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O que move a dança da valorização das moedas

Sejam metálicas, de papel ou virtuais, as moedas representam as riquezas de um país e estão sujeitas a fatores da economia local e nacional

às 22h29
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Se antes as transações monetárias eram realizadas através do escambo, as moedas surgem justamente para revolucionar e modificar o processo de precificação de bens e serviços. Até ser chamada de Real, em 1994, a moeda brasileira já teve diversos modelos, tamanhos, dispositivos de seguranças e nomes como Réis (1822), Cruzeiro (1942, 1970 e 1990), Cruzeiro Novo (1967), Cruzado (1986), Cruzado Novo (1989) e Cruzeiro Real (1993).

A moeda surgiu através da necessidade que a sociedade adquiriu de precisar trocar seus bens por valores que os correspondessem. Além de servir para o intermédio de trocas, as moedas estabelecem unidades de conta e medida de valores, e isto pode ser reservado ou utilizado para pagamentos e novas compras. É ela que generaliza o poder de compra e obtenção de bens e serviços e classifica a transação comercial.

O economista e professor Josenito Oliveira, do curso de Administração da Universidade Tiradentes (Unit Sergipe), explica o que a moeda representa para uma sociedade. “As moedas representam a riqueza de um país e funcionam através da lei de oferta e demanda. Essa lei pode ser para mais, que é quando há uma valorização da moeda, ou seja, há muita moeda e muita compra de bens ou de serviços. E pode ser para menos também, que é quando há muita moeda e pouca demanda. É nesse contexto que surge a valorização e a desvalorização de uma moeda”, explica.

A valorização das moedas ao redor do mundo acontece, geralmente, de forma comparativa à moeda norte-americana, o dólar. “É uma moeda muito forte, não é à toa que serve de parâmetro para as demais, porque movimenta o mercado interno e o externo. Alguns produtos, como o petróleo, têm a sua cotação baseada no dólar, então eu diria que a economia mundial, de certa forma, gira em torno do dólar“, comenta o professor.

A circulação da moeda de um país deve corresponder a quantidade de serviços e produtos oferecidos pela economia nacional. Para que uma moeda seja valorizada, Josenito argumenta que elas devem ser emitidas quando há um aumento nas transações geradas pelo crescimento de um produto e a sua velocidade de circulação não corresponde às necessidades das transações. “É justamente por isso que as crises não devem ser contornadas através da inserção de mais capital para circulação, porque quando isso acontece, o preço de mercado aumenta; o que gera a inflação e a desvalorização da moeda. Os processos de importação e exportação de produtos estão diretamente ligados a essa valorização ou desvalorização monetária”, salienta.

Para o professor, a emissão de moedas sem o verdadeiro aumento da economia gera a inflação. “Se há mais moedas do que essa economia pode comportar, o país não ficará mais rico. Muito pelo contrário, o valor dessa moeda precisará passar por reajustes e será diminuído. Além da inflação, algumas causas que levam à desvalorização da moeda são a oferta monetária superior à procura e o déficit na balança comercial. Já pudemos observar essas causas aqui no Brasil e mais recentemente na Venezuela“, informa o economista.

Hiperinflação

O Brasil sofreu com a hiperinflação nas décadas de 1980 e 1990. A inflação chegava a ultrapassar mais de 80% ao mês, o que fez com que a moeda brasileira perdesse seu valor. Com isso, a população teve que recorrer ao estoque de alimentos para conseguir se manter. Esse foi um momento de caos nacional em que as pessoas não podiam esperar para comprar, porque os preços mudavam diariamente e havia uma enorme escassez de produtos. Nessa época, um conjunto de panelas, por exemplo, chegou a custar 1,2 milhão de cruzeiros.

“Era um cenário irracional e descontrolado nos preços e o mesmo aconteceu recentemente com a moeda venezuelana que perdeu seis zeros à direita e já representa a maior inflação global, cerca de 1.600%. O bolívar passou por uma reconversão e agora um milhão de bolívares equivale a US$ 0,25. Essa reconversão já aconteceu aqui no Brasil e, assim como foi aqui, a situação lá pode demorar bastante para melhorar”, relata Josenito.

A pandemia da Covid-19 gerou grandes impactos nas economias mundiais e agravou ainda mais a crise vivenciada pelo Brasil. Contudo, o cenário apresenta poucas, mas promissoras mudanças. “No primeiro semestre de 2021, a moeda brasileira acumulou um ganho de 3,6% quando comparada ao dólar. Essa valorização superou as moedas de grandes economias como o Canadá com 3,2% e o Reino Unido com 2,3%. Isso demonstra que a economia brasileira, de certa forma, está começando a reagir“, conclui o economista. 

Asscom | Grupo Tiradentes

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