A Universidade Tiradentes (Unit), cumpre o importante papel social de guardiã de documentos, acervos de ilustres Sergipanos. Como é o caso da exposição permanente “Tempo de Contar – Centenário de Joel Silveira” que apresenta a trajetória do jornalista e escritor sergipano, Joel Silveira (1918-2007). Por meio do seu acervo pessoal composto por documentos textuais, iconográficos e bibliográficos revela-se o mundo do jornalismo brasileiro e as conexões jornalísticas vivenciadas na época.
A exposição conta com uma parte introdutória, em que através de uma linha do tempo, é possível acompanhar fatos marcantes da vida do jornalista. “O acervo documental doado pela família do jornalista conta com mais 3.200 exemplares de expressivo potencial para pesquisa e produção de conhecimento, nas áreas de Comunicação Social, Jornalismo e História. E mais de duas mil peças que contam a sua história pessoal, como a máquina de escrever que ele usava, fotografias e alguns objetos pessoais do seu escritório”, explica a gestora Biblioteca Central do campus Unit Farolândia, Gislene Maria da Silva Dias.
O acervo possui cerca de 6 mil exemplares, dentre eles, suas publicações de autoria consideradas raras, obras especiais em parceria com grandes nomes da literatura brasileira, como Manoel Bandeira e Rubem Braga; e uma coleção preciosa em parceria com Carlos Drummond de Andrade que até então só tinha na Biblioteca Nacional.
“São obras consideradas raras e especiais, nas diversas áreas do conhecimento: história, literatura, artes e principalmente Jornalismo. Uma fonte de pesquisa do maior Jornalista literário considerado ‘testemunha da história’”, afirma.
Joel Silveira
Nascido em Lagarto no ano de 1918, Joel Silveira foi para o Rio de Janeiro em 1937, onde se destacou como jornalista e escritor. Tem hoje cerca de 40 livros publicados. Foi agraciado com o Prêmio Machado de Assis, o mais importante da Academia Brasileira de Letras, em 1998, pelo conjunto de sua obra. Foi também ganhador dos prêmios Líbero Badarô, Esso Especial, Jabuti e Golfinho de Ouro.
Precursor do jornalismo literário, Joel Silveira marcou a imprensa com uma série de obras de caráter memorialístico. Conviveu com artistas, jornalistas e intelectuais brasileiros como Manuel Bandeira, Carlos Drummond de Andrade, Paulo Mendes Campos, Dorival Caymmi, Di Cavalcanti, Geneton Moraes, Zevi Ghivelder e Rubem Braga. Famoso pela sua mordacidade destacou-se em seu ofício literário e jornalístico com suas histórias e memórias.
Seus mais de 60 anos de carreira contabilizaram passagens por diversas redações do país e ocupou inúmeros cargos. Seu primeiro emprego foi no semanário Dom Casmurro, depois foi repórter e secretário da revista Diretrizes, escreveu também para os Diários Associados, Última Hora, O Estado de S. Paulo, Diário de Notícias, Correio da Manhã e Manchete. À época, foi escolhido por Assis Chateaubriand, dos Diários Associados, para ser correspondente de guerra junto à Força Expedicionária Brasileira.
A sua passagem pelo palco da Segundo Guerra está relatada em vários livros, o primeiro, “Histórias de Pracinha”, lançado em 1945 e o último, “O Inverno da Guerra”, lançado em 2005. Ele era detentor de uma pensão como ex-combatente que foi cancelada pouco antes de sua morte, em 2007, a pedido da Advocacia Geral da União, que alegou que ele não provou sua condição de ex-combatente: teria faltado um diploma emitido pelo Exército.
Posteriormente, já no final da vida, ele também assumiu, por um curto período de tempo, a Secretaria de Estado da Cultura de Sergipe durante a administração de Antônio Carlos Valadares.
Em 2010, o ex-governador Marcelo Déda homenageou a vida e obra do jornalista inaugurando a ponte Jornalista Joel Silveira que liga a capital sergipana ao litoral Sul, diminuindo a distância entre Aracaju e Salvador em cerca de 70 quilômetros.
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