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Projeto criado por alunos de Direito apoia pessoas em situação de rua

O projeto Vozes da Rua, criado dentro das Pipex do Projeto Inova, propõe intervenções efetivas para orientar e dar apoio psicológico e documental para jovens em situação de rua

às 15h30
Os alunos integrantes do projeto Vozes da Rua (Mirela Daniele Martins Santos, Lizandra Santana Leandro, Maria Júlia Nascimento Barbosa, Rebeca Monteiro Alves de Souza Santos, José Eduardo Oliveira Nascimento, Lys Karoline Viana Ribeiro e Camila Pinheiro Salustino), com o professor e orientador Ricardo das Mercês Carneiro (Divulgação)
Os alunos integrantes do projeto Vozes da Rua (Mirela Daniele Martins Santos, Lizandra Santana Leandro, Maria Júlia Nascimento Barbosa, Rebeca Monteiro Alves de Souza Santos, José Eduardo Oliveira Nascimento, Lys Karoline Viana Ribeiro e Camila Pinheiro Salustino), com o professor e orientador Ricardo das Mercês Carneiro (Divulgação)
A equipe do projeto com o procurador Raymundo Ribeiro Júnior, do MPT-20, que atuou na mentoria (Divulgação)
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Sem casa, sem condições de vida e sem cidadania. É como se encontram os cerca de 236,4 mil brasileiros que vivem atualmente em situação de rua, segundo dados do Cadastro Único para Programas Sociais (CadÚnico), organizado pelo governo federal. Muitas destas pessoas foram levadas a esta condição por uma série de fatores de vulnerabilidade social, como desemprego, falta de moradia, rupturas nas relações familiares e problemas com álcool e drogas. Em consequência disso, acabam não encontrando o apoio que precisam para deixar as ruas e recomeçar a vida. 

Uma forma de prestar esse apoio aos moradores de rua surgiu através do projeto Vozes da Rua, criado e realizado por alunos do 1º período do curso de Direito da Universidade Tiradentes (Unit), em parceria com a Associação Católica Bom Pastor e com o Ministério Público do Trabalho da 20ª Região (MPT-20). Sob a orientação do professor Ricardo das Mercês Carneiro, ele surgiu dentro das Pipex (Práticas Inovadoras em Projetos de Extensão), componente do Projeto Inova Tiradentes, a partir de um debate travado sobre a vulnerabilidade e a falta de amparo trabalhista para as pessoas em situação de rua.

“As pessoas em situação de rua enfrentam uma situação de desamparo nítida e a observação da negligência da população sobre essa realidade motivou a origem do projeto. Fizemos o trabalho voltado para eles, porque queríamos dar a visibilidade merecida e a equidade de oportunidades no mercado de trabalho que eles têm por direito”, afirma a estudante Lys Karoline Viana Ribeiro, que foi uma das idealizadoras do Vozes da Rua. 

O projeto atua junto aos bolsões de concentração de moradores de rua de Aracaju e da região metropolitana, entre as que já têm atuação da Bom Pastor com trabalhos sociais junto a este público, e de outras ONGs, além de outras que venham a ser indicadas pelo MPT-20. De acordo com o professor, os alunos fizeram primeiro um estudo bibliográfico sobre o tema, com mentoria do procurador do Trabalho Raymundo Ribeiro Júnior. Em seguida, eles aplicaram questionários nas associações e diretamente com os atendidos. 

“Assim, o grupo de alunos do projeto pesquisa sobre as prováveis barreiras para a resolução do problema e propõe intervenções realistas para ajudar de forma efetiva as pessoas que sofrem dificuldade na jornada de trabalho. Eles discutem, elaboram o que será feito e, por fim, considerando o que é viável (dado que se trata de um grupo de estudantes da graduação), realizam a intervenção e fazem a divulgação dos dados para a sociedade através das redes sociais”, detalha Carneiro. 

Entre as principais demandas identificadas junto às pessoas atendidas, estão a falta de documentos pessoais (como carteira de identidade, cartão do SUS e inscrição do CadÚnico) e os problemas de saúde mental relacionados ao vício, o que motivou a disponibilização de voluntários, psicólogos e assistentes sociais na Associação Bom Pastor para auxiliar a resolução desses obstáculos.

Carneiro ressalta que o Vozes da Rua é uma importante atividade de extensão, na qual os alunos se aproximam e dialogam com as comunidades, apresentando-lhes o potencial que poderão desenvolver quando exercerem a profissão no futuro. “Esse projeto, em particular, revela um olhar muito humano por parte dos discentes. A atuação dele atrai olhares para aqueles mais necessitados, servindo, a um só tempo, como instrumento de sensibilização e como pilar inicial para o desenvolvimento de políticas públicas na área. Serão esses alunos de hoje que amanhã estarão exercendo as funções públicas. Eu fico particularmente feliz por saber que, em tão tenra idade, já estão procurando soluções para minimizar o sofrimento dos grupos vulneráveis”, elogia o orientador. 

Outras realidades

A aluna Mirela Daniele Martins Santos, que também participou do Vozes da Rua, lembra que todo o trabalho foi pensado e planejado com tarefas divididas entre os membros da equipe, além da escolha por atuar em aspectos considerados de prioridade e extrema necessidade para as pessoas em situação de rua. 

“Eu escolhi participar porque é um projeto promissor e um projeto que alcança um público que certamente tem diversos sonhos e metas para a vida, mas acabou perdendo a esperança de realizar por morar na rua. Além disso, aprendi muito como funciona o nosso jurídico com relação a esses jovens e como funciona a preocupação da sociedade com esses jovens. Ao visitarmos a associação algumas vezes, podemos perceber que tinha uma solução para aqueles e isso nos motivou ainda mais”, destaca Mirela, que também contou ter aprendido mais sobre o funcionamento da Justiça Trabalhista e sobre as diversas burocracias do ramo jurídico.

O contato com a realidade dos que vivem nas ruas também marcou a experiência da estudante Camila Pinheiro Salustino. Ela revela que algumas ações planejadas pelo grupo chegaram a ser mudadas vezes ao longo do projeto, à medida em que a turma foi descobrindo a complexidade do problema e que determinadas ideias discutidas não se mostraram viáveis na prática. Para a estudante de Direito, estes aprendizados lhe fizeram perceber a importância de dar apoio a estas pessoas e do quanto ainda precisa ser feito para que as vidas delas sejam mudadas e melhoradas.  

“A sociedade pode ter uma visão distorcida, a gente pode achar que as pessoas em situação de rua não têm uma visão de futuro ou não querem trabalhar. Mas quando a gente conversa com eles, a gente percebe que isso não é verdade, que eles querem, sim, estudar e mudar a qualidade de vida deles. Se eles tivessem a oportunidade de ter ou fazer alguma coisa de mudar, eles estariam esperançosos para mudar. Então, eles realmente precisam do nosso apoio. Tivemos algumas coisas que a gente conseguiu mudar com o projeto, mas ainda falta muita coisa para realmente eles poderem ter um futuro melhor”, acredita Camila. 

As atividades e ações do projeto Vozes da Rua podem ser acompanhadas pelo seu perfil oficial no Instagram

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