O trabalho de iniciação científica nas universidades ajuda a inserir os estudantes no uso da pesquisa e da inovação para colaborar na resolução de problemas e questões reais da sociedade. Um exemplo disso é o projeto de iniciação da estudante Rayssa Costa Araújo, do 8° período de Biomedicina, que estuda o desenvolvimento de uma membrana polimérica com fármacos para possível uso em tratamentos contra o câncer de pele, uma das doenças que mais afetam a população brasileira na atualidade, com incidência de 175 mil novos casos por ano, segundo o Instituto Nacional do Câncer (Inca).
O projeto, intitulado “Desenvolvimento de membranas de multicamadas para tratamento de câncer de pele” é do Programa de Pós-Graduação de Biotecnologia Industrial (PBI), onde está associado à dissertação da mestranda Victoria Louise Santana dos Santos, que encontra-se em desenvolvimento. Ambos os trabalhos são orientados pela professora-doutora Patrícia Severino, do PBI/Unit, com participações da docente colaboradora Sona Arun Jain (co-orientadora) e do intercambista Matias Josué Maldonado, aluno de Farmácia da Universidad Católica de Santa Maria (UCSM), no Peru. Os trabalhos da pesquisa são executados no Laboratório de Nanotecnologia e Nanomedicina (LNMED), localizado no Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP)
De acordo com Rayssa, a linha de pesquisa está relacionada ao desenvolvimento de novos produtos farmacêuticos, com o objetivo de chegar a “um tratamento tópico, direcionado, efetivo e inovador” contra o câncer de pele. Este tratamento será a partir da membrana desenvolvida através da metodologia layer-by-layer, uma técnica de produção de filmes com a sobreposição de várias camadas, a partir de cargas opostas na superfície de um substrato.
Tais cargas virão de fármacos que serão inseridos na membrana, que por sua vez será posta sob a área afetada pelo câncer, durante o tratamento. Esta membrana servirá como suporte de entrega para a ação do fármaco, que ao ser ativado por uma luz, age destruindo as estruturas das células tumorais. “As terapias convencionais, muitas vezes, são pouco específicas para as células tumorais e acabam destruindo também células saudáveis. Nosso objetivo é desenvolver uma abordagem mais eficaz e direcionada, minimizando os efeitos colaterais e aumentando a precisão no combate às células cancerígenas, proporcionando um melhor tratamento para a sociedade”, afirma Rayssa.
O projeto de IC tem previsão de término para dezembro de 2024, mas uma parte da pesquisa já foi divulgada em alguns eventos científicos. Em um deles, a Jornada Farmacêutica 2024, ele foi premiado com nota máxima, em virtude de seu valor científico para as Ciências Farmacêuticas.
Importância da IC
Rayssa conta que tomou contato com o projeto ao se inscrever no Programa de Iniciação Científica da Unit e visitar os laboratórios do ITP. “Este projeto chamou mais minha atenção devido ao câncer de pele ser uma problemática mundial, sendo essa temática abordada durante as minhas disciplinas da graduação”, disse ela, acrescentando que sempre se interessou por áreas da ciência voltadas à saúde e à biologia.
A aluna também falou sobre a contribuição que a Unit vem dando para a construção de sua carreira acadêmica. Entre elas, a participação em palestras, minicursos, programas como o de Mobilidade Acadêmica Internacional (ProMAI) e eventos como a Jornada de Biomedicina da Unit e o Desafio Unicamp, promovido nacionalmente pela Universidade Estadual de Campinas (Unicamp/SP). Ela também citou os professores que incentivam as pesquisas, o próprio programa de iniciação científica e as estruturas de laboratórios da própria universidade e do ITP. “Foram ferramentas para que eu criasse vínculos e me desenvolvesse na área, tanto como aluna de graduação quanto como aluna de IC”, afirma.
Para a estudante, participar da iniciação científica lhe deu a chance de ampliar os conhecimentos nestes temas de maior afinidade. “A iniciação científica está sendo importante para mim, pois ela me permite aumentar meu conhecimento em diversas áreas e colocá-lo em prática, além de me proporcionar conhecer e participar de eventos de empreendedorismo científico. Ser uma aluna de Iniciação Científica me permite compreender melhor como os mecanismos do nosso corpo funcionam e desenvolver soluções para problemas de saúde”, destacou Rayssa, que após a formatura, pretende fazer o mestrado e doutorado na área de Biotecnologia Industrial.
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