“O projeto partiu de uma disciplina chamada ergonomia onde a gente aprende sobre a usabilidade, a questão do conforto das peças. E aí, a inclusão faz parte da moda, então, a gente propôs essa ideia de pensar peças adaptadas”, explica a professora Bruna Marques, responsável pela organização do evento e disse ainda que após analisar um diferencial para a segunda edição do evento, surgiu a ideia de sustentabilidade. “Fizemos uma doação junto com a Conduta Consciente e o shopping grátis, juntamos uma coleta de jeans e então todas as peças que irão desfilar hoje foram customizadas”, completa.
Para Cristina Santos, uma das modelos das peças apresentadas no evento, o Acesso Fashion é a diversidade sendo vista em Aracaju. “Nós não temos isso normalmente e isso vai dando oportunidade de inserir todo na moda, para que todos possam ter acesso à moda”. Cristina é estudante do quinto período de gestão de Turismo no Instituto Federal de Sergipe.
A noite contou ainda com uma palestra de Luciano Marques, natural de Santos, São Paulo, que parabenizou a Unit pelo desenvolvimento do trabalho. “A gente vai ter aqui bailarinos dançando em cadeiras de rodas, a palestra que traz um palestrante que não é doutor absolutamente em sociologia ou em qualquer outra coisa, mas que fala da vida real, como ela é nua e cruamente, sem medo, sem se sentir inferior” expressa Luciano que tratou em seu bate-papo com os alunos sobre o histórico de aceitação da condição de cadeirante, desde a criação de leis nos anos oitenta até os conceitos de inclusão no dia-a-dia que temos hoje. “Na realidade, já está provado que nós não temos problemas, quem tem problema é o meio. É preciso que se fale sobre respeitar as diferenças e o espaço acadêmico é o melhor lugar para isso acontecer. As pessoas sairão daqui profissionais, cada um na sua área entendendo que existe a diferença e há que se respeitar essa diferença”, complementa.
Dentre as atrações da noite, Charles Roni Lima, coreógrafo do Loucurarte há quatro anos, atenta para a relevância de alunos de moda terem os olhos voltados para as pessoas com deficiência. “Hoje a gente está aqui para mostrar as diferenças da moda alternativa que, dentro da universidade, é o melhor campo para se mostrar isso, até porque quem está se formando perceber que existe um mercado de trabalho aí fora, que ninguém tá se dando conta”, ressalta. A Companhia de Dança loucuarte já existe há cinco anos, com dança e esporte em cadeira de rodas para competição e espetáculos.
“Poder mostrar nossa cultura inclusiva pelos estados Brasil, a valorização e a potencialidade da pessoa com deficiência com outros grupos de artes sendo de dança, de música, para nós é uma honra muito grande fazer essa troca de experiência” diz Camila Rodrigues, gestora fundadora e coreógrafa da Companhia Corpo e Movimento do Rio de Janeiro. Esta foi a primeira vez do grupo na Unit e a Corpo e Movimento, que existe há 17 anos, esteve participando de três paraolimpíadas sendo Sidney, em 2000, Londres em 2012 e este ano, aqui no Brasil, na Rio 2016. “É necessário mostrar para as pessoas, principalmente dos cursos de saúde, enfermagem, fisioterapia, por exemplo, que eles precisam saber lidar com isso. Que saibam fazer reabilitação, não só aquela que todo mundo conhece, de dentro do ginásio, mas também a reabilitação contínua que faz bem a alma, a mente, faz bem ao corpo e ajuda também a melhorar a qualidade de vida da pessoa com deficiência”, explica. O grupo apresentou músicas do ritmo característico do Rio de Janeiro, como o funk.
O Grupo Eficiência, de Araxá, Minas Gerais, trouxe uma modalidade latina em sua apresentação, uma dança mais romântica e Yasmim Araújo, responsável pelo grupo, afirmou ser o Acesso Fashion uma experiência incrível. “Principalmente com os desfiles, a ideia da moda adaptada, o evento como um todo está lindo”.