Em celebração aos 185 anos do nascimento do ilustre jurista, filósofo e pensador sergipano Tobias Barreto, a Universidade Tiradentes (Unit), por meio do Instituto Tobias Barreto de Educação e Cultura (ITBEC), realizou o evento “Tobias Barreto: Estéticas do Pensamento Crítico Social”. O objetivo foi homenagear o patrono do Instituto e destacar a atualidade e relevância de suas ideias para a sociedade brasileira. Paralelamente, foram celebrados os 140 anos da obra “Menores e Loucos em Direito Criminal”.
A ocasião reuniu acadêmicos, pesquisadores e entusiastas do pensamento crítico social para homenagear um dos maiores intelectuais brasileiros do século XIX, que através de suas ideias inovadoras, refutou as ideologias dominantes de sua época e questionou os fundamentos da Revolução Francesa. Seu trabalho lançou as bases para uma consciência crítica e política, sensibilizando a população sobre os rumos sociais do período imperial e incentivando a construção de um futuro mais justo.
A bibliotecária do ITBEC, Alda Teresa Nunes de Freitas, ressaltou a importância de Tobias Barreto como patrono do Instituto e a relevância de celebrar seus 185 anos de nascimento. “O Instituto foi fundado pelo professor Luiz Antônio Barreto, também um grande pesquisador das obras de Tobias. Comemorar seus 185 anos é uma forma justa de homenageá-lo, especialmente por ele ser o patrono do ITBEC. A pesquisa sobre ele é essencial, pois a história é fundamental para entendermos nosso presente e futuro. Sem a história, não sabemos nada”, destaca.
Importância histórica
O arqueólogo do Memorial de Sergipe, João Mouzart de Oliveira Júnior, ministrou uma palestra intitulada “Sabores que dançam na taça: Como poesia destilada – A imortalidade dos saberes de Tobias Barreto”. “No Brasil, existem dois tipos de pensamento: antes e depois de Tobias Barreto. Ele atualizou debates sobre gênero, raça e crítica social, afastando-se do pensamento religioso e biológico, e é considerado o primeiro “além Marx” no país. Barreto difundiu obras como “O Capital” e o “Manifesto do Partido Comunista”, trazendo a cultura alemã que criticava o pensamento francês. Ele formou pensadores como Fausto Cardoso e Silvio Romero, contribuindo para um pensamento crítico e prático que questionava os modelos sustentados no Brasil da época”, elenca Mouzart.
Mouzart ressalta ainda que em 1870, especialmente durante a Guerra do Paraguai, Tobias chamou a atenção para a formação de uma identidade nacional. Ele viu nesse movimento o momento correto para uma ruptura e transformação, especialmente no que se refere à abolição da escravatura. “Tobias foi um abolicionista e discutiu a educação das mulheres, que não estavam inseridas naquele contexto, além de várias outras pautas, questionando estruturas presentes na sociedade da época”, enfatiza.
A importância de um evento desse porte é dupla. Primeiro, por celebrar os 185 anos de Tobias Barreto. Segundo, marca os 140 anos do livro “Menores de Loco”, que defende a perspectiva da criança e repensa a criminologia. “Acredito que esse evento chama a sociedade para debater e conhecer a transformação social promovida por Tobias, demonstrando como seu pensamento ainda é atual e continua a atualizar nossas formas de olhar para a sociedade. Tobias chamou a atenção para a construção de um futuro possível, um futuro que, a partir do respeito à diferença, possa produzir igualdade”, completa o arqueólogo.
Contribuição acadêmica
Para a Universidade Tiradentes, esse evento é um importante resgate, visto que boa parte da obra de Tobias Barreto está incorporada ao acervo da instituição. O coordenador dos cursos de pós-graduação Stricto Sensu e diretor de relações institucionais da Unit, Marcos Wandir Nery, conta que o ITBEC reuniu essas contribuições ao longo do tempo, graças ao esforço de Luís Antônio Barreto. “Esse material está à disposição de pesquisadores, alunos e professores, formando novas gerações a partir do exemplo de um sergipano que se formou em Recife, mas que se tornou um cidadão do mundo, contribuindo para a consolidação do Direito e dos direitos humanos”, infere Wandir.
Segundo Wandir, as teorias e o legado que Tobias produziu sempre foram pioneiros. Ele estava à frente de seu tempo e, até hoje, inspira os doutrinadores, professores e alunos de Direito. “Para nós, é um resgate importante. Nossa expectativa é homenagear Tobias Barreto anualmente, celebrando sua obra. Este ano, além dos 185 anos de seu nascimento, comemoramos os 140 anos de um de seus livros. Estar na universidade é resgatar essa memória. No aniversário de Tobias Barreto, queremos promover discussões com estudiosos sobre sua obra, envolvendo nossos alunos de graduação, mestrado e doutorado. Ele é uma fonte inesgotável de saber”, projeta.
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