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Queda no agro e na indústria pode ser compensada pelo setor de serviços

Economista e professor da Unit acredita que retomada será com o sinal de alerta ativado, pois ela pode ser afetada em caso de um novo descontrole da pandemia

às 21h03
Os setores de comércio e de serviços são os que mais tem chances de crescer economicamente em relação ao ano passado (Marcello Casal Júnior/Agência Brasil)
Os setores de comércio e de serviços são os que mais tem chances de crescer economicamente em relação ao ano passado (Marcello Casal Júnior/Agência Brasil)
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No segundo trimestre de 2021, o Produto Interno Bruno (PIB) brasileiro apresentou queda de -0,1% em comparação ao trimestre anterior, segundo os dados do Sistema de Contas Nacionais Trimestrais (SNTC), divulgados pelo Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE). 

De uma maneira geral, todos os segmentos produtivos tiveram desempenho menor que o anterior no comparativo. Foi um desempenho negativo, que, de acordo com a análise do economista Italo Spinelli da Cruz, professor do curso de Administração da Universidade Tiradentes (Unit Sergipe), já era esperado por conta do avanço da pandemia e das mortes diárias causadas pelo novo coronavírus, durante os primeiros meses do ano. 

Segundo o levantamento do IBGE, as maiores quedas foram sentidas pela agropecuária, com com queda de -2,8%, e pela indústria, que recuou -0,2%. Chama a atenção o problema enfrentado pela Indústria de Transformação, cuja cadeia produtiva foi afetada pela falta de insumos, e que fechou o trimestre com saldo negativo de 2,2%. 

Já na outra ponta, o setor de serviços começou a reagir e recuperar as perdas sofridas ao longo da pandemia, com a reabertura das lojas, o avanço da vacinação e a diminuição dos casos e internações. O setor, puxado principalmente pelo comércio, apresentou um crescimento de 0,7% no trimestre, que pode ser consolidado com o aumento do consumo proporcionado pelas festas de fim de ano. As previsões econômicas apontam que o desempenho da economia será melhor no resto do ano, pois mesmo com a variação negativa, esse resultado indica estabilidade e vem depois de três trimestres positivos seguidos de crescimento da economia.

Um indicativo neste sentido está no Índice de Atividade Econômica do Banco Central (IBC-Br) de julho, que também foi positivo para o setor de serviços. “O índice teve um crescimento de 0,6% em julho e gerou alívio após a queda recente do PIB no segundo trimestre, trazendo uma perspectiva de crescimento para o terceiro trimestre de 2021. Ainda há espaço para o setor de serviços continuar se recuperando, porém com o sinal de alerta ativado, pois pode ser afetado em casos de um novo descontrole da pandemia”, adverte Ítalo.

Fatores de cautela

Esta cautela, segundo o professor, se justifica com as dúvidas ainda existentes sobre os efeitos da variante Delta do coronavírus e seus possíveis impactos em uma população em que apenas 35% está totalmente imunizada, mesmo com a tendência de volta à normalidade em grande parte dos estados. 

“Outro aspecto importante a ser considerado nesse cenário, que traz expectativas desfavoráveis, é a crise hídrica que pode avançar para um nível de racionamento impactando todos os setores produtivos”, comentou Ítalo, citando ainda o aumento dos juros, a forte alta da inflação e o baixo desempenho do consumo das famílias, um dos componentes mais importantes do PIB, que acumulou cinco quedas consecutivas na avaliação a partir do 2º trimestre de 2020. 

“Conjugado ao elevado índice de desemprego, com quedas na remuneração e redução nos salários de novas admissões, e grande alta na inflação, em especial no setor de alimentos, isso afeta diretamente os gastos das famílias, sobretudo os de baixa renda, visto que um terço da mão de obra recebe até dois salários mínimos”, completa Ítalo, que prevê para 2022 uma perspectiva de crescimento da economia brasileira entre 1,5 e 2%, mesmo índice posterior à recessão econômica sofrida pelo país em 2016.

Asscom | Grupo Tiradentes

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