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Pós-doutoranda construiu sua carreira acadêmica em Engenharia na Unit

Egressa fez graduação em Engenharia Ambiental, mestrado e doutorado no Programa de Pós-graduação em Engenharia de Produção. Hoje faz pós-doc sobre controle de gases do efeito estufa

às 15h55
Pesquisadora Marília Pupo (Foto: acervo pessoal)
Pesquisadora Marília Pupo (Foto: acervo pessoal)
Esta foi uma publicação que fez após visitar a Universidade Federal de São Carlos
Parte do campus da Technological University Delft – TU Delft
Biblioteca da TU Delft é um dos locais do campus que Marília Pupo mais gosta
Perfil da pesquisadora no Google Acadêmico
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Por Raquel Passos

“Encantei-me com o lado mais científico da engenharia. Hoje não me veria fazendo nada diferente”. Assim a sergipana Marilia Pupo, residente na cidade de Delft, na Holanda, define sua missão de vida. Afinal, desde criança, seu sonho era contribuir para preservar o meio ambiente. Em um simples banho de mar, por exemplo, ela já entendia que poderia cooperar, afinal, sempre teve perfil de cientista. Ao ingressar na Universidade Tiradentes – Unit –, em 2006, para cursar Engenharia Ambiental, dois anos antes de se formar, iniciou sua carreira acadêmica onde seguiu até o doutorado.

De forma despretensiosa, começou em 2008 como bolsista de iniciação científica e passou a trabalhar no laboratório do ITP com tratamento de efluente, grupo orientado pela professora Eliane Cavalcante. “Durante meu 3º período da graduação, por um acaso, me matriculei em tratamento de efluentes e logo me encantei com a ideia de aprimorar os sistemas de tratamento convencionais que vemos nas cidades. As ETEs [Estações de Tratamento de Esgoto] que são propostas em toda área urbana, são incapazes de tratar o grande volume de químicos que inserimos na água da cidade. Tendo isso em mente, eu queria me envolver e ser parte da ciência focada em solucionar esse problema”, afirma a egressa.

No final do curso, Marília Pupo passou a pesquisar sobre tratamento de efluente eletroquimicamente, sob o olhar do professor Giancarlo Banda. Foi praticamente quando se deparou com aquela que seria a área de seu curso de mestrado na Unit. “De 2012 a 2014, fiz meu mestrado no PEP [Programa de Pós-Graduação de Engenharia de Processos] com o professor Giancarlo Banda, no tema de eletro-oxidação de glicerol para células combustíveis”, explica.

Seu empenho, aptidão e vocação à carreira acadêmica não anulam a contribuição da Unit na construção de sua carreira de sucesso. Para ela, o incentivo à pesquisa científica, desde a graduação, fez toda a diferença. “Durante meus anos de estudo na Unit, sempre fui motivada a explorar meu potencial e a desenvolver análise crítica sobre meu curso e minha contribuição ao mundo. Os profissionais e amigos da Unit sempre estiveram disponíveis, me ajudando a aprimorar meu conhecimento na área ambiental”, relata.

A parceria da Unit com o Instituto de Tecnologia e Pesquisa – ITP –  foi fundamental. “Agradeço muito por ter tido a oportunidade de interagir com tantos ótimos profissionais na Unit e ITP, que me ajudaram a chegar onde estou hoje. Guardo os anos vividos na instituição com muito carinho e espero um dia poder retribuir tudo que aprendi dentro da Unit”, revela.

Doutorado PEP

Assim que apresentou seu mestrado, em 2015, Marília retornou à Unit, mas dessa vez como doutoranda, focada em trabalhar com desenvolvimento de elétrodos para degradação eletroquímica de compostos orgânicos. “Durante esse tempo, fiz uma visita na Universidade Federal de São Carlos que me rendeu essa publicação. E já no final do período de doutorado, eu fui para o ICRA [Catalan Institute for Water Research; que significa: Instituto Catalão de Pesquisa sobre Água], onde trabalhei sob orientação da professora Jelena Radjenovic em um grupo chamado eléctron 4 water, desenvolvimento eletrodos 3D para atuar também no tratamento de efluentes”, lembra.

Nesse período, a jovem cientista já tinha acumulado 15 artigos acadêmicos publicados, além de um capitulo de livro.

Pós-Doc

Mesmo com tese do doutorado defendida com sucesso, com apenas 29 anos, Marília Pupo entendia que podia contribuir ainda mais para a preservação do meio ambiente e começou a aplicar para vagas de pós-doutorado (doc). Em apenas dois meses, foi selecionada para uma entrevista sob a coordenação do professor Wiebren de Jong, na Technological University Delft – TU Delft.

Diante de uma trajetória impecável, a probabilidade de conseguir aquela vaga no pós-doc era tão alta que um dia depois veio a confirmação. Até 2022, Marília Pupo desenvolverá o projeto de seu pós-doc, vinculado ao programa europeu E-refinery.

“No prazo de 24 horas, recebi minha aprovação e foi dado o início no processo de minha contratação. Comecei a trabalhar com redução de CO2, em um projeto relacionado com controle de gases do efeito estufa e propostas de utilização de emissões de CO2, sob a orientação direta do professor Ruud Kortlever. Consiste no desenvolvimento de eletrólitos otimizados para a redução eletroquímica de CO2”, explica.

Redução efeito estufa

Em apenas oito meses de trabalho, Marília Pupo já deu forte contribuição para a redução de CO2. “Publiquei um artigo cientifico”, comemora. Envolvida com um projeto chamado E2C – Electron to Highs Value Carbons; a pesquisadora busca ainda ampliar seu conhecimento para solucionar a baixa eficiência no sistema de conversão de CO2 .

Sendo um dos maiores gases emitidos pela indústria, pesquisas desenvolvidas pelo Painel Intergovernamental sobre Mudanças Climáticas – IPCC – garantem que o aquecimento global está diretamente ligado à elevada concentração desse gás na atmosfera, já ultrapassando hoje à marca de 400 ppm.

Até 2020 ela diz que pretende desenvolver um projeto que ainda viabilize a economicidade do sistema. “Trata-se de um eletrólito alternativo com o enfoque de produção de ácido fórmico a partir do processo de redução de CO2 que seja capaz de aumentar a viabilidade econômica do sistema”.

Junto a uma equipe de mais de 50 cientistas focados exclusivamente em propor alternativas para as indústrias reduzirem esta emissão, a Marília Pupo se torna peça chave na sustentabilidade ambiental do planeta.

TU Delft

Na Universidade Técnica de Delft (TU Delft, em inglês) fundada em 1842, na Holanda, uma das mais importantes do segmento, Marília hoje orienta cinco doutorandos, dois mestrandos e um grupo de graduandos envolvidos em projetos de renovação tecnológica; desenvolvendo pesquisas no campo da eletroquímica”, diz.

Durante os primeiros seis meses com esse grupo, a cientista vocacionada já participou de eventos acadêmicos na região. “Isso fortalece meu networking dentro do meu campo de trabalho. Diariamente tenho a oportunidade de interagir com diversas companhias, conhecer projetos de importantes companhias do segmento”, reconhece.

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