“Se não houver cura, que ao menos haja conforto”. Assim dizia um dos primeiros lemas da campanha Fevereiro Roxo, realizada desde 2014 e adotada por instituições públicas de saúde e entidades médicas de geriatria e medicina paliativa. Ela busca conscientizar e chamar a atenção para doenças crônicas como o lúpus, a fibromialgia e o mal de Alzheimer, que já afetam uma parte significativa da população brasileira, e têm uma tendência de crescimento em todo o mundo nos próximos anos, a partir de um envelhecimento maior da população.
É o que se vê em dados como os do estudo “A prevalência da fibromialgia no Brasil”, publicado em 2018 pela revista científica Brazilian Journal of Pain (BrJP), da Sociedade Brasileira para o Estudo da Dor (SBED), que estima a existência de cerca de 2,5 milhões de pacientes com fibromialgia no país. Ou os da Sociedade Brasileira de Reumatologia (SBR), que estima que mais de 65 mil pessoas, principalmente mulheres com idade entre 20 e 45 anos, tenham lúpus. Ou mesmo os do Ministério da Saúde, que registra em torno de 1,2 milhão de pessoas com Alzheimer e outros 100 mil novos casos diagnosticados por ano.
Para o geriatra e paliativista Jerocílio de Oliveira Júnior, professor do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit), o Fevereiro Roxo é crucial para aumentar a conscientização sobre estas doenças crônicas, promovendo a educação sobre seus sintomas, tratamentos e a importância do diagnóstico precoce. “Esta campanha incentiva o apoio às pessoas afetadas e destaca a necessidade de pesquisa para melhores tratamentos e possíveis curas”, resume.
Segundo ele, “as doenças crônicas são condições de longa duração e geralmente de progressão lenta, sendo assim classificadas porque afetam a pessoa por um tempo prolongado, muitas vezes durante toda a vida, e podem exigir manejo contínuo, não sendo curáveis de imediato”. Há muitas outras doenças crônicas identificadas, como diabetes, hipertensão arterial, doenças cardíacas e outras, mas o Alzheimer, a fibromialgia e o lúpus estão entre as doenças crônicas mais conhecidas e discutidas.
Cada uma destas doenças afeta as pessoas de maneiras diferentes, impactando significativamente a qualidade de vida. “Não existe um “sintoma-padrão” para doenças crônicas, pois cada uma se manifesta de forma diferente. Por exemplo, o Alzheimer afeta principalmente a memória e outras funções cognitivas; a Fibromialgia provoca dor musculoesquelética generalizada; e o Lúpus pode afetar a pele, articulações, rins e outros órgãos”, explica Jerocílio, acrescentando que as causas das doenças crônicas podem variar amplamente. “Fatores genéticos, estilo de vida, ambientais e outros podem contribuir para o desenvolvimento dessas condições. Em muitos casos, uma combinação de fatores está envolvida, completa.
A ciência ainda se aprofunda em pesquisas que tentam explicar a origem destas doenças crônicas e buscam possibilidades de cura e de tratamentos mais eficazes, principalmente para o Alzheimer. Enquanto isso não ocorre, o foco da Medicina está em melhorar a qualidade de vida dos pacientes e controlar os sintomas. “Existem tratamentos específicos para doenças crônicas, incluindo medicamentos, terapias físicas, mudanças no estilo de vida e suporte psicológico. O objetivo é controlar os sintomas, prevenir complicações e manter a qualidade de vida”, diz o professor.
O acompanhamento dos pacientes com estas doenças crônicas também exige dedicação, apoio e empatia de quem cuida deles, principalmente dos familiares. “É importante oferecer compreensão, ajudar nas atividades diárias quando necessário e incentivar o acompanhamento médico. Ouvir e validar os sentimentos da pessoa também são aspectos cruciais”, conclui Jerocílio.
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