Sergipe será o segundo maior produtor de energia do Nordeste quando a termoelétrica Porto de Sergipe I, em construção na barra dos Coqueiros, entrar em operação em 2020. A tecnologia utilizada no empreendimento foi tema de palestra na Universidade Tiradentes, nesta quinta-feira, dia 22, que convidou o engenheiro mecânico e diretor Regional de Produtos da General Eletric (GE) para América Latina, John Mcneill Ingham.
O auditório do Bloco G ficou lotado de acadêmicos e profissionais, os quais ouviram atentos a apresentação sobre a tecnologia utilizada nas turbinas a gás em termoelétricas, aspectos ambientais do equipamento, bem como eficiência na produção de energia. A palestra foi transmitida para os campi do Grupo Tiradentes, Unit Recife e Unit Maceió.
Na opinião de John Mcneill Ingham, o debate com a Universidade é importante para formação de bons profissionais, principalmente, por conta das mudanças que a matriz energética brasileira vem passando nos últimos anos.
“O que a gente está construindo hoje em Sergipe é a última tecnologia, é a coisa mais eficiente que existe. Trazer esse debate para a Universidade, principalmente num momento em que o País está mudando tanto toda sua matriz energética. É fundamental ter essa dupla via. Como que a GE quer ter bons profissionais se não ajuda na formação deles hoje? A GE tem a termoelétrica mais eficiente do mundo, esse avanço constante de tecnologia envolve sistemas e montagens, é algo contínuo. A Porto Sergipe terá uma das emissões mais baixas de poluentes e isso também é parte do avanço, conseguimos eficiência altíssima usando menos combustível, o que significa poluir menos”, declarou.
A eficiência das turbinas a gás tipo H também foi debatida. O palestrante explicou que esse novo modelo, que será utilizado na termoelétrica sergipana, tem 62% de eficiência e um consumo menor de combustível, o que a torna menos poluente. O tempo de montagem também e menor, cerca de 25% menos que o modelo anterior, denominado F. “A UTE Sergipe terá capacidade de oferecer energia para 20 milhões de pessoas. A importância dessa planta não é para Sergipe, mas para o sistema elétrico nacional”, disse, destacando que termoelétricas reduz o custo de operações e de emissões de fonte poluidora; aumenta a segurança do sistema interligado nacional e a participação de energias renováveis na matriz energética nacional.
GE
A GE é a empresa contratada pela Centrais Elétricas de Sergipe para construir, operar e fazer a manutenção do Complexo Termoelétrico Porto de Sergipe I. O Complexo é o maior investimento privado já realizado em Sergipe, mais de R$ 6 bilhões. A unidade terá a capacidade de gerar 1,5 mil megawatts de energia elétrica. Para dimensionar o empreendimento, deve-se assinalar que a Porto de Sergipe poderá, sozinha, atender a 15% da demanda de toda a região Nordeste.
O empreendimento inclui, além da usina termoelétrica, uma Linha de Transmissão e Instalações Offshore, que contempla uma unidade de armazenamento e regaseificação GNL e gasoduto. Toda a tecnologia empregada é desenvolvida pela GE, como as turbinas a gás 7HA, que serão utilizadas na unidade da Barra dos Coqueiros. Para o desenvolvimento dessa tecnologia, que traz nível de poluição 90% menor que as usinas que operam a diesel, a GE investiu quase US$ 2 bilhões.
Público
Estudante do segundo período de engenharia mecânica, Daniele Siqueira Vieira elogiou o evento. Ela acredita que a vinda de profissionais da área amplia a discussão sobre as possibilidades de atuação no mercado.
“Achei muito interessante porque a área da engenharia mecânica abrange todas as áreas da engenharia e eu sempre tive essa dúvida. Comecei a me interessar quando vi essa área de transformação de energia, as partes das hidrelétricas, das termelétricas. Eu gosto desse universo. É muito proveitoso aprender coisas que a gente não sabia e ver a relação disso com a engenharia mecânica, o quanto é importante, o quanto é ampla a nossa área de atuação. E é muito legal você ter o depoimento de uma pessoa formada em engenharia mecânica, que tem, conseguiu crescer. Isso inspira os alunos a continuarem seus sonhos e estudar mais para obter esse tipo de sucesso também”.
Já José Domingos, acadêmico de Engenharia Elétrica, mudou a visão sobre as termoelétricas. “Ajudou a desmistificar aquela ideia antiga de que usinas termelétricas poluem. Descobri que só as mais antigas poluíam e que hoje estão trabalhando para reduzirem cada vez mais essa poluição”.
O presidente do Instituto de Tecnologia e Pesquisa (ITP), Diego Menezes, fez a abertura da palestra e destacou a importância de eventos de extensão para fomentar o interesse pela pesquisa entre estudantes.
“Essas oportunidades são deveras importantes porque a gente começa a compreender quais são as necessidades desses parceiros para que possamos apresentar projetos de soluções tecnológicas. Temos alguns pesquisadores do nosso quadro, do ITP e da universidade Tiradentes que trabalham com carteira de NOX, que nós vimos aqui nessa palestra, por exemplo, que é um dos desafios na geração de turbinas mais eficientes. Temos hoje alguns grupos que trabalham na área de processos e de materiais e certamente estaremos identificamos as necessidades e apresentando as funções”.
A pró-reitora Adjunta, Elayne Emília, também esteve presente. “Muito bom ver a interação dos alunos numa palestra profundamente acadêmica. Ficamos muito felizes com esse momento e iremos proporcionar mais ações dessa”, garantiu.