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Senado aprova incentivos para inclusão de autistas no mercado de trabalho

Nova lei busca quebrar barreiras e promover a inclusão de pessoas com TEA no mundo corporativo

às 21h00
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 2 milhões de brasileiros possuem algum grau de autismo (Foto: Vitor/AdobeStock)
De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 2 milhões de brasileiros possuem algum grau de autismo (Foto: Vitor/AdobeStock)
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A busca por inclusão no ambiente de trabalho ganhou um reforço significativo no Senado Federal, que aprovou, no último dia 28 de agosto, uma lei que oferece incentivos fiscais às empresas que empregarem pessoas com Transtorno do Espectro Autista (TEA). A medida tem como objetivo ampliar as oportunidades de inserção desse grupo no mercado de trabalho, rompendo barreiras de preconceito e abrindo novas perspectivas para a população autista.

De acordo com dados da Organização Mundial da Saúde (OMS), aproximadamente 2 milhões de brasileiros possuem algum grau de autismo, sendo que muitos ainda enfrentam dificuldades significativas para se integrarem ao mundo profissional. O TEA pode se manifestar de diversas formas, variando de dificuldades leves de comunicação e interação social até a necessidade de apoio mais substancial no dia a dia. A aprovação dessa legislação, portanto, surge como um avanço importante na garantia de direitos e na inclusão de uma população historicamente marginalizada.

Para a psicóloga e professora de Psicologia da Universidade Tiradentes (Unit), Jamile Santana Teles, pessoas com autismo, quando bem direcionadas, podem ser plenamente capazes de atuar no mercado de trabalho. “Indivíduos com TEA muitas vezes apresentam habilidades acima da média em áreas específicas de interesse, como um forte senso de foco (hiperfoco), detalhismo e eficiência no cumprimento de prazos. Costumam ser detalhistas e possuem grande habilidade em seguir a rotina e cumprimento de prazos”, destaca.

Graus e intensidade 

O TEA é dividido em três níveis de suporte, conforme o Manual Diagnóstico e Estatístico de Transtornos Mentais (DSM-5), sendo o nível 1 o mais leve, onde as pessoas apresentam algumas dificuldades de interação social, mas conseguem adaptar-se a mudanças de rotina com relativa facilidade. No nível 2, o suporte necessário é maior devido a dificuldades mais significativas de interação social e comunicação, enquanto o nível 3 envolve um grau elevado de apoio, com dificuldades severas na comunicação verbal e não verbal. 

“A inclusão é um processo que visa a ruptura de um sistema que discrimina e também uma mudança cultural profunda na sociedade. Dessa forma, é necessário discutir sobre inclusão no ambiente corporativo e assim garantir vagas de trabalho para as pessoas com autismo. A transição para a fase adulta é marcada pela independência, conquistada, entre outros aspectos, pela autonomia financeira, ou seja, pela capacidade de gerir seus custos de vida. Assim, a pessoa com autismo conseguirá ter autonomia, independência, maior motivação, autoestima elevada e consequentemente, qualidade de vida”, reforça a psicóloga. 

Benefícios da inclusão

O acesso ao mercado de trabalho não é apenas uma questão de inclusão social, mas também traz benefícios fundamentais para a qualidade de vida das pessoas com TEA. Jamile destaca que ter uma ocupação pode elevar a autoestima e promover a independência financeira, aspectos essenciais para uma maior autonomia. “Assim, a pessoa com autismo conseguirá ter autonomia, independência, maior motivação, autoestima elevada e consequentemente, qualidade de vida”, aponta a psicóloga.

Além disso, Jamile reforça que a inclusão no ambiente de trabalho tem o potencial de transformar a própria sociedade, que precisa romper com preconceitos e estigmas associados ao autismo. “É necessário principalmente ter a ruptura do preconceito e discriminação”, defende.

Preparando o mercado 

Embora a nova legislação seja um marco importante, a especialista alerta que o mercado de trabalho ainda não está totalmente preparado para receber pessoas com TEA. A adaptação de equipes e ambientes de trabalho para a inclusão de profissionais com autismo é um processo que exige esforço coletivo. Jamile sugere que os empregadores ofereçam treinamentos para seus colaboradores, de modo a prepará-los para entender as particularidades do TEA. “É preciso compartilhar informações assertivas sobre o Transtorno do Espectro Autista. Além disso, são necessárias adaptações no ambiente físico e sensorial das empresas, como ajustes na iluminação, redução de ruídos e criação de espaços que permitam momentos de isolamento para os autistas que precisem”, comenta. 

A legislação aprovada no Senado é um passo importante para a criação de ambientes corporativos mais inclusivos, mas para a psicóloga, a verdadeira inclusão só será alcançada quando a sociedade passar a valorizar as habilidades dos profissionais com TEA em vez de focar nas limitações. “É importante que a sociedade e a empresa passe a olhar não para os problemas relacionados à condição do candidato, mas para as habilidades reais que vão agregar ao trabalho”, conclui.

Impacto da Legislação 

A lei aprovada representa um avanço significativo na luta por uma sociedade mais inclusiva e diversa, mas é apenas o começo. A psicóloga destaca a importância de leis como essa para combater o preconceito e abrir espaço para uma maior inclusão de pessoas com autismo. “A aprovação dessa medida pelo Senado sinaliza um compromisso crescente do país com a inclusão de pessoas com autismo no mercado de trabalho, abrindo um novo horizonte para milhões de brasileiros que buscam não apenas ocupação, mas também reconhecimento e participação plena na sociedade”, finaliza.

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