ESTUDE NA UNIT
MENU

Livro de escritora egressa da Unit concorre a dois prêmios de literatura

‘Não é o que Parece’, de Thiarlley Valadares, ultrapassa a marca de 50 mil páginas lidas no Kindle; romance de personagens aborda questões raciais e de gênero no mundo corporativo

às 18h31
A escritora Thiarlley Valadares, jornalista formada pela Unit e autora de ‘Não é o que parece’, obra independente que concorre aos prêmios Kindle e Lítera (Divulgação)
A escritora Thiarlley Valadares, jornalista formada pela Unit e autora de ‘Não é o que parece’, obra independente que concorre aos prêmios Kindle e Lítera (Divulgação)
Compartilhe:

O uso da literatura para dar voz às questões sociais mais importantes do momento é o tom pelo qual segue as obras da escritora sergipana Thiarlley Valadares, egressa do curso de Jornalismo da Universidade Tiradentes (Unit). Com cinco livros publicados até o momento, ela vem ganhando destaque com seu último trabalho: o romance ‘Não é o que parece’, que está disponível em formato e-book (digital) e já ultrapassou a marca de 50 mil páginas lidas na plataforma Kindle, da Amazon. 

A obra também está entre os concorrentes do 8º Prêmio Kindle de Literatura, criado para prestigiar romances originais publicados por autores independentes brasileiros, e cujos resultados serão divulgados em breve. E também foi indicada para concorrer ao Prêmio Lítera 2023, promovido pelos três perfis de divulgação literária mais seguidos da plataforma X (antigo Twitter): TTLiterário, Divulga Nacional e Sem Spoiler. Nesse prémio, ‘Não é o que parece’ já ficou em segundo lugar como Melhor Romance e em terceiro como Melhor Protagonista. 

O livro conta a história de Ágatha, uma mulher negra que atua como executiva da área de assessoria de imprensa e é chefe de Jorge, um jovem jornalista recém-formado que é descendente de asiáticos que entra na empresa como trainee. Ágatha, que teve de superar diversos obstáculos em sua trajetória profissional, é descrita como uma profissional competente, mas uma pessoa arrogante e de difícil trato. Jorge, por sua vez, tenta conquistar a confiança dela e descobrir as origens da má fama que lhe foi atribuída. Os dois acabam convivendo por muito tempo, descobrindo diferenças que os afastam e com afinidades que os aproximam. 

De acordo com Thiarlley, o livro busca trabalhar uma série de questões ligadas ao preconceito racial e ao machismo enfrentado pelas mulheres, sobretudo no ambiente corporativo, mas sem deixar de lado a preocupação de contar uma história que prenda a atenção do leitor. “O livro traz sim essas questões, mas tenta ao máximo humanizar esses personagens e mostrar que muitas vezes o girl power, ou ‘mulheres no topo’, é uma coisa muito difícil e desgastante, principalmente se você é uma mulher de cor ou se é minoria, sendo LGBTQIAPN+, indígena, PCD…O livro tenta trazer essa mensagem, ao mesmo tempo que humaniza esses personagens, que muitas vezes tomam decisões precipitadas e fazem coisas que não deveriam fazer, mesmo sendo adultos”, resume. 

O processo de escrita

A autora conta que começou a desenvolver o livro por volta de 2016, a partir da descrição de uma cena, e foi trabalhando nele ao longo de sete anos, ao mesmo tempo em que concluía seu curso na Unit, exercia seu trabalho como jornalista e produzia outras obras literárias. A publicação saiu em agosto deste ano e, após um hiato inicial, começou a ser bastante procurada pelos usuários, a ponto de bater a marca de 2 mil páginas lidas por dia, segundo dados da própria Kindle.

Ela própria admite que ficou “surpresa e feliz” com o alcance obtido por sua quinta obra literária. “Eu fico muito satisfeita e acredito que a temática do livro também tem a ver com isso. Porque nós estamos hoje numa geração que está muito acordada para essas questões e que não lê ou não consome aquilo com que ela não se identifica. Eu imagino que ter personagens racializados e assuntos relacionados a isso tenha também trazido mais pessoas que não me conheciam ou que não era meu público pra esse livro”, comenta, expressando a mesma satisfação por participar do prêmio. “Só em participar já representa muito na minha trajetória, que é curta até aqui, se você parar pra pensar que são só três anos que eu tô publicando e já consegui participar desse prêmio. Então, já representa muito e que essa trajetória continue crescendo e sendo exitosa”, diz Thiarlley. 

A egressa também, é autora de outros quatro livros, incluindo o romance de época ‘O Bom Soldado’ (2020), a coletânea de contos e crônicas ‘Apenas Fugindo: o livro’ (2022), e o  romance adolescente ‘O Amor em Lugares Fechados’, lançado em 2021 pela Kindle e que já teve 37 mil páginas lidas. Estas obras trazem, segundo ela, um traço comum: a questão da mulher negra como personagem, seja em narrativas ou análises. A bibliografia é completada com a não-ficção “Mulheres Negras e Literatura: representatividade, estereótipos e protagonismo”, uma pesquisa que fez para a conclusão de sua pós-graduação em História e Cultura Afrobrasileira, na qual discutiu a presença de mulheres negras nas obras literárias brasileiras. 

Influências

Thiarlley escreve desde os 15 anos de idade, quando estudava em sua cidade natal, Tobias Barreto, e começou a se interessar pelas chamadas fanfics, histórias de ficção criadas por fãs de seriados, novelas ou bandas musicais. Em seguida, passou a se interessar por escritoras negras que adotou como principais influências: a nigeriana Chimamanda Ngozi Adichie, a americana Tiffany Jackson, a jamaicana Nicola Yoon e as brasileiras Carolina Maria de Jesus (1914-1977) e Conceição Evaristo. 

No entanto, a principal inspiração para escrever está em histórias e realidades vividas ou presenciadas por ela própria. “Acho que a minha referência também é isso, é o cotidiano. São as pessoas que estão ao meu redor, são as vivências que eu escuto, as vivências que eu tenho acesso”, explica. A escritora aponta ainda que o curso de Jornalismo da Unit contribuiu para aprimorar tanto o seu estilo de escrita quanto a capacidade de compreender as vivências e o cotidiano das pessoas. 

“Eu gosto de dizer que todo jornalista é escritor. O curso contribuiu e muito para a minha carreira de escritora, porque me abriu muitos horizontes, principalmente sobre criatividade, sobre observação. Também acho que o jornalista está muito ligado a ver a vivência dos outros, enxergar a necessidade dos outros. Porque você vai fazer aquela matéria que é importante noticiar, um desabamento de terra, uma falta d’água, e você se colocar no lugar daquela pessoa, daquela comunidade que estava passando por aquilo… Então eu acho que isso me ajudou muito também a enxergar a escrita com esse papel de levar boas histórias que toquem”, finaliza Thiarlley. 

Leia mais: 
“A Cidade dos Pulmões Ofegantes”: uma jornada pungente na pandemia da Covid-19
Estudantes de jornalismo vencem premiação do TJSE

Compartilhe: