Nascido em 14 de fevereiro de 1944, no município de Estância, Félix Mendes mudou-se para Aracaju ainda criança, onde iniciou sua trajetória de artista autodidata. Além de pintor, foi produtor cultural, compositor, ativista e jornalista.
Dono de traços primitivistas e com um inconfundível talento em retratar as tradições populares de Sergipe, teve seus desenhos expostos em 1956 no Colégio Americano Batista, onde estudava à época.
De acordo com a museóloga licenciada em História, pós-graduada em Educação e Patrimônio Cultural de Sergipe, Sayonara Viana, Félix Mendes se inspirou nos artistas sergipanos Djanira, Álvaro Santos e Florival Santos, Félix Mendes. Também foi aprendiz de Florival Santos, artista que o incentivou e orientou o desenvolvimento da sua técnica artística, muito presente nas suas coloridas e alegres pinturas naif.
“Sua vida profissional se iniciou cedo, com a venda de selos dos Correios, contudo, antes de se dedicar à pintura, Félix Mendes ainda foi jornalista no Tribuna da Imprensa do Rio de Janeiro, no Gazeta de notícias do Rio e no Correio do Povo. Inclusive, foi no Rio de Janeiro, para onde o sergipano seguiu a fim melhores condições para desenvolver sua arte, que o artista trabalhou no atelier do irmão Ubirajara e expôs seus quadros nas ruas e praças da cidade até ser descoberto pelo jornalista gaúcho Osmar Flores”, comenta.
Porém, antes de ser descoberto e apresentado ao mundo, em 1973 Félix Mendes participou de uma exposição coletiva no Instituto Histórico e Geográfico de Sergipe, e no ano seguinte, em 1974, realizou sua exposição individual na Galeria de Artes Álvaro Santos, ambas em Aracaju. Com seus traços primitivistas e tons primários, o artista “traduziu o colorido e a alegria das festas, folguedos e tradições populares de Sergipe” (BRITTO, 2015) e as paisagens turísticas do Rio de Janeiro.
Mais tarde, Félix levou temas folclóricos regionais e ambientais para a Itália, Argentina e Paraguai, mas foi no Rio de Janeiro que suas obras fizeram sucesso divulgando os festejos juninos de Estância. “Outro grande legado de Félix Mendes, falecido em 13 de abril de 2013, para Sergipe foi sua atuação enquanto produtor cultural, tanto quando assumiu a Secretaria de Cultura Municipal de Estância, quanto a de Aracaju, onde organizou o forró e o natal da Rua Siriri”, destaca.
Como ativista, participou da União Sergipana dos Estudantes e da União Brasileira dos Estudantes, além de, em 1964, ter delegado a UBES em Sergipe. Inclusive, devido à sua atuação de luta pelos direitos estudantis, foi preso em meio à efervescência do Golpe Civil-militar que instaurou a Ditadura Militar (1964-1984).
“Por isso, podemos considerar Félix Mendes como um artista sergipano completo, que se dedicou a traduzir a riqueza e beleza cultural do nosso estado através de suas obras. Na área cultural, organizou importantes eventos que marcam a memória dos sergipanos e fortalecem a identidade cultural do nosso povo”, aponta.
Félix Mendes faleceu em abril de 2013. O artista plástico estava hospitalizado devido a uma Esclerose Lateral Amiotrófica.
Galeria Félix Mendes
Sediada no segundo pavimento da Biblioteca Central da Universidade Tiradentes (Unit), a Galeria Félix Mendes, inaugurada em 2000, recebeu esse nome em homenagem ao artista sergipano. “Félix tinha uma relação de amizade com o reitor da Universidade Tiradentes, professor Jouberto Uchôa de Mendonça, que desde 1990 comprava seus quadros. A homenagem visa sobretudo valorizar a memória de um artista tão importante para a nossa história e valorização artística e cultural dos sergipanos”, diz.
A exposição traz ainda a produção de outros artistas plásticos. “A Unit, desde que inaugurou a Galeria, atua na preservação e disseminação da história da pintura e demais artes plásticas em Sergipe. Além das obras de Félix Mendes, o acervo conta com trabalhos de José Lima, J. Inácio, Caã, Adauto Machado, Anete Sobral, Bené Santana, Beto Pezão, Elias Santos, Otávio Luiz e Silveira”, ressalta.
Os interessados podem visitar A Galeria de segunda a sexta-feira das 14 às 18h mediante agendamento pelo telefone: 3218 21 76 ou pelo e-mail biblioteca_central@unit.br.
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