A importância da preservação e digitalização de documentos históricos na educação é um tema cada vez mais relevante. Com a crescente digitalização de acervos, novas possibilidades de pesquisa e acesso ao conhecimento são abertas, especialmente em áreas como a História da Educação. Pensando nisso, a egressa do curso de Educação Física da Universidade Tiradentes (Unit), Elizane Laura Santos, desenvolveu a pesquisa “História da Educação, Humanidades Digitais e a Biblioteca Digital de História da Educação”, que explora a digitalização de documentos e seu impacto na preservação histórica e acesso ao conhecimento.
Durante sua graduação, Elizane participou da Iniciação Científica sob a orientação da Professora Dra. Ester Vilas-Bôas. “Sempre tive interesse em pesquisa, mas no curso de Educação Física ainda não havia um grupo que tivesse relação direta com ela. Foi durante a pandemia que percebemos a necessidade de digitalizar os documentos que circularam entre o Brasil, a Inglaterra, Portugal e Estados Unidos da América, durante os séculos XIX e XX”, explica Elizane.
A pesquisa teve início em 2019, no terceiro período do curso de Licenciatura em Educação Física. O principal intuito do projeto era criar uma base de dados estruturada sobre documentos protestantes e outros impressos pedagógicos que circularam no Brasil durante esse tempo. “Esta pesquisa pretende contribuir, principalmente, na difusão de uma documentação de difícil acesso e, consequentemente, promover novas possibilidades de investigação de temas ainda pouco estudados na História da Educação brasileira”, destaca Elizane.
O projeto está vinculado ao Grupo de Pesquisa História das Práticas Educacionais, que investiga questões históricas relacionadas às práticas educacionais com ênfase nas instituições de ensino, elementos da cultura escolar, intelectuais, políticas educacionais e saberes acadêmicos. “O objetivo é adicionar documentos conforme surgem novas evidências, contribuindo para as tecnologias digitais e a globalização dos textos eletrônicos. Isso permitirá que futuros leitores acessem diversas interpretações de vários autores, de qualquer época e lugar do mundo, desde que estejam conectados”, explica.
Dados e resultados
Um dos achados significativos da pesquisa foi a identificação de que os primeiros livros escolares no Brasil foram trazidos pelos jesuítas, marcando o início das primeiras bibliotecas. A pesquisa também revelou a estratégia das missões protestantes norte-americanas de distribuir impressos para facilitar o acesso à leitura e promover o Protestantismo no Brasil. “Uma estratégia que as missões protestantes utilizaram foi a de enviar professores que também eram missionários para ensinar as pessoas a ler, mapeando assim os locais para a instalação de futuras igrejas e escolas”, conta Elizane.
Elizane explica que essa pesquisa é importante porque o leitor da era digital adquire novas formas de ler e, consequentemente, novas maneiras de apreender o conteúdo, diferentes da leitura de um livro impresso. “Mesmo que em um futuro próximo os impressos ou manuscritos possam desaparecer, a pesquisa visa alcançar não apenas historiadores do livro e da leitura ou aqueles que investigam e trabalham com tecnologias digitais, mas também pesquisadores da área da Educação. Esses profissionais poderão entender melhor o impacto da palavra impressa e da palavra digital em diferentes grupos sociais”, revela.
O papel da IC na trajetória acadêmica
A iniciação científica foi crucial para o desenvolvimento acadêmico e profissional de Elizane. “A iniciação científica me permitiu conhecer e compartilhar conhecimento acadêmico com estudantes de diversas áreas, trazendo um aprendizado além do esperado dentro do curso. A universidade me permitiu conhecer um universo diferente, mostrando o quão necessário ainda é o incentivo a formar novos pesquisadores, demonstrando que ainda é necessário incentivar jovens estudantes a aprofundar sua formação na área científica e acadêmica”, relata.
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