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Cuidado com cenário favorável para a disseminação de fake news

A disseminação de notícias inverídicas atrapalham a compreensão da sociedade sobre que ocorre verdadeiramente no cenário atual

às 23h27
Kaio Eduardo e sua pesquisa sobre  as fake news
Kaio Eduardo e sua pesquisa sobre as fake news
Ilustração
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Um dos grandes problemas enfrentados por autoridades da área da saúde e pela sociedade em geral está diretamente relacionado às informações falsas disparadas nas mídias sociais. O gesto de irresponsabilidade, praticado por quem brinca com a situação, ou por quem tem prazer em alardear informações catastróficas pode provocar consequências inimagináveis.

É prudente em momentos como o que estamos vivendo a apuração insistente da veracidade dos fatos uma vez que estes, quando propagados de maneira incorreta ou irresponsável causam impactos danosos a todos, indistintamente.

“Fakes news sempre causaram impacto, mas agora com essa pandemia do coronavírus elas se disseminam e causam desinformação justamente no momento que a sociedade global precisa estar devidamente informada e engajada” afirma a professora e jornalista Polyana Bittencourt.

A docente do curso de Comunicação Social da Unit acrescenta que esse é um problema de saúde em todo o globo terrestre e a desinformação sobre os cuidados de higiene e segurança coletiva impacta negativamente. “Se a população conhece devidamente os riscos e a necessidade de se proteger, as ações do poder público ficam mais fáceis de serem efetivas”, pondera Polyana.

A docente acrescenta que dessa maneira o plano de comunicação pública tende a ser mais eficaz. Isso aconteceu em Singapura, Taiwan, por exemplo.
Para Conter a velocidade com que o vírus se propaga é imprescindível ter a adesão de uma população engajada, consciente e bem informada. Por isso, a população deve procurar os meios de comunicação como principal canal de informação. Desconfiar dos vídeos, áudios que recebem por meio de aplicativos. O ideal é ir direto à fonte e não compartilhar esses arquivos para evitar a desinformação. Assim é possível quebrar a corrente da disseminação de fake news, pelo menos, pensando no papel do indivíduo.

Pensando no papel maior de controle estatal, alguns países estão regulamentando procedimentos e punições a quem dissemina fake news.
“Essa medida é um avanço. Temos visto alguns processos contra Facebook, Google e tal” argumenta a docente. Ela afirma que esse movimento se mantém vivo no Brasil, principalmente porque as fake news chegam pelos aplicativos e redes sociais e o Brasil é o segundo país que mais utiliza internet, aplicativos.

“Temos um perfil bem adequado à disseminação de fake news. Recebemos as informações bem rápido. Com a mesma velocidade a gente repassa. Nem sempre lê, avalia e checa. Parece que estamos correndo contra o tempo e ganha quem repassar primeiro e mais rápido. a gente se satisfaz com informação superficial, rápida e inconsciente porque nem sempre estamos dispostos a pensar. É um comportamento muito mecânico”, finaliza Polyana.

Impacto na saúde

Sob a ótica médica, o diretor da área da Saúde da Unit, professor Hesmoney Ramos de Santa Rosa considera que é preciso deixar claro que a propagação desenfreada das fake news na saúde é motivada pelo medo.
“As pessoas temem doenças e isso mexe com a sensibilidade delas. Ou já sofrem com determinada patologia, procurando incessantemente por uma cura e têm esperança nos tratamentos prometidos”, lembra o doutor Hesmoney.

Para o médico, esses aspectos são somados ao tom alarmante e apelativo empregado nas matérias. “O resultado é o que vemos hoje: provoca um alarde geral, sem que haja a preocupação em conferir fontes e o embasamento científico”, acrescenta, reconhecendo que, entre as áreas da saúde, a Medicina e a Farmácia são setores que mais sofrem com as notícias falsas, principalmente no que se refere a novas medicações e à vacinação.

“As campanhas de imunização têm sido alvo das mais diversas mentiras, e uma das principais consequências disso é a queda no número de vacinados e índices abaixo do esperado, com retorno de várias doenças transmissíveis que estavam controladas ou até erradicadas”, finaliza o docente lembrando que a imprensa tem papel muito importante em combater falsas notícias e orientar a população.

Fake News

Doutor pelo Programa de Pós-Graduação em Educação da Unit, Kaio Eduardo desenvolveu sua tese sobre memes sobre ciências. Seu objetivo específico foi mostrar como eles contribuem pra o debate sobre ciência em rede.

“Podemos caracterizar o conceitual ‘fake news’ não simplesmente ao pé da letra como o termo fala, com notícias falsas, pois podem ser, um conteúdo fabricado o conteúdo manipulado que tem a priori intencionalidade, uma proposição inerente àquele conteúdo que é veiculado em rede. Então, há uma máxima nos estudos de rede que diz que as pessoas têm mais medo de estarem sozinhas do que estarem erradas. Isso reforça muito quando a gente percebe que não só as pessoas que não têm uma educação mais elevada que compartilham fake news. Existem muitas pessoas mais esclarecidas que também propagam esse tipo de conteúdo”, explica Kaio.

Na maioria das vezes, as fakes news reforçam os argumentos e posicionamentos de quem as utiliza sob o ponto de vista teológico. O doutor explica que é possível caracterizar na rede sete tipos de fake news. Desde aquelas que possuem característica de paródias (construídas com intencionalidade, mas não pretendem fazer o mal), até pelos conteúdos cem por cento manipulados com teor totalmente falso que possuem a intenção de fazer o mal.

Dois elementos tornam poderosas as fake news bem poderosas na rede. Primeiro, a velocidade de propagação do conteúdo e a forma como ele se difunde e o segundo elemento é a capilaridade que é a forma como um conteúdo é disseminado no ambiente.

Para Kaio, a melhor forma de combater a fake news é promover desde cedo e de forma massiva a educação digital, fazendo com que as pessoas usem os ambientes digitais de modo mais crítico, que questionem aquela que elas procuram entender qual o objetivo e o que está por trás de determinado conteúdo. “Que as pessoas analisem a fonte e que chequem os fatos. A principal maneira de se evitar a propagação de notícias falsas, de conteúdos manipulados, é investindo em educação e letramento digital da população”, finaliza o doutor.

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