O Sistema Único de Saúde (SUS), do Brasil, é conhecido como um dos maiores e mais articulados serviços públicos de saúde do mundo, por atender e se estender por um país de dimensões continentais, abrangendo praticamente todos os 215 milhões de habitantes, em mais de 8,5 milhões de quilômetros quadrados. Uma das práticas que permitem o funcionamento do sistema é a formação das Redes de Atenção à Saúde (RAS), organizações poliárquicas que articulam as estruturas e serviços de hospitais, unidades básicas, clínicas e centros de referência para atendimentos, tratamentos e outras ações de saúde voltadas à população.
De acordo com a professora Fernanda Dantas Barros, do curso de Enfermagem da Universidade Tiradentes (Unit Sergipe), esse trabalho é coordenado pela Atenção Primária à Saúde e tem responsabilidade sanitária e econômica pela população atendida, com o objetivo de “promover uma integração sistêmica, de ações e serviços de saúde com provisão de atenção contínua, integral, de qualidade, responsável e humanizada”.
As redes se formaram a partir de um processo de mudança na situação de saúde do país, no qual a população aumentou juntamente com as incidências de doenças crônicas, isto é, de longo tratamento. “Houve um desencontro entre a situação epidemiológica dominada pela condição crônica e o sistema de atenção à saúde voltado para as condições agudas, havendo a necessidade de adotar um conceito de cuidados inovadores para as condições crônicas. Logo, a necessidade de um novo modelo de atenção: poliárquico, com centralidade nas necessidades de saúde da população, responsabilização por atenção contínua e integral e compartilhamento reconhecíveis e compromissos com resultados sanitários e econômicos”, explica Fernanda.
Como são?
No Brasil, destacam-se cinco grandes redes temáticas de atenção à saúde. A primeira é a Rede de Atenção à Saúde Materna e Infantil (Rami), também conhecida como “Rede Cegonha”. Ela atende e acompanha gestantes e mães de crianças pequenas, com o objetivo de prevenir e evitar a mortalidade materna, infantil e fetal. A segunda é a Rede de Atenção às Urgências e Emergências (RUE), que qualifica e organiza o atendimento em hospitais, prontos-socorros e unidades de urgência e emergência.
A terceira é a Rede de Atenção à Saúde das Pessoas com Doenças Crônicas, para pacientes que tratam doenças como câncer, problemas renais e obesidade. A quarta rede é a de Saúde da Pessoa com Deficiência (SPD), voltada ao tratamento e reabilitação das pessoas com deficiência em relação a suas capacidades funcionais (física, auditiva, intelectual e visual). E por fim, a Rede de Atenção Psicossocial (Raps), que atende a pessoas com transtorno mental e problemas decorrentes do uso de álcool e outras drogas.
Na prática, as redes de saúde são organizadas em torno das estruturas de Atenção Primária à Saúde, que acolhe os pacientes e ordena os cuidados necessários às unidades de referência. “Elas organizam-se por meio de pontos de atenção à saúde, ou seja, locais onde são ofertados serviços de saúde que determinam a estruturação dos pontos de atenção secundária e terciária”, detalha a professora.
“Por meio da organização das redes é possível operacionalizar os princípios do SUS, buscando garantir a integralidade do cuidado e atendendo às necessidades da população”, diz Fernanda, ressaltando que os alunos da área de saúde precisam entender o que são, como funcionam e como é o fluxo de atendimento nessas redes, para a prestação de uma assistência à saúde de qualidade.
Asscom | Grupo Tiradentes
com informações do Ministério da Saúde