Sempre que se chega o mês de novembro, quando se comemora a Semana da Consciência Negra, se levanta a discussão “o dia da consciência negra é importante?” Para Luislinda a resposta é afirmativa. “É uma necessidade imperiosa que se discuta a problemática da consciência negra no Brasil, mas ela não pode ser discutida apenas em um dia ou em um mês apenas, ela tem ser discutida todos os dias porque a necessidade é permanente”, afirma.
Luislinda Valois foi nomeada no dia 13 de junho deste ano para a Secretaria Especial de Políticas de Promoção da Igualdade Racial – SEPPIR –. “Para o negro se oferece apenas os serviços de execução, a parte de serviçal, de apoio, queremos que o negro tenha oportunidade de ter seu ápice social”, diz sobre o trabalho na Seppir. No Brasil, o índice de pobreza entre os afrodescendentes chega a média de 22%, valor duas vezes maior que entre os brancos (10%). Os dados são da Comissão Econômica para a América Latina e Caribe – CEPAL.
Para 2017, ela projeta muitos desafios à frente da secretaria. “Faremos um trabalho mais intensivo para o julgamento de processos de mulheres encarceradas, o holocausto do jovem preto e pobre da periferia também está na pauta, cotas para negros nas comissões de concurso. Nós estamos trabalhando para que os negros tenham oportunidade de fazer o curso no Instituto Rio Branco, pois não temos negros diplomatas e também queremos estágios de jovens negros do Brasil na ONU”, declara.
Aos jovens, em especial aos jovens negros universitários, deixa seu recado. “Se inteire do que está acontecendo no país e participe da parte politica partidária e só assim teremos um país melhor”, finaliza a desembargadora.
Pioneira
Luislinda Valois é considerada a primeira juíza negra do Brasil. Aprovada em concurso público em 1984, entrou para a magistratura em junho do mesmo ano, quando foi designada para a comarca de Paramirim, na Bahia. Em dezembro de 2011 a juíza foi promovida, por antiguidade, ao cargo de desembargadora do Tribunal de Justiça da Bahia (TJ-BA). Recebeu o título de Embaixadora da Paz da Organização das Nações Unidas (ONU), em 2012.