Egressa do Programa de Pós-Graduação em Educação da Universidade Tiradentes (PPED-Unit), a doutora Maria Salete Peixoto Gonçalves, tem o projeto de extensão ‘A Decolonização do Olhar de Adolescentes em Cumprimento de Medida Socioeducativa no Centro Socioeducativo Mocinha Magalhães’ aprovado pela Universidade Federal do Acre (UFAC). O projeto está ligado à tese defendida e aprovada em janeiro deste ano na Unit.
“Este trabalho insere-se na temática da decolonialidade, opondo-se à racionalidade moderna pretensamente universal e única. Como referencial teórico-metodológico, utiliza-se a perspectiva decolonial, a qual defende o pensar de onde se é e se está, isto é, um pensar geoepistêmico no Sul global, o que significa (re) pensar as relações hegemônicas resultantes das lógicas colonialistas que ainda persistem no nosso plano social”, explica.
O projeto é aplicado com as adolescentes que cumprem medidas restritivas na unidade da capital acreana, a única daquele estado que recebe somente adolescentes do sexo feminino. Terá duração de seis meses, com colaboração de bolsistas e aberta em eventos presenciais e online de abrangência nacional e internacional.
“O mais importante como perspectiva já está ocorrendo na prática do Projeto de Extensão. Através dele, e nas brechas, fissuras e rachaduras que encontramos, insurgimos na prática, com as meninas adolescentes e a equipe do Centro Socioeducativo Mocinha Magalhães Acre, diante de um cenário nacional que as silenciam, invisibilizam, solapam e marginalizam”, afirma a doutora.
O projeto de extensão conta ainda com a contribuição do também egresso do PPED-Unit, o professor mestre Wendell Barreto. “A partir da defesa de sua dissertação, também, decolonial, intitulada ‘Sai do armário, Clio-Ensino: (r)existências LGBTQIA+ no Ensino de História’. Nossos projetos, tanto o meu de doutorado, quanto o dele de mestrado, se conectam em teoria e estratégias de ações que reverberam no campo do ser-saber. Portanto, afirmo que todos esses resultados extensionistas vêm a público mediante a parceria de egressos da Unit”, conclui.
“As perspectivas são as melhores possíveis, nosso projeto já alcança repercussão no norte e nordeste. Conta com a participação de pesquisadores do Acre, Rondônia, Alagoas, Sergipe e Paraíba”, acrescenta.
Trajetória acadêmica
Mestre e doutora pela Universidade Tiradentes, Maria Salete acredita que a formação acadêmica a fortaleceu não somente como profissional, mas como pessoa. “Em um determinado momento em minha vida, no qual desempenhava o papel de psicóloga em órgão público ligado à saúde mental e em paralelo lecionava em cursos técnicos e de pós-graduação lato sensu, observei que tinha chegado a um entre-lugar que já não me satisfazia tão somente. Foi assim, que analisei as possibilidades e encontrei na docência um caminho de potencialização cultural e ascensão no que tange a escalada através da pós-graduação Stricto sensu (Mestrado e Doutorado)”, relembra.
“Logo após o término do mestrado, me senti tão potente e centrada que logo parti para um concurso no ano de 2013. Neste concurso, me tornei Professora efetiva do quadro permanente da Universidade Federal do Acre. Retornei ao Unit no ano de 2017, de onde saí com o título de doutora em Educação em janeiro de 2022. Foram sete anos de estudo dentro desta, que carinhosamente chamo de minha casa de estudos, de onde me senti e sai potente por meio de um processo que me construí um ser decolonial. Para mim a Unit é totalmente relevante nesse processo de construção de si”, ressalta a doutora.
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