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Pesquisa analisa potenciais de compostos de casca da mangabeira

O estudo de iniciação científica, desenvolvido por estudantes de Medicina, investiga o possível uso destas substâncias para o desenvolvimento de medicamentos e bioprodutos

às 19h03
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Como encontrar e desenvolver soluções para problemas e demandas da saúde da população a partir de recursos fornecidos pela natureza? Responder a esta pergunta é um dos principais objetivos da iniciação científica desenvolvida na Universidade Tiradentes (Unit). Um destes projetos, desenvolvido por alunos do curso de Medicina, está investigando os potenciais biológicos presentes na casca da árvore Hancornia speciosa, conhecida como mangabeira e fornecedora da mangaba. 

O projeto, intitulado “Modelo de extração e avaliação do potencial antioxidante de compostos de baixa polaridade presentes nas cascas da Hancornia speciosa nordestina”, é desenvolvido pelos estudantes Lívia Cardoso Lima, Joana Alves Bitencourt e Guilherme Correa Radmann, com orientação da professora-doutora Sônia Oliveira Lima, do Programa de Pós-Graduação em Biociências e Saúde (PBS) e participação do biomédico Felipe Mendes de Andrade de Carvalho, doutor em Saúde e Ambiente pela Unit. Ele conta ainda com bolsa de iniciação científica do Conselho Nacional de Desenvolvimento Científico e Tecnológico (CNPq), mais o apoio do Grupo Interdisciplinar de Pesquisa (GIPESq) e do Núcleo de Estudos em Sistemas Coloidais (Nuesc), ligado ao Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP). 

De acordo com Lívia Cardoso, que atua como bolsista no projeto, ele tem o objetivo de ampliar a investigação sobre o potencial biológico das cascas do caule da mangabeira, usando técnicas de extração de compostos bioativos de baixa polaridade, como terpenos, lupeol e lupenona, que possam ser utilizados como anti-inflamatórios, antioxidantes e antitumorais. 

“As cascas da mangabeira, apesar de não serem tão exploradas como as demais partes dessa planta, são apontadas na literatura pela presença destes compostos de interesse que apresentam atividade biológica”, explica a estudante, destacando que a pesquisa busca otimizar a obtenção destas substâncias e que, “até o momento, os resultados indicam que as cascas da mangabeira podem ser uma fonte promissora para o desenvolvimento de bioprodutos terapêuticos, com potencial para prevenir o estresse oxidativo e atuar como agente anti-inflamatório”.

A professora Sônia detalha que estes compostos, também chamados “metabólitos secundários”, presentes nas cascas da mangabeira, podem ser extraídos de forma mais concentrada, a partir de um processo de extração desenvolvido na pesquisa, com uso de solventes oleosos. “A partir das variáveis aplicadas à extração foi possível obter um extrato concentrado das substâncias de interesse. Porém, mais pesquisas estão sendo feitas para atestar esse potencial”, diz ela. 

Entre essas pesquisas em andamento, está uma dissertação de mestrado elaborada em parceria com a Universidade Federal de Santa Catarina (UFSC), que está focada no potencial citotóxico destas substâncias em relação a diferentes linhagens de células tumorais. Outros detalhes do estudo ainda não podem ser divulgados, pois ele deverá ser submetido ao processo de depósito de patente.  

O objetivo da pesquisa, conforme Lívia, é permitir uma melhor exploração dos recursos da planta, contribuindo para o desenvolvimento de novos medicamentos e promovendo um uso mais sustentável da espécie, já que as cascas da mangabeira costumam ser descartadas em grande quantidade, enquanto os frutos são bastante explorados pelo comércio. “O impacto associado a essa pesquisa está relacionado a valorização de um recurso natural sub-explorado, propondo novas possibilidades de uso sustentável da biodiversidade brasileira e reforçando a importância de investimentos em inovação tecnológica para o aproveitamento integral da flora nativa”, aponta a estudante. 

“Esse estudo pode proporcionar uma nova visão direcionada a uma parte desprezada da planta. Além disso, o avanço da pesquisa pode incentivar a elaboração de bioprodutos com potencial adjuvante para o tratamento de neoplasias malignas (câncer). Conforme novas evidências venham surgindo com o avanço das pesquisas, o interesse comercial na obtenção dos bioativos provenientes das cascas do caule da mangabeira, também pode aumentar, gerando novas pesquisas e, quiçá, novos empregos”, acrescenta a professora Sônia Oliveira.

Iniciação científica

Lívia Cardoso está no quinto período de Medicina e está em seu segundo projeto de iniciação científica, sendo que o primeiro foi realizado entre 2023 e 2024 e também analisou compostos da casca da mangabeira. Ela também já participou de três artigos científicos publicados em revistas especializadas, com estudos sobre a reincidência dos casos de sarampo e poliomielite, a imunização contra a Covid-19 e os métodos inovadores para o tratamento contra o pé diabético. 

“Desde que iniciei minha vida acadêmica sempre gostei muito de pesquisar artigos científicos atualizados e de qualidade para aprofundar meus estudos. Com isso, fiquei instigada a também ser uma produtora desse tipo de conhecimento”, afirma a aluna, que pretende conciliar a carreira médica com a vida acadêmica e a pesquisa científica. 

“A iniciação científica foi importante para o desenvolvimento de diversas habilidades, mas especialmente quanto a organização e o trabalho em equipe, que são fundamentais para a realização de um projeto de alta qualidade. A Unit foi essencial para minha entrada no ramo científico por possuir portas abertas para aqueles alunos que têm interesse na área a se desenvolverem com profissionais capacitados que auxiliam nós, alunos, com dedicação”, conclui Lívia.  

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