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Vacinas contra a dengue já mostram eficácia na proteção contra a doença

Dois imunizantes já foram autorizados pela Anvisa, estão disponíveis nas farmácias e podem ser incluídas no SUS; combate à doença também passa pelo controle do mosquito transmissor

às 18h41
Mesmo com diferenças, os dois imunizantes têm baixo risco de efeitos e protegem contra os quatro sorotipos do vírus causador da dengue (Walterson Rosa/MS via Agência Brasil)
Mesmo com diferenças, os dois imunizantes têm baixo risco de efeitos e protegem contra os quatro sorotipos do vírus causador da dengue (Walterson Rosa/MS via Agência Brasil)
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A dengue, uma das doenças endêmicas cujos casos ganham uma incidência maior durante o verão, já pode ser prevenida através de duas vacinas aprovadas recentemente pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa): a Dengvaxia, da francesa Sanofi; e a QDenga, da japonesa Takeda. Por enquanto, ambas estão disponíveis apenas na rede particular, através das principais redes de farmácias. O Ministério da Saúde e a Takeda estão em negociações mais avançadas para que a Qdenga seja incorporada ao Programa Nacional de Imunizações (PNI), operacionalizado pelo SUS (Sistema Único de Saúde). A previsão é que isso possa acontecer no primeiro semestre de 2024. 

Ambas as vacinas foram desenvolvidas para proteger contra os quatro tipos do vírus aedes aegypti, que é o agente causador da dengue, da chikungunya e do zika virus. De acordo com a médica imunologista Fabrizia Tavares, professora do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit), elas representam a diminuição drástica nos casos graves e óbitos provocados pela doença,  principalmente em grupos populacionais de maior risco para desfechos negativos.

“São boas vacinas, de baixo risco de efeitos indesejados. O que diferencia uma da outra é que, para a pessoa tomar a Dengvaxia, ela tem que ter tido Dengue antes, havendo a necessidade de se fazer a sorologia para a dengue antes de receber a dose. A QDenga já não exige essa necessidade, ou seja, pode tomar todas as pessoas acima de quatro anos e até os 60 anos, que já tiveram ou não a dengue”, explica Fabrizia. 

Ainda de acordo com a imunologista, ambas as vacinas são compostas por vírus vivos atenuados e não estão indicadas em pessoas com qualquer condição de imunossupressão,  além das gestantes, que não foram incluídas nos estudos. Mesmo assim, ambas são altamente recomendadas. “Essas vacinas induzem a produção de anticorpos contra os quatro sorotipos. Nenhuma vacina é 100% eficaz. Mas a eficácia sendo maior que 80%, que é o caso da QDenga, para os quatro sorotipos, indica uma redução de risco de agravamento e óbito pela doença. E isso é excelente”, assegura a professora. 

As pesquisas ainda seguem em andamento, para identificar se a imunidade das vacinas vale para todo o resto da vida, ou se serão necessárias doses periódicas de reforço. Fabrizia destaca que estas respostas virão com estudos mais aprofundados e com o acompanhamento do efeito das vacinas em vida real. 

Outra possibilidade que ainda está em estudos é a vacina contra a chikungunya, que está sendo desenvolvida pelo Instituto Butantan, de São Paulo, em parceria com a empresa franco-austríaca Valneva. No dia 9 de novembro, ela foi aprovada pela Food and Drug Administration (FDA), agência dos Estados Unidos que equivale à Anvisa, com base nos dados do ensaio clínico de fase 3 que foram publicados em junho pela revista científica The Lancet

A pesquisa mostrou que a vacina induziu anticorpos em 98,9% dos participantes. “Está aí uma boa notícia de grande avanço. Sabemos que, se chegar aqui pelo Brasil, o que ainda não tem previsão, vai ser avaliado para liberação pela Anvisa, e provavelmente também para a rede particular. Mas a gente tem visto alguns casos graves e óbitos por chikungunya, que é outra arbovirose que a gente precisa também identificar”, diz a professora da Unit.

Cuidados básicos

Um relatório divulgado no dia 21 de julho pela Organização Mundial da Saúde (OMS) mostrou que o primeiro semestre deste ano teve quase 3 milhões de casos suspeitos e 1,3 milhão confirmados nas três Américas. E que o Brasil foi o país mais afetado por estes surtos, com mais de 1 milhão de notificações confirmadas, 1,2 mil classificadas como dengue grave e 769 óbitos. Tais números representam um aumento de 13% em comparação com o mesmo período do ano passado e de 73% em relação à média dos últimos cinco anos.

Os dados mostram porquê a proliferação do mosquito aedes aegypti continua sendo um ponto de preocupação das autoridades de saúde. A professora Fabrizia Tavares reforça que a população precisa manter constantemente os cuidados domésticos para evitar o surgimento de criadouros do mosquito, que costuma colocar seus ovos em locais ou recipientes com água parada. 

“Os principais e maiores criadouros do mosquito continuam sendo os lares, ou seja, intradomicílio! Mas nosso papel é de fiscalizar e de fazer nossa parte. O combate contra o criadouro do mosquito continua”, alerta ela, concluindo que  a dengue só será uma doença endêmica controlada quando houver a soma do controle do mosquito transmissor com a aplicação das vacinas e a educação em saúde e ambiental da população.

com informações de SBIM, ONU News e O Globo

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