e vulnerabilidade a eventos climáticos extremos, contribuem para a instabilidade na produção de alimentos. 

“O direito humano à alimentação adequada é um princípio fundamental consagrado em nossa Constituição Federal. Ele é universal, garantindo a todos, sem exceção, o acesso a alimentos de qualidade, sem a preocupação com a possibilidade de escassez. Esse direito vai além da simples questão nutricional; inclui também a qualidade sanitária dos alimentos, especialmente diante do crescente uso de agrotóxicos. Portanto, é imperativo assegurar que todos tenham acesso a alimentos que atendam aos padrões de adequação e qualidade, garantindo não apenas a nutrição, mas também a saúde e o bem-estar de toda a população”, elenca.

A falta de acesso à educação e informações sobre nutrição também desempenha um papel importante, pois muitas vezes as pessoas não têm conhecimento sobre como fazer escolhas alimentares saudáveis dentro de suas limitações financeiras. Todos esses fatores combinados criam um cenário onde a insegurança alimentar persiste e afeta milhões de brasileiros, exigindo uma abordagem abrangente e coordenada para enfrentar suas causas subjacentes.

“O indivíduo muitas vezes faz trocas de alimentos, substituindo alimentos mais caros por opções mais baratas, como trocar carne por salsicha e mortadela, que não são nutricionalmente adequadas. Essa troca não é justa, pois muitas vezes os alimentos industrializados têm um preço menor de mercado. Assim, quando há essa mudança na qualidade dos alimentos, ocorre a insegurança leve”, pontua Ticiane.

O papel das políticas públicas

Segundo Ticiane, as políticas públicas desempenham um papel crucial no combate à fome, pois têm o potencial de abordar suas raízes sistêmicas e fornecer soluções de longo prazo. Ao desenvolver e implementar programas voltados para a segurança alimentar, os governos podem ajudar a garantir o acesso equitativo e sustentável aos alimentos para todos os membros da sociedade. 

“Algumas soluções incluem medidas como a distribuição de alimentos em áreas afetadas pela fome, a implementação de programas de nutrição infantil, a promoção da agricultura sustentável e o investimento em educação alimentar e agrícola. Além disso, políticas que visam reduzir a desigualdade social e econômica, garantir salários dignos e acesso a serviços básicos, como saúde e educação, também desempenham um papel fundamental na erradicação da fome”, reforça a nutricionista.

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