Por Raquel Passos e Mariane Marques
Há 51 anos aconteceu um importante marco para a classe LGBTQIA+, a rebelião de Stonewall, em Nova Iorque, uma série de manifestações contra a violência policial em relação a população LGBTQIA+. Naquela época, ser gay era considerado crime em boa parte dos Estados Unidos e isso fazia com que esse público fosse privado do livre acesso em vários estabelecimentos e da própria liberdade de expressão.
Em 28 de Junho é considerado o Dia Internacional do Orgulho LGTQIA+, mas o mês é marcado por protestos em todo o mundo, relembrando o que aconteceu em Nova Iorque. Uma dos mais importantes protestos no Brasil é conhecido como a “Parada do Orgulho LGBT”, momento que a sociedade se une em busca dos direitos e luta contra o preconceito e violência.
De acordo com a professora do curso de Direito da Universidade Tiradentes e coordenadora do projeto Transjus, Acácia Lelis, nesse mais de meio século muitos direitos já foram conquistados, é bem verdade, mas ainda há o que se conquistar.
“Muitas ações judiciais foram intentadas visando reconhecer os direitos de pessoas LGBTQIA+ nessas últimas décadas, como: o reconhecimento pelo STF, em maio de 2011, de que casais homoafetivos possam constituir família com a devida proteção legal; o reconhecimento de direitos de casar, através da resolução 175 do CNJ em 2013; o provimento 73 do CNJ sobre mudança de sexo e nome de pessoas trans; e o enquadramento da homofobia e transfobia como crime de racismo pelo STF em 2019”, pontua professora Acácia, reforçando que esses avanços foram conquistados graças a militância LGBTQIA+ que tem apoio dos defensores de direitos humanos.
LGBTQIA+
Em 2020, devido a pandemia causada pelo vírus da Covid-19, a população não pode ir às ruas em junho. A parada LGBTQIA+ de São Paulo, que é considerada uma das maiores do mundo, transferiu sua data presencial para novembro, mas o evento aconteceu no último dia 14, de forma virtual.
E o projeto TransJus, da Unit, realizou uma live no último dia 15 para debater sobre a vulnerabilização de pessoas LGBTQIA+ durante o isolamento social. “A pandemia impediu a ida às ruas, mas não calou a voz, que através das redes sociais se manifestou”, ressalta Acácia.
Para a professora e preceptora do curso de Psicologia da Universidade Tiradentes, Dayane Figueiredo, o espaço virtual também é uma ferramenta importante nesta luta. “Hoje, o mundo virtual tem muito mais peso do que há meses atrás, peso no sentido de causar efeito e de ser um espaço de expressão das subjetividades, opiniões e pensamentos, como também de alcançar a visibilidade não só na cidade onde moramos, mas o mundo inteiro”, destaca.
Saúde Mental
As pessoas LGBTQI+ sofrem preconceitos de diversas formas, que vão da exclusão dos próprios ambientes familiares até os ambientes profissionais, da violência física a psicológica, como uma tentativa de aniquilação não só das vidas e dos corpos, mas também das subjetividades.
De acordo com a professora Dayane, há patologização disso tudo, já que há quem considere “pecado” ou mesmo doença compor o grupo LGBTQIA+ e a luta contra essa “cura gay” tem relevância.
“Em tempos de tantas incertezas, de polarização política e ideológica, permanecer os acontecimentos das paradas LGBTQIA+ e comemoração do Dia Internacional do Orgulho LGBTQIA+ é extremamente importante para mostrar que cada expressão de ser e de amar, importa! Muitas pessoas que foram expulsas de suas próprias famílias acabam enxergando que não estão sozinhas”, explica a professora Dayane Figueiredo.
Além do projeto Transjus da Unit, iniciativas como o Remonta, voltado para o acolhimento e Saúde mental das pessoas LGBTQIA+; e a Casamor, um local que acolhe e vem sendo o lar para muitos sergipanos, ganham destaque em meio à luta.