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Conheça um pouco da história do Bricelets de São Cristóvão

O biscoito fino, com massa bem leve e sabor de laranja, se consolidou como um elemento que representa a doceria da cidade. 

às 19h03
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Quem visita o município de São Cristóvão não sai sem provar os famosos bricelets da cidade. Os biscoitos carregam muita história e tradição. O bricelet é uma herança das freiras beneditinas que viveram em clausura durante um longo período em São Cristóvão, 4ª cidade mais antiga do Brasil.

“A cidade mãe de Sergipe sustenta e preserva traços da influência do Brasil hispânico, mantendo viva na sua história características da expansão da América portuguesa conhecido também como Brasil Colonial. Sua história é marcada pela arquitetura ibérica e ricas tradições em resistência aos invasores franceses e holandeses ao longo de suas lutas e batalhas as quais deram a Portugal o domínio pelo seu território”, comenta o historiador e diretor do Arquivo Municipal de São Cristóvão, Adailton Andrade.

“Resquícios dos seus colonizadores permeiam em São Cristóvão na contemporaneidade, uma herança que pode ser percebida, principalmente, pela gastronomia local que apresenta um belo espetáculo de gostos, cheiros e cores, atraindo sergipanos e turistas dos mais diversos lugares”, acrescenta.

Segundo o especialista, os séculos XVIII e XIX, em São Cristóvão, foram marcados com a formação das ordens religiosas terceiras. “Com a extinção das ordens religiosas, em 1834, a culinária realizada pelas freiras foi um fator fundamental e contribuiu de modo significativo para a sobrevivência econômica dos conventos”, relembra.

“A antiga Santa Casa de Misericórdia, depois virou orfanato imaculada Conceição, construção barroca datada da primeira metade do século XVII e concluída no início do século XVIII. Este espaço abrigou inicialmente um hospital de caridade, passando a funcionar como asilo em 1911 e, posteriormente, um orfanato para meninas órfãs e desvalidas. De 1922 a 2017 ficou sob a administração das Irmãs Missionárias Imaculada Conceição da Mãe de Deus. Atualmente, funciona como centro administrativo da prefeitura municipal. Mas foi aí que essa história ‘saborosa’ começou”, destaca Adailton.

Os biscoitos finos com massa bem leve e sabor de laranja rompeu a fronteira entre a questão econômica, que ajudava a manter a ordem religiosa, e se consolidou como um elemento que representa tanto a doceria da cidade.

“De origem Suíça, o bricelet é uma herança das freiras beneditinas que viveram em clausura durante um longo período em São Cristóvão. O delicioso biscoito, fino, delicado como hóstia, tem um leve toque de limão e laranja”, salienta.

“Feitos em uma chapa quente, de forma individual, é um processo artesanal que demanda paciência, dedicação e muita concentração”, complementa.

De acordo com Adailton Andrade, com o fim das atividades do orfanato, as irmãs do lar Imaculada Conceição não são mais as responsáveis pelos biscoitinhos que desmancham na boca. “Atualmente, a produção dos Bricelets, ficou como herança para os antigos funcionários do Orfanato Imaculada Conceição, com a responsabilidade de manter viva essa história, além de ser uma fonte de renda. Hoje, quem mantém a tradição de fazer os biscoitos finos na cidade de São Cristóvão se chama Dona Vera e Manoel Santos”, garante o historiador.

Para Isabelle Brito, mestre em Turismo com foco em pesquisas na área de Gastronomia e professora da Universidade Tiradentes, é importante destacar a herança histórica que os alimentos propõem, neste caso, os bricelets. “Hoje, a identidade gastronômica não é apenas um alimento em si e, sim, o modo de fazer, a herança histórica que esses alimentos trouxeram para nós. Então, esse modo de fazer artesanal traz para gente uma identidade específica e torna determinados elementos patrimônios imateriais dessa região”, frisa.

“Em específico, os bricelets tem essa busca para se tornar um patrimônio imaterial e é uma forma de trazer e perpetuar essa identidade. Então, a importância dos Bricelets para São Cristóvão está trazendo tradição, identidade, história e, principalmente, esse modo se passar de geração para geração”, assegura a coordenadora pedagógica do curso de Gastronomia da Unit.

A docente destaca ainda o papel da gastronomia atrelado à valorização de uma cidade, como é o caso dos Bricelets. “Como todos os povos possuem a sua identidade e cultura, essa é a principal força da valorização e tradição de uma cidade por meio da sua alimentação e sua história que a gastronomia traz através da sua identidade cultural”, enfatiza.

“Em especial o bricelet, nas missões religiosas, passa a ter uma identidade com a região porque ele é produzido com um símbolo, feito em uma chapa quente com símbolo próprio característico do convento onde hoje ainda se perpetua a produção dos bricelets em São Cristóvão”, finaliza Isabelle Brito.

 

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