Prossegue até esta sexta-feira, na sala 9 do bloco D, no Campus Farolândia a edição 2019 da Semana da Consciência Negra promovida pela coordenação do Mestrado em Direitos Humanos em parceria com a Coordenação de Extensão.
O evento, que comemora sua 13ª edição e reúne pesquisadores e representantes de religiões afro-brasileiras, aborda como tema central “Lugares de memória, poder e redes de solidariedade do povo negro: a gestão do futuro”.
A programação teve sua primeira conferência proferida pelo professor André Luiz Nascimento dos Santos. Professor da Escola de Administração da UFBA, o convidado abordou aspectos da sua agenda de pesquisa e extensão no campo do patrimônio do povo negro do Brasil. Ele afirma que dos dez terreiros tombados, apenas um está localizado no Maranhão e nove outros na Bahia, entre a capital e o recôncavo.
O professor André diz que, pelo fato de haverem poucos terreiros tombados, o assunto reverbera em todo o país. “Não há uma justiça étnica com a formação do Brasil no campo do patrimônio”, comenta ele dizendo que, se desejamos um estado verdadeiramente democrático e multicultural, é necessário que haja dentro das narrativas nacionais a salvaguarda dos patrimônios existentes.
Ao relatar sobre a importância da edição atual da semana da Consciência, o professor Iilzver Matos diz que o momento é de reflexão sobre formas de mobilização do povo preto acerca do seu próprio futuro.
“Pensamos sobre território, empreendedorismo negro e sobre a forma de existência sobre o futuro”, pondera o professor Ilzver. Em relação à continuidade da programação ao longo dos últimos 13 anos, o professor reconhece que está havendo uma consolidação enquanto espaço de interlocução com os movimentos sociais negros e de matriz africana.
Daiane Batista de Jesus, docente do Instituto Sonho Jovem e palestrante da noite desta quinta-feira, 28, é mestre em Gestão Social e Desenvolvimento e está fazendo um doutorado em Administração em Desenvolvimento na UFBA. Aqui a conferencista apresenta sua dissertação, cujo tema analisa os conflitos socioambientais em comunidades tradicionais.
“Falo do conflito que existe entre o Quilombo do Alto do Tororó e a Marinha do Brasil pelo território”, diz a palestrante, que aborda o conflito a partir de duas perspectivas: a do Estado (representada pela Marinha) e a da comunidade (que é ancestral e reconhecida enquanto quilombo). A pesquisadora mostra como as duas maneiras de ver a questão são essencialmente conflitantes.