Soja, café, carne, grãos, frutas tropicais, sucos, açúcar, petróleo, álcool, minério de ferro. O que esses produtos têm em comum? Estão entre os principais produtos de exportação do Brasil e se encontram hoje em uma fase de crescimento da demanda, principalmente para parceiros regionais como México, Colômbia e Argentina, e gigantes mundiais como China, Japão, Estados Unidos e União Europeia. Tratam-se das commodities, produtos básicos produzidos em larga escala ou fornecidos como matéria-prima, que são bastante valorizados no mercado exterior, mas têm uma variação de preços muito volátil.
O economista Lucas André Sorgato, professor dos cursos de Administração do Centro Universitário Tiradentes (Unit Alagoas), explica que as commodities, termo do inglês que quer dizer “mercadorias”, são chamadas assim porque são itens homogêneos no seu uso e iguais em qualquer lugar do mundo. “O processo de diferenciação entre eles praticamente não existe. Nesse sentido, as empresas que trabalham no segmento de commodity sempre disputam via custos de produção e via preços. Dado o fato que as commodities são homogêneas e iguais para todos, os preços delas são dados pelo mercado internacional, diariamente na sua concorrência”, disse ele.
Um dos grandes debates na economia brasileira e de muitos países da América Latina está no peso que os commodities significam no Produto Interno Bruto (PIB) de cada país, representando grande parcela de suas riquezas. Isso acaba tornando uma nação mais rica ou mais pobre aos sabores dos preços pagos pelo barril do petróleo, pelo minério de ferro ou pela arroba do boi gordo. Para alguns especialistas, isso corrobora uma visão segundo a qual os países subdesenvolvidos ou em subdesenvolvimento fiam suas bases econômicas nas commodities.
Mas no caso do Brasil, essa visão não procede totalmente, pela força e diversidade de seus setores econômicos, tanto agrários quanto industriais. “O Brasil exporta muita commodity e tem um processo de fabricação grande. O setor agropecuário brasileiro é muito forte, com várias commodities, e o setor de extração mineral também. O país tem uma situação de pioneirismo em matérias primas elevadas, só que são produtos de baixo valor agregado. Em termos de faturamento, representa muito, mas o Brasil ainda é um país fechado para o comércio internacional: exporta pouco para o seu potencial e também importa pouco”, salienta Sorgato, negando que o Brasil viva uma espécie de “commodi-dependência”.
O economista aponta ainda que o agronegócio brasileiro, mesmo com a valorização dos alimentos e com o aumento das exportações, ainda tem pouco peso na soma das riquezas do Brasil. “O setor agropecuário foi o que mais cresceu no primeiro trimestre deste ano, mas a gente ainda não tem uma dependência disso, por assim dizer, porque o setor ainda representa pouco dentro do nosso Produto Interno Bruto”, diz Lucas, estimando essa porcentagem em 6,8%. “Então, não posso dizer que sejamos dependentes dele como fomos em outrora, lá na época do café, da cana-de-açúcar, do algodão, enfim”, acrescenta, referindo-se à época do Brasil Colônia.
Asscom | Grupo Tiradentes