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Jouberto Uchôa de Mendonça: 87 anos dedicados a inspirar pessoas

Colaboradores da Universidade Tiradentes destacam a vida e a trajetória do professor, que pautou a sua carreira no constante incentivo à educação e ao aprendizado

às 14h42
O neto Bruno Uchôa segue os passos do avô e já é colaborador da Unit
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Uma vida dedicada à causa de ensinar, formar e inspirar pessoas. Esta é a vida do fundador do Grupo Tiradentes e reitor da Universidade Tiradentes (Unit), professor Jouberto Uchôa de Mendonça, que completa 87 anos neste dia 17 de setembro. A trajetória, a carreira e seus exemplos de vida são diariamente reconhecidas pela população sergipana, pelos amigos e admiradores que conquistou Brasil e mundo afora, e principalmente pelos milhares de estudantes e colaboradores que, no presente ou no passado, tiveram a oportunidade de conviver com ele e com seu legado, mesmo que indiretamente. 

Uma de suas características mais lembradas é o constante incentivo para que cada pessoa mantenha a disposição e a vontade de aprender, fazendo dela um caminho mais firme e seguro para progredir na carreira profissional ou mesmo na vida pessoal. Isto é lembrado por colaboradores como Anderson Rego Siqueira, que está no Grupo Tiradentes há 37 anos, mas foi aluno do primeiro curso técnico de administração aberto no Estado, no antigo Colégio Comercial Tiradentes. Ele lembra de uma conversa que teve com Uchôa por volta de 1977, e que foi decisiva para a sua carreira. 

“Ele chegou na empresa onde trabalhava, ficou admirado por eu ter saído de um banco e perguntou se eu estava estudando. Disse que não e ele respondeu: ‘Você não pode ficar sem estudar. Vai ter um vestibular agora, e eu quero te ver lá fazendo o curso. Pra mim, foi um marco, porque ele me estimulou. Fiz o vestibular, fui aprovado, e três anos depois de concluir o curso, eu ingressei na instituição”, conta Rego, que foi professor do curso de Contabilidade por quase 30 anos e hoje é gerente de negociação. “Ele é um dos seres humanos que não se podem esquecer, por sua grandeza de imaginação, de cumplicidade… O que seria de Aracaju se não tivesse um professor Uchôa na sua vida?”, diz ele.

Esse incentivo também é lembrado por Aline Andrade de Jesus, que é consultora de Recursos Humanos e está há 14 anos como colaboradora da Unit, onde foi aluna de Gestão de RH e começou a trabalhar como recepcionista. Ela lembra da atenção e da cordialidade que Uchôa sempre dispensou no contato com as pessoas. “Ele gostava muito de bater perna no minishopping e nos corredores, sempre simpático, conversando com os alunos, perguntando da família… Eu lembro muito de ele chegar pra gente, dar um abraço e um beijinho na cabeça. É a marca registrada dele”, afirma. 

Aline também destaca a história de vida do professor Uchôa como um exemplo de sucesso em sua trajetória. “Eu o vejo como um empreendedor. Uma pessoa que veio de baixo, construiu uma carreira e alcançou o que tem hoje e o que construiu pelos seus méritos. Ele realizou seus sonhos e realizou os sonhos de muitas outras pessoas”, definiu. 

E nada mais profundo do que inspirar os sonhos e a história da própria família, composta por quatro filhos, oito netos e uma bisneta. Um destes netos, Bruno Uchôa Santa Rosa, vem dando seus primeiros passos como colaborador da Unit, onde trabalha há pouco mais de um ano como assistente no Núcleo Comercial da modalidade Ensino à Distância (Unit EaD). Para ele, é difícil escrever um só momento como marcante, pois todos os momentos na companhia do avô tornam-se especiais.  

“A sua humildade e o seu carisma são algumas das qualidades que eu mais admiro e aprendo, o jeito como ele trata todos ao seu redor é algo extraordinário”, resume Bruno, que ressalta ainda a causa pela qual Jouberto dedicou toda a sua vida: a educação. “Eu tenho certeza que ele contribuiu e contribui até hoje no avanço da educação sergipana, formando e preparando gerações para o futuro. É perceptível o brilho no seu olhar e a vontade de querer fazer sempre mais quando fala sobre educação. É a minha maior fonte de inspiração para absolutamente tudo”, acrescenta. 

A trajetória

Jouberto Uchôa nasceu em Aracaju, no ano de 1936, mas foi criado com os avós em Girau do Ponciano, interior de Alagoas, e ali conseguiu iniciar os estudos, mesmo enfrentando condições adversas. Aos sete anos, voltou à casa dos pais, na capital, e concluiu o então primário elementar em 1949. Um ano depois, fez um curso profissionalizante de tecelagem no Senai (Serviço Nacional de Aprendizagem Industrial) e passou a trabalhar em fábricas de tecidos existentes na época. Ele chegou a passar um tempo como funcionário da Prefeitura de Aracaju, pela qual foi enviado ao Rio de Janeiro para fazer um curso de Administração Pública. 

O contato com a Educação veio a partir de 1954, quando Uchôa passou a trabalhar em um antigo ginásio da capital. Ali, exerceu as funções de vigilante, inspetor de alunos (bedel), professor de Matemática, secretário e diretor. A prática diária levou aquele funcionário dedicado a aprofundar ainda mais os seus estudos, em cursos da áreas contábil e comercial da Escola Técnica de Comércio de Sergipe, da Escola Técnica de Comércio Tobias Barreto e da Campanha de Aperfeiçoamento do Ensino Secundário (Cades), instituições de ensino existentes na época. Todos estes conhecimentos foram solidificando o sonho de construir a própria escola e ir mais além na sua missão de formar e ensinar. 

Em 1962, Uchôa fundou o Ginásio Tiradentes, que em seguida virou colégio e ganhou uma sede própria, na rua Lagarto, em 1969. Três anos depois, em 1972, veio a autorização para funcionar como faculdade e oferecer três cursos com grande demanda de profissionais em Sergipe: Administração, Economia e Ciências Contábeis. E nas décadas que se seguiram, vieram as aberturas de outros cursos de grande demanda ou inéditos até então, como Direito, Jornalismo, Odontologia, Sistemas de Informação e boa parte das licenciaturas. Em 1994, as Faculdades Integradas Tiradentes passaram a funcionar como Universidade Tiradentes (Unit), da qual Jouberto é reitor desde então.  

Durante todo esse tempo, e mesmo com os desafios de administrar uma instituição, o próprio fundador manteve acesa a sua disposição para estudar e progredir ainda mais seus conhecimentos: fez o curso de Ciências Jurídicas e Sociais na Universidade Federal de Sergipe (UFS), no qual se formou em 1972, e posteriormente duas pós-graduações pela Fundação Getúlio Vargas (FGV): em Administração de Unidades de Ensino e em Administração Pública. 

Essas e outras realizações a serviço da educação e do desenvolvimento do Estado renderam ao professor uma série de títulos e honrarias prestadas em reconhecimento. Em 2013, tomou posse na cadeira 23 da Academia Sergipana de Letras (ASL). Ele também é imortal das academias sergipanas de Educação, de Administração e de Letras Jurídicas. E desde 2021, ocupa a cadeira 33 da Academia Nacional de Economia, cujo patrono é o antigo rei Dom João VI.

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