A equipe Corvos Aerodesign, criada em 2022, idealizada pelos alunos da graduação de Engenharia da Universidade Tiradentes (Unit) e orientada pelo professor Alex Viana Veloso, compõe o painel de iniciativas de extensão da Instituição que busca trazer à realidade dos alunos a prática da engenharia. A equipe tem como foco a participação na competição Sociedade de Engenheiros Automobilísticos Brasil (SAE Brasil Aerodesign).
De acordo com o estudante de Engenharia, Hermes Carvalho, conta que o Projeto Corvos Aerodesign foi criada para honrar o legado da antiga equipe, a Cabuto Aerodesign, criada em 2017. “Os alunos que participam da Corvos passam por desafios comuns ao mercado de trabalho, como a gestão de pessoas, de projeto e de estoque, por exemplo. Além dos desafios referentes ao próprio dimensionamento de uma aeronave competitiva para participar da competição SAE Brasil Aerodesign”, comenta.
A equipe recebeu esse nome devido a representação mítica do animal. “A escolha deste símbolo advém dos mitos envoltos no corvo, por ser interpretado em várias culturas como um sinal místico de mau presságio, mas também de sabedoria, como na mitologia nórdica, em que os corvos viajavam o mundo colhendo informações para a guerra comandados pelo ‘pai de todos’, Odin”, conta.
O Projeto tem vários objetivos que vão se afunilando de acordo com a demanda do momento. “A competição varia dependendo de qual espectro você se encontra. Por exemplo, atualmente nós estamos participando do torneio de acesso, que serve como um degrau para se chegar à competição presencial que acontece no Instituto de Tecnologia Aeronáutica (ITA) em São Paulo. Seguindo essa lógica, nesse estágio, nosso objetivo é desenvolver uma aeronave com boa eficiência estrutural, ou seja, que seja leve e consiga carregar o máximo de peso possível, sem restrições de comprimento de pista e com pontuação extra para utilização de motores elétricos. Além disso, temos que desenvolver uma planta da aeronave e gravar um vídeo para enviar para a comissão técnica do ano de 2023”, explica.
A equipe é dividida em diversos setores, essenciais para o projeto, tais como: aerodinâmica, estabilidade e controle, cargas e estruturas, projeto e desenvolvimento. “Cada setor possui uma função dentro da Corvos, que quando colaboram conjuntamente produzem a aeronave do ano para a competição. Contudo, não se restringe somente isso, nós somos orientados, como já mencionado, pelo professor Alex Viana Veloso, além de termos uma capitania, formada por um capitão, no caso do ano de 2023, eu, e um vice-capitão, neste ano Lucas Markes, aluno de engenharia mecânica da instituição, onde essa capitania fica responsável por realizar a gestão de pessoas e do projeto, fazendo orçamento de compra de materiais, definindo metas e cronogramas, escolhendo líderes de setor, dentre outras tarefas”, destaca.
Hermes explica que diversas atividades são desenvolvidas dentro do projeto inúmeras atividades são feitas. “Dentre elas nós temos as atividades de projeto como dimensionamento das superfícies sustentadoras do avião, dimensionamento estrutural e cálculo de cargas, testes de bancada com os motores escolhidos na área de desempenho, dentre outras. Porém, os afazeres da equipe não se limitam somente a isso, na Corvos os alunos podem desenvolver o que no mercado são chamados de soft skills, ou seja, suas competências individuais como liderança, proatividade, capacidade de trabalhar sobre pressão, capacidade de lidar com frustrações e trabalho em equipe, tudo isso por meio das atividades trabalhadas ao decorrer do ano por meio dos próprios desafios de projeto já mencionados, como também através do próprio processo de construção da mesma, apresentações em simpósios, desenvolvimento de editais para seleção de membros e criação de minicursos”, ressalta.
SAE Brasil Aerodesign
Para o segundo semestre de 2023, a equipe está passando para a segunda etapa do projeto, que é a fabricação do primeiro protótipo, onde irão analisar se os dados teóricos estarão em conformidade com a prática.
A equipe Corvos se inscreveu no torneio de acesso para participarem do programa Competição SAE Brasil Aerodesign. “O torneio de acesso pode ser descrito como a primeira fase para a participação da competição presencial da SAE Brasil, onde teremos que realizar o dimensionamento de uma aeronave, preferencialmente elétrica, que seja leve, que consiga carregar um valor expressivo de peso, que realize um circuito em voo nivelado ao redor da pista de voo sem que ocorra pane seca (falta de combustível ou bateria), tudo isso sendo filmado de acordo com as especificações do edital da competição para que seja enviada a comissão técnica para avaliação e assim receber uma pontuação baseada no vídeo e em nossa planta de projeto buscando uma pontuação adequada para garantir a classificação. As datas limites para entrega do vídeo e da planta são respectivamente 01 de Outubro e 24 de Setembro.”, afirma.
De acordo com Hermes, a equipe está preparando uma grande apresentação para o torneio. “Este ano nós buscamos desenvolver um monoplano de 2,3 metros de envergadura, geometria bi-trapezoidal para garantir eficiência aerodinâmica, além de utilizar um dispositivo de ponta de asa chamado de winglet, que serve para diminuir a influência do arrasto induzido da aeronave, principal vilão na área da aviação. Além disso, iremos utilizar materiais nobres da engenharia, como manta de fibra de carbono aliada a madeira balsa para garantir uma aeronave leve com grande resistência mecânica, para suportar os esforços aerodinâmicos como compressão, tração e torção. Em relação ao motor escolhido, esse ano optamos pelo motor à combustão, pelo fato de não termos acesso a um motor elétrico para utilizar esse ano e termos um compilado de dados referente a esses motores, o que ainda não temos em relação ao motor elétrico”, conclui.
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