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Previsão aponta queda de 12% na mortalidade prematura por câncer até 2030

Avanços no diagnóstico, tratamento e prevenção impulsionam a expectativa positiva

às 19h12
Jerocílio Júnior- Médico geriatra e paliativista, professor do curso de medicina da Universidade Tiradentes
Jerocílio Júnior- Médico geriatra e paliativista, professor do curso de medicina da Universidade Tiradentes
Foto: Freepik
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O câncer é uma das principais preocupações em saúde pública no Brasil, afetando milhares de pessoas anualmente. No entanto, dados animadores revelam uma expectativa de queda na mortalidade prematura por câncer no país até 2030. Essas projeções, baseadas em estudos populacionais e análises de tendências, trazem esperança para a redução do impacto dessa doença na sociedade brasileira.

De acordo com projeções do Instituto Nacional de Câncer (INCA), a taxa de mortalidade padronizada por idade deve diminuir em 12% para homens e 4,6% para mulheres até 2030, comparado ao período de 2011 a 2015. Essas previsões foram elaboradas com base em estudos populacionais e análises de tendências de mortalidade por câncer no Brasil, utilizando o software Nordpred, desenvolvido pelo Registro de Câncer da Noruega.

O médico geriatra e paliativista, professor do curso de Medicina da Universidade Tiradentes (Unit), Jerocílio Júnior, destaca os fatores-chave que impulsionam a expectativa otimista de queda na mortalidade prematura por câncer no Brasil até 2030. “Entre os fatores, destacam-se o avanço e a acessibilidade a tecnologias de diagnóstico precoce, que permitem identificar a doença em estágios iniciais; implementação de políticas públicas focadas na prevenção de câncer, como campanhas de conscientização sobre hábitos saudáveis e programas de vacinação e o aprimoramento dos tratamentos oncológicos, incluindo terapias mais precisas e menos invasivas”, elenca o médico.

Inovações e avanços

Técnicas de imagem avançadas, como ressonância magnética (RM), tomografia computadorizada (TC) e PET-CT, oferecem imagens detalhadas dos tecidos, permitindo a identificação precisa de tumores em estágios iniciais. “Os avanços na genômica e na biologia molecular têm possibilitado a identificação de marcadores biológicos específicos do câncer, o que facilita a personalização do tratamento. Terapias alvo-dirigidas e a imunoterapia representam uma revolução no tratamento oncológico, oferecendo opções mais eficazes e com menos efeitos colaterais para os pacientes”, explica.

A conscientização da população sobre a importância dos exames preventivos e de hábitos de vida saudáveis é outro fator crucial na redução da mortalidade prematura por câncer. “Campanhas educativas e programas de saúde pública têm aumentado a adesão da população a práticas preventivas, como a realização de mamografias e exames de Papanicolau, que podem detectar precocemente cânceres de mama e colo de útero, respectivamente. Além disso, a promoção de uma alimentação equilibrada, prática regular de atividades físicas e redução do consumo de álcool e tabaco contribuem para diminuir a incidência de vários tipos de câncer”, orienta Jerocílio.

Os programas de rastreamento, como os de colo de útero, mama e colorretal, também são ferramentas essenciais para a detecção precoce do câncer em indivíduos assintomáticos, aumentando as chances de tratamento bem-sucedido e sobrevida. “No Brasil, existem programas de rastreamento para cânceres de colo de útero, mama e, em algumas regiões, de colorretal. Esses programas oferecem exames periódicos gratuitos à população-alvo, como a mamografia para mulheres em determinada faixa etária. A eficácia desses programas tem sido evidenciada pela redução nas taxas de mortalidade dos cânceres rastreados, graças à detecção precoce e ao início mais rápido do tratamento”, ressalta.

Redução específica

A previsão de queda na mortalidade prematura por câncer enfatiza tipos como o de pulmão, devido às políticas contra o tabagismo, e o de colo de útero, beneficiados pelos programas de vacinação contra o HPV e rastreamento regular. “Esses esforços têm resultado em quedas significativas nas taxas de mortalidade desses cânceres. Além disso, espera-se que as melhorias nos programas de rastreamento e nas terapias tenham um impacto positivo na redução da mortalidade de outros cânceres comuns, como os de mama e colorretal”, projeta Jerocílio.

Na prática médica, observa-se uma evolução significativa nas abordagens de tratamento e acompanhamento de pacientes com câncer. “A integração de equipes multidisciplinares no cuidado do paciente, incluindo suporte psicológico e nutricional, contribui para uma abordagem mais holística e efetiva do tratamento. Essas mudanças têm melhorado as taxas de sobrevida e qualidade de vida dos pacientes, alinhando-se com as previsões de queda na mortalidade prematura por câncer”, pontua.

Os pacientes desempenham um papel ativo na prevenção e detecção precoce do câncer. Adotar um estilo de vida saudável, realizar check-ups regulares e aderir aos programas de rastreamento são práticas cruciais. “A adesão aos programas de rastreamento recomendados para a faixa etária e sexo, como mamografias (a partir dos 40 anos) e exames de Papanicolau (a partir dos 23 anos ou se vida sexual ativa em região de alto índice como o norte do país) para mulheres, e exames de próstata para homens acima de 40 anos, assim com exames para prevenção de câncer colorretal para ambos os sexos a partir dos 45 anos. Estar atento a qualquer mudança no corpo e consultar um médico diante de qualquer sintoma suspeito também são práticas importantes para a detecção precoce do câncer”, recomenda o médico.

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