Considerada um conjunto de normas e regras que ditam o comportamento humano, a etiqueta social é uma criação de cada sociedade, construída de acordo com suas vivências e culturas. Seja em um jantar de gala ou num baile de favela, as normas comportamentais estão inseridas nas mais diversas realidades. Tais normas podem ser vistas como um sinal de boa educação e status, podendo reforçar a desigualdade ou o pertencimento a determinado grupo.
Registros históricos apontam que a etiqueta social surgiu na França do século XVII, quando o rei Luís XIV, conhecido como “o Rei-Sol”, resolveu distribuir bilhetes (étiquettes) para os nobres da corte, ensinando-os a agir entre seus pares, onde e como sentar, comer, etc. Porém, ele não foi o criador das regras de boas maneiras. Há documentos do século XIII, como o poema Tannhäuser, que continham um direcionamento do que deveria ser feito socialmente, com o propósito de padronizar o comportamento da nobreza.
A partir da Idade Moderna, aqueles que sabiam comportar-se de acordo com as normas sociais estabelecidas eram chamados de “civilizados”. No Antigo Regime, por exemplo, o plebeu era proibido de usar roupas que fizessem os outros pensar que ele fazia parte da nobreza. Neste momento, a etiqueta estava muito mais relacionada a aparência, comportamentos pré-estabelecidos e demonstração de poder.
Todas essas normas, ainda que adaptadas, podem ser observadas e estabelecem hierarquias numa sociedade. O padrão é historicamente construído e reúne as pessoas que o seguem, mas também distancia aqueles que decidem quebrá-lo. Algumas vezes, essas normas estão implícitas no dia a dia, como uma consciência coletiva e, para os indivíduos do mesmo grupo social, podem parecer descomplicadas.
Comportamentos sociais pelo mundo
É através da cultura que os padrões comportamentais determinam a identidade de um povo. Uma ação considerada ofensiva para uma sociedade é totalmente natural e aceitável para outra. Há países cuja etiqueta pode ser interessante e até mesmo curiosa.
Na Itália é inadequado pedir mais queijo, a não ser que seja oferecido, mas pode-se presentear com lírios, o que é proibido na França. Já na Arabia Saudita e nos Emirados Árabes, por exemplo, é comum que os homens se cumprimentem tocando os narizes. Na Rússia, sempre que a vodka acabar, a garrafa deve ser colocada no chão, porque se for colocada vazia de volta na mesa, os russos acreditam que pode trazer azar. Se você estiver no Egito, colocar sal na comida pode ofender o cozinheiro. Na Estônia, quando o pão cai no chão, ele deve ser beijado antes de ser jogado no lixo. E no Japão, as pessoas tiram completamente seus sapatos em casa e em muitos locais públicos.
Todas essas normas são diferentes do que é visto no Brasil e numa viagem, por exemplo, não saber de algumas delas pode fazer com que uma pessoa seja considerada mal educada. Segundo o site Dicas de Etiqueta, “apesar de diferente em cada lugar do mundo, o conjunto de regras de etiqueta social é considerado sempre uma expectativa social e um dever a ser cumprido, ensinado e preservado”.
Crítica
A atenção excessiva à etiqueta também provoca más impressões, fazendo que pessoas dedicadas a ela sejam tratadas por outras como “elitistas” ou “pedantes”. O compositor baiano Tom Zé, em seu disco Grande Liquidação, de 1968, traz uma crítica corrosiva sobre o assunto na música Curso Intensivo de Boas Maneiras. “Primeira lição: deixar de ser pobre, que é muito feio / Andar alinhado e não freqüentar assim qualquer meio”, ironiza a letra, que traz pontos que frequentemente são ensinados como necessários à convivência, como andar alinhado, falar baixo e sofisticado, entender de vinhos e ter um certo ar de “requinte intransigente”.
Asscom | Grupo Tiradentes
com informações do Portal do Estudante