Por Gabriel Damásio e Raquel Passos
Estratégias globais de saúde e prevenção de doenças, capazes de atingir vários países, compôs o teor abordado na Aula Magna dos cursos de Medicina das Instituições de Ensino Superior do Grupo Tiradentes. Ministrada nesta segunda-feira, 8, pela infectologista americana Juliette Morgan, que ainda é diretora do Escritório Nacional da América do Sul do Centro de Controle e Prevenção de Doenças (CDC), em Brasília (DF), o momento inaugura o semestre letivo dos alunos de Medicina Tiradentes, inclusive, dos calouros da Unit Sergipe.
O presidente do Grupo Tiradentes, professor Luciano Klima, destacou que o momento representa a realização de sonhos e projetos de vida, principalmente para os estudantes que decidiram abraçar a Medicina como profissão. “Fico feliz de fazer parte desse momento tão especial da vida de cada um. Esse dia foi sonhado por vocês, o de entrar na universidade e para um curso tão disputado, tão importante e com o propósito de salvar vidas. Que vocês possam realizar o sonho de ser, acima de tudo, profissionais qualificados, dedicados e pessoas melhores, que contribuem com uma sociedade mais justa e fraterna, e impactam na vida de muitas pessoas”, saudou Klima.
A diretora do CDC, que se formou na Argentina e já trabalhou em pesquisas no Brasil, destacou a trajetória do Grupo Tiradentes na formação acadêmica e nos serviços prestados à população, em especial, no Nordeste. Morgan ainda explicou o que é e como funciona o CDC, uma agência pública de saúde fundada em 1946, pertencente ao Departamento de Saúde e Serviços Humanos dos Estados Unidos e que é responsável pelas ações de pesquisa, monitoramento, prevenção e combate às doenças infecciosas e não-transmissíveis.
Saúde global
Segundo ela, a atuação do CDC se enquadra no conceito de saúde global, que busca colaborar com a prevenção e combate a doenças em todo o mundo, por meio de quatro escritórios regionais (incluindo o de Brasília) e acordos bilaterais com mais de 60 países. Para ela, o órgão tem foco na saúde pública dos Estados Unidos, mas atua em outros países porque “reconhece que as doenças não respeitam fronteiras”, a exemplo do novo coronavírus. “É como estamos vendo hoje. Estamos conectados de uma maneira integral quanto às doenças”, resume Juliette Morgan.
“Se nós pensarmos, essa situação do Covid-19 é um exemplo perfeito da segurança de saúde. Quando as capacidades de um país não são suficientemente fortes para prevenir ou, quando surge um surto, para controlar aquele surto, estamos vivendo essa situação, onde os sistemas de saúde não conseguem controlar uma epidemia e ela vira uma pandemia”, disse ela “Queremos fazer parcerias igualitárias. Não estamos aqui para dizer a ninguém como se deve fazer as coisas. Estamos para trabalhar juntos com vocês, aprender, intercambiar as expertises e experiências dos países”, ressaltou.
A diretora do CDC concluiu com uma reflexão sobre três principais lições aprendidas com a pandemia do coronavírus: “Temos que trabalhar juntos e colaborar. Nenhuma instituição ou país pode ganhar sozinho a batalha contra esse vírus. Temos que evitar a politização da saúde, porque isso prejudica a capacidade de resposta. Sempre devemos manter o enfoque na evidência e na ciência. E temos que entender que essa pandemia tem um custo enorme para todos. É hora de ver mais investimentos dos governos de todo o mundo na área de saúde pública e na prevenção dos surtos, para evitar o que estamos vivendo agora”.
A Aula Magna dos cursos de Medicina está disponível neste link do canal do Grupo Tiradentes no YouTube.
CDC
O órgão já atuou em várias missões de combate a epidemias e doenças em todo o mundo, como a erradicação mundial da varíola, em 1979; da eliminação da poliomielite nas Américas, em 1994; da pandemia da gripe H1N1, em 2009; do surto de ebola no oeste da África, em 2014; do surto de zika vírus no Brasil, em 2016; e, desde dezembro de 2019, da pandemia da Covid-19.
Segundo a diretora do órgão, um dos papéis do CDC é auxiliar tecnicamente esses países, adotando estratégias de controle, aperfeiçoando os sistemas nacionais de vigilância em doenças e ensinando aos técnicos e especialistas locais sobre como as doenças devem ser detectadas e tratadas.
Já os principais objetivos de uma estratégia de saúde global, para Morgan, são: proteger os cidadãos de cada país contra surtos de doenças; compartilhar práticas em implementação de programas, pesquisa, comunicação e políticas; fortalecer os sistemas de saúde; garantir a equidade e acesso a todos na saúde; salvar vidas e prevenir o espalhamento de doenças; e promover sociedades estáveis. “Quando a sociedade tem saúde e é estável, vemos progresso e crescimento econômico”, resumiu.
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