O painel foi coordenador pela presidente da Câmara de Ensino Superior da Federação Nacional das Escolas Particulares – Fenep –, Amábile Pacios, e teve como palestrantes Romário Davel (consultor sênior da Hoper Educação), Marcos Antônio Boscolo (sócio de auditoria e líder de atendimento para o setor de educação na KPMG no Brasil) e Carlos Furlan (diretor executivo da Ideal Invest).
Durante o debate, o professor Uchôa Junior ressaltou que o setor privado do ensino superior vive um novo contexto, após assumir o protagonismo do sistema nos últimos 15 anos e democratizar o acesso à educação superior. “Transformamos um sistema que era para poucos, de elite, em um sistema voltado para a massa. Atendemos a demanda reprimida da população por educação superior e também do mercado de trabalho que demandava mão de obra qualificada. Demandas que se complementavam. Entretanto, o cenário mudou. Vivemos um cenário de redução da atividade econômica que começa no final de 2014 e acentua-se durante 2015, mostrando sua face mais perversa agora em 2016. Segundo o Serasa Experian, 85% dos brasileiros afirmam estar obrigados a ajustarem seus gastos”, comenta o superintendente geral do Grupo Tiradentes.
“Até quando nosso tecido social e nossos jovens suportarão a crise política e econômica pela qual passamos? Não sei, temo pelos resultados. Por outro lado, nem tudo está perdido. Já passamos por crises outras vezes e conseguimos voltar a crescer. Desta vez não será diferente. A educação é uma importante matéria-prima para o crescimento. Poderosa força econômica. Uma força de trabalho mais qualificada tem maior produtividade, permite a absorção e o desenvolvimento de novas tecnologias. Maior escolaridade outorga aos indivíduos melhores rendimentos, e quem alcança níveis mais altos de educação conquista benefícios que retornam a sociedade na forma de riqueza econômica. Toda crise tem um bônus: a cobrança pela inovação nas empresas. No nosso caso, a aceleração de transformações estratégicas nos processos de captação, retenção e relacionamento com os alunos”, concluiu o professor Uchôa Junior, de forma otimista.
SOBRE O EVENTO
O Congresso Brasileiro da Educação Superior Particular reúne as principais lideranças do ensino superior particular: reitores, mantenedores, gestores, autoridades governamentais e políticas com responsabilidades na área de educação, além de renomados educadores e formuladores de políticas públicas. Todos dispostos a debater alternativas e estratégias para a expansão da educação superior no país a fim de apoiar e acelerar o desenvolvimento econômico e social sustentável brasileiro.
Na nona edição, o tema escolhido é “Ensino Superior Brasileiro: soluções para um país que precisa avançar”. Durante os três dias do encontro, os participantes irão refletir e discutir sobre o momento atual do ensino superior, as dificuldades e expectativas, em busca de alternativas futuras baseadas no tripé: questões políticas e estratégicas para a educação superior; aspectos operacionais e reflexões sobre o futuro da educação no Brasil, com indicativos de caminhos a seguir.
Na pauta atual do setor está, entre outros pontos estratégicos, a inclusão maciça da população oriunda das classes C, D e E e, até 2024, de 33% da população brasileira com idade entre 18 e 24 anos no ensino superior, conforme determina o Plano Nacional de Educação (PNE). Percentual que gera um grande desafio, tendo em vista que dados atualizados apontam para um indicador pouco acima de 15%, em 2015. A participação das Instituições de Ensino Superior (IES) Particulares tem papel fundamental nesse objetivo, pois, conforme Censo do Ensino Superior de 2014, 75% dos 7,8 milhões de alunos matriculados estão estudando nessas instituições.
Diante desses fatores, as reflexões e debates do Congresso se tornam ainda mais relevantes. É uma oportunidade ímpar de se ter, em um só lugar, representantes empenhados em encontrar soluções para o fortalecimento das entidades e instituições de ensino superior particular que sejam capazes de colaborar ativamente para estruturação de um crescimento consistente do país, seja pela expansão em número, conforme as metas do PNE, como também pela preocupação em resgatar, na máxima extensão possível, a dívida social existente com a inclusão da camada da população de menor renda nesse nível de ensino.